Opinião

Marina Barrios: Quando se descobre que a nossa natureza é o caos

Mar calmo não faz bons marinheiros. Seja a fase que for, nunca vi algo vingar por aqui sem se arriscar em mergulhos profundos.

Abel Ferreira precisa escolher os melhores (Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras)
Abel Ferreira precisa escolher os melhores (Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras)

Mar calmo não faz bons marinheiros.

Se os ventos seguirem nessa toada, vamos olhar com carinho para essa frase dita por Abel Ferreira.

O trecho de sua coletiva após uma vitória em casa remete ao mais palmeirense dos sentimentos. Seja a fase que for, nunca vi algo vingar por aqui sem se arriscar em mergulhos profundos.

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Abel entendeu isso. Depois de esbravejar e quase ficar à beira-mar ao tripular o gigante verde.

Foi preciso estourar na rebentação para erguer a cabeça, olhar o oceano ao seu redor – talvez o mesmo que atravessou para chegar até ao Palestra, e enxergar que a nossa natureza é o caos.

Vir de Portugal para conhecer o velho jardim suspenso é uma rota à parte, mas isso já deve ter ficado nítido. Principalmente quando traz para casa a taça tida como obsessão, que é narrada em músicas e, logo depois, exigem descobertas maiores, desconsiderando qualquer contexto.

Navegar pelo mar verde requer mais do que mapas consagrados e boas intenções. É preciso encantar através do sonho da terra firme, do jardim repleto de palmeiras, além de desviar dos inúmeros contratempos que surgem durante a travessia – ora dentro de seu próprio barco, ora arremessados para dentro dele.

O caminho por aqui é dificultoso, e ainda assim, compensador. Digo isso pelo pouco que vivi, mas pelas muitas histórias que escutei desde que entendi o meu lugar nesse mar.

E também porque sei que poucos enfrentam a ressaca e se alinham para virar maré viva como nós.

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