Opinião

Mauro Beting: Felipão, a mala que veio para o nosso bem

Felipão comemora título da Libertadores de 1999 (Foto: Acervo Histórico/Palmeiras)
Felipão comemora título da Libertadores de 1999 (Foto: Acervo Histórico/Palmeiras)

Você saiu correndo em direção aos gandulas quando o Zapata chutou fora o pênalti da Libertadores de 1999. Você não foi abraçar o Marcos canonizado por aquela conquista. Ou o Alex craque de campo em 1999 com quem tanto você teimava – e tanto você o ajudou a virar o jogo depois das vaias contra o Vasco. Você não foi atrás do Júnior que foi o melhor em campo na final. Você foi fazer festa com quem ninguém dá bola – mesmo dando todas as bolas do jogo. E até as escondendo ou jogando no campo quando você pedia…

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Não pode, Felipão. Não pode perder a cabeça com os rivais e imprensa e torcida e até com os seus. Mas não conheci ninguém que podia treinar tão bem o time, o elenco. E também a cartolagem, a torcida, a mídia. E os próprios gandulas.

Não por acaso nenhum brasileiro ganhou tantas Libertas. Chegou em tantas finais. Na América não teve nenhum treinador tão semifinalista. No Brasil e em Portugal ninguém chegou tão longe numa Copa. Quem foi mais Grêmio e Palmeiras como você?

Quem peitou a lógica e bancou o grupo sem um gênio como Romário dando campo a outro Fenômeno penta?

O turrão de coração mole no fundo. O gestor duro como paizão de família.

Aquele tio que rouba o brigadeiro da mesa do bolo antes do parabéns para dar pros sobrinhos. E também pra quem tem fome.

Você fez algumas coisas que não podiam. Mas poucos puderam mais do que você.

Você treinava o time que não teve ninguém para jogar bolas no gramado ou dar um bico nela ou acabar com o jogo que quase acabou com a gente e com vocês, em 2014.

Não pouca gente vai mais lembrar aquilo que tanta coisa que você fez. É do jogo. É da gente. Até de quem não é muito gente como você é.

Mas, daqui do meu canto, onde tem um quadro que diz que “nesta casa não se fala mal de São Marcos e Felipão” (e agora coloquei um post-it com o nome do Abel), aqui continua a torcida por quem até com um time misto foi campeão brasileiro em 2018.

Por quem não precisa ser tudo que foi. Precisa ser apenas aquele tio bronco que você pode ter raiva do lado de lá.

Mas, do nosso, ninguém nos defende como ele.

Felipão, agora você não vai mais ficar jogando bola no campo quando não pode. Mas ninguém mais vai ficar julgando você como não pode.

Obrigado, campeão. Você é um mala. Mas é nela que a gente guarda o que tem de mais precioso e com ela vamos pra todos os lugares.

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