Opinião

Paladino: Por omissão da diretoria, Palmeiras vive temporada 'no limite'

Pode ser que a bola entre e os gestores vençam sua arriscadíssima aposta (que, inclusive, ajudou a fritar o próprio treinador). Mas pode ser que ela não entre e, assim, um ano que poderia ter sido salvo por uma ou duas peças pontuais seja desperdiçado por pura omissão

Breno Lopes, um simples reforço, foi o herói da Libertadores e da vitória contra o Bahia (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)
Breno Lopes, um simples reforço, foi o herói da Libertadores e da vitória contra o Bahia (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

Confira a coluna de Guilherme Paladino para o Nosso Palestra: Por omissão da diretoria, Palmeiras vive temporada ‘no limite’

Neste domingo (27), pela segunda vez seguida, o Palmeiras precisou de um gol após os 45 minutos do segundo tempo para vencer um adversário tecnicamente inferior no Allianz Parque. Entre as duas vitórias ‘na bacia das almas’ diante de América-MG (2 a 1) e Bahia (3 a 2), o time havia sido derrotado fora de casa por 3 a 1 pelo Red Bull Bragantino, em um jogo que o Alviverde ficou atrás no placar desde os 10 minutos do primeiro tempo até o apito final.

Não por acaso, nas três rodadas acima mencionadas, o Palmeiras sofreu seis gols, algo incomum para um time que era conhecido pela solidez defensiva. Ocorre que, dos cinco nomes ideais do sistema defensivo palmeirense, três são desfalques há semanas por causa de convocações para as suas seleções nacionais: Weverton, Gustavo Gómez e Matías Viña. Além destas baixas, problemas musculares também provocaram ausências importantes para Abel Ferreira ao longo da última semana: foram os casos de Luan, Jailson e Danilo, que não puderam atuar em Bragança, e Rony, que foi cortado do duelo diante do América.

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Devido a este contexto, o time ainda encontra imensa dificuldade para se impor, seja contra o Juventude em Caxias do Sul, contra o Red Bull em Bragança, ou contra o Corinthians, América-MG e Bahia no Allianz Parque. Mas as redes ainda estão sendo balançadas ‘no limite’ do cronômetro e o clube ainda segue vivo, aos trancos e barrancos, na disputa pela liderança do Brasileirão. Só que a equipe não precisaria de tanta turbulência se não fosse a omissão da diretoria na temporada 2021.

Em seu último ano na presidência do Palmeiras, Maurício Galiotte optou por não investir um centavo em reforços para Abel Ferreira, o treinador que conquistou a Copa do Brasil e a Libertadores, as competições que dão as maiores premiações em dinheiro para os times brasileiros. O presidente, através do discurso de “saúde financeira”, criou uma narrativa que colou na imprensa e na torcida, como se fosse impossível fazer qualquer tipo de adição ou substituição no elenco sem comprometer as finanças do clube com uma das contas mais equilibradas do país.

Galiotte segura a Copa do Brasil com Abel Ferreira (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

Parece que, a fim de não correr qualquer tipo de risco no fim do atual mandato, a diretoria acreditou piamente que, com o elenco vencedor da tríplice coroa na temporada de 2020, seria possível competir à altura na temporada de 2021 sem contratações. Apenas esqueceram de considerar que seria impossível manter o rendimento com a equipe vivendo uma sequência insana de jogos desde agosto, sem intervalo entre uma temporada e a outra. Algo que, inevitavelmente, além da oscilação em campo, provocaria inúmeros desfalques por lesões musculares, exatamente o que ocorreu constantemente nos últimos meses, e segue ocorrendo.

Aparentemente, também ‘esqueceram’ que a Copa América e as Eliminatórias da Fifa esfacelariam o sistema defensivo do clube por mais de um mês, com rodadas cruciais da Copa do Brasil, Brasileirão e Libertadores agendadas para este período. Isso sem contar as Olimpíadas, que, na convocação, poderiam ter sido mais cruéis do que foram com o clube que ostenta um das categorias de base mais promissoras do país; apenas Gabriel Menino ter sido chamado foi um alento.

O resultado de tal planejamento fenomenal é um clube que precisa improvisar atletas em posições diferentes em todas as partidas possíveis, além de, ultimamente, flertar demais com o azar. Há jogos em que a bola entra aos 49 minutos da etapa final, mas há jogos em que o time chuta 30 vezes, nenhuma bola entra no gol, e ele acaba eliminado em casa, do torneio que ele mesmo conquistou há menos de quatro meses, por um oponente que está na segunda divisão nacional.

Os desfalques de Gómez e Viña para a Copa América eram previsíveis há mais de um ano (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

E para quem subestima o poder de uma contratação ‘inocente’, vale lembrar que o título da Libertadores veio com um gol de cabeça de Breno Lopes, trazido por R$ 7,5 milhões de um clube da Série B. O mesmo Breno Lopes que marcou o gol aos 47 minutos do segundo tempo contra o Bahia, garantindo a vitória e, assim, mantendo o Palmeiras firme na briga pela liderança. Qual seria o destino do clube se a diretoria não tivesse buscado esse reforço pontual em meados de 2020?

E será que, no início da temporada de 2021, era mesmo impossível ter se planejado para buscar outros ‘Brenos Lopes’, como, por exemplo, para a lateral esquerda? Alguém que não comprometesse tanto na defesa e que oferecesse um leque maior de opções para construir jogadas? Talvez, se isso tivesse sido feito, o clube não teria prejuízo esportivo e financeiro na Copa do Brasil, só dizendo.

E é sempre bom pontuar que o Palmeiras ainda tem um futuro a construir no ano, mas está gravemente desfalcado em rodadas fundamentais do Brasileirão. Pode ser que a bola entre no momento certo e a diretoria vença sua arriscadíssima aposta (aposta essa que, inclusive, ajudou a fritar parcialmente o próprio treinador entre alguns torcedores e uma considerável parte da crônica esportiva). Mas também pode ser que a bola não entre e, assim, um ano que poderia ter sido salvo por uma ou duas peças pontuais, seja desperdiçado por pura omissão.

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