Opinião

Finalmente conheci e convivi com Família Palmeiras: relato do forasteiro que se sentiu em casa

Veja detalhes exclusivos da festa do Verdão após conquista do tricampeonato paulista

(Foto: JG Falcade/Nosso Palestra)
(Foto: JG Falcade/Nosso Palestra)

O Palmeiras é a minha vida e vocês sabem disso, todos vocês. São 29 anos de vida e pelo menos 10 de profissão voltados a essa causa – por minha escolha, porque sempre foi o sonho. E como qualquer sonho, há o limite racional para acreditar e para entender que certas coisas nunca podem acontecer.

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VEJA NO NOSSO PALESTRA
Palmeiras levanta o troféu do Paulistão 2024 no Allianz Parque

Dia 7 de abril, acordei para trabalhar em uma final de Paulistão e isso já é muito grande para o que um dia foi minha pretensão de vida. Tudo caminhou bem, hoje somos muitos, o projeto vai muito bem, temos quase tudo o que precisamos, então já era o suficiente para ser grato.

Chato como de costume, conduzi, ao lado dos meus, um dia intenso, xarope e exigente, porque foi assim que chegamos até aqui. Enquanto o Claus apitava o final de jogo, estávamos com computadores ligados no colo e pensando em qual seria a melhor manchete para reportar o título. A mão que torce é a mesma que digita.

Os copos do Parque Mirante, principal camarote do Allianz Parque, minha casa dentro de casa, tilintavam e a festa andava, mas tínhamos uma live pra fazer, muitas matérias para entregar, e pouco tempo para desperdiçar. Quando me dei conta, o relógio marcava passados minutos das 22h e pouca luz sobrava por lá.

Silêncio, céu enfim vazio, depois de tantos helicópteros, drones e fogos, estava exatamente como um cenário (de) final. E só haviam em nós motivos de alegria, afinal o trabalho estava entregue, o Palmeiras tinha vencido mais uma vez, o descanso estava logo ali, e no caminho para casa, a história teve um imenso desvio.

Não vou conduzir vocês aos detalhes porque eles importam pouco, mas algum tempo depois, eu estava com um copo na mão, aquele mesmo que tilintava mais cedo, no meio do elenco tricampeão do Paulistão. Eles, seus familiares, amigos, diretores, funcionários, assessores – a literal e real Família Palmeiras.

Foram muitos minutos para considerar aquele cenário como aceitável, porque eu não pertenço ao grupo, mas fui acolhido por ele. Aos poucos, uma conversa aqui, um parabéns acolá, e até uma foto inevitavelmente solicitada, aconteceram, aproximando mundos, e me provando que não era justo o sentimento de forasteiro que rondava meus pensamentos.

Festa do Palmeiras contou com show de música eletrônica (Foto: JG Falcade/Nosso Palestra)

A noite teve o técnico mais teimoso e competente do mundo se divertindo de mãos dadas na pista de dança ao som de ABBA em um remix de Vintage Culture, teve o preparador de goleiros, aquele que mede 2 metros de altura, emocionado com cada abraço que recebia, e teve também o “comedor de vidros” fazendo seu pequeno Vasco dormir enquanto sorria abobalhado.

Aqueles a quem atormento todos os dias, se divertindo com uma foto que fiz ao lado deles. O artilheiro do campeonato conversa com todos, com o sorriso que não cabe em seu rosto magro e o cavanhaque da sorte. O que chamam de canibal é um jovem tímido, muito tímido mesmo, e agradecido, que mal consegue olhar nos olhos, mas cujo sorriso discreto explica tudo.

O dono do sobrenome “do bicampeão paulista”, agora é “do tricampeão paulista”, e o destaque do interior teve a pachorra de perguntar ao forasteiro se poderia “sentar nessa mesa?”, com a humildade que ninguém consegue ensaiar. Ainda se achando, estava tão feliz e deslumbrado quando nós, os esquecidos na festa.

Sabe o goleiro? Precisava ouvir um pedido de desculpas, afinal pesei a mão quando ele errou, mas passei do ponto, e sabia disso. O único jeito era confessar o erro para quem tinha sido o alvo, e é claro que ele sorriu, agradeceu, e disse que toda crítica é um incentivo para melhorar. O que você diz pra alguém assim? A opção foi “obrigado”.

Quando o fascínio se abrigou na alegria, o relógio já marcava algo próximo à metade da madrugada, o jovem lateral canhoto era a minha companhia pra cantoria e pro abraço empolgado no meio da pista de dança. Nessa hora, o patrão estava abraçando o DJ, que deu a ele os fones de ouvido, numa cena divertidíssima.

Esse texto não tem a intenção de mostrar quem são eles, ou o que fizeram numa festa, mas de explicar que o discurso é real e que eles compõem uma família absoluta, palpável, nítida, sincera, completamente verdadeira. Estava tudo na minha cara, ao vivo, com som, com retratos diversos, e uma unidade só. Eles vencem porque existem além das quatro linhas. Acreditem, eu vi e vivi.

Hoje, além de tudo, também acredito que o limite racional pra sonhar, às vezes, nem existe. O meu sonho está realizado.

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