Vamos a alguns fatos.
1 – O Palmeiras teve a faca e o queijo na mão para ser campeão brasileiro mais uma vez e foi atropelado em casa por um adversário que supostamente estava abalado mentalmente e com atenção dividida pela final da Libertadores. Ainda que conquiste milagrosamente mais um título, o ponto de ruptura ficou evidente.
2 – Abel Ferreira é o treinador mais bem pago do continente e seu trabalho em 2024 é ruim. O time não ganhou uma vez sequer de oponentes do G5 do Brasileirão e não venceu uma mísera partida de mata-mata contra equipes de Série A. A gratidão é eterna, mas não vamos confundi-la com conformismo e falta de ambição. Em alguns lugares, basta ganhar uma ou outra vez. No Palmeiras, é preciso querer ganhar sempre mais e mais.
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3 – O time é dependente de Estêvão, assim como no ano passado dependia de Endrick. São craques, mas são menores de idade e vão embora cedo. Inclusive, a data de saída do brilhante camisa 41 já é conhecida e o discurso público da presidência é que o clube não deseja grandes contratações. Não é sempre que adolescentes vão aparecer para salvar. Dinheiro não é o problema, mas é preciso saber gastar.
4 – Leila Pereira não é palmeirense. É uma empresária muito bem-sucedida que chegou ao poder com alguns asteriscos e falha em colocar o bem estar do clube em primeiro lugar justamente por não ter o sentimento dentro de si. A frieza na gestão é uma faca de dois gumes. Para ela, é muito cômodo renovar e manter todos os seus escudos até o fim. Ademais, ela divulga há anos mundialmente suas empresas e marcas pelo valor que bem entender, afinal ela tem a caneta na mão dos dois lados da mesa de negociação. O objetivo principal da temporada foi alcançado: a reeleição.
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Leila Pereira comemora reeleição no Palmeiras
5 – A torcida passa por um fenômeno inusitado e perigoso. É notável uma divisão entre os que só criticam e xingam ao menor sinal de falha e os que defendem incondicionalmente toda e qualquer atitude da diretoria, do treinador e de seus jogadores. Para muito além das redes sociais, a polarização ficou nítida em todos os setores do Allianz Parque na derrota para o Botafogo. O único prejudicado nisso tudo é o Palmeiras.
E aqui vale estender a reflexão. Essa divisão da torcida foi criada e incentivada pela presidente e pelo treinador, que se blindam de todas as críticas, tratando qualquer manifestação contrária como minoria barulhenta e exaltando a figura fictícia do suposto “palmeirense de verdade”. Os efeitos disso respigam até no campo, com os recorrentes casos de ofensas de jogadores à arquibancada. Vale lembrar que todos, com suas virtudes, defeitos e conquistas, são figuras passageiras na longa história do clube. Passarão e seguirão suas trajetórias individuais. Os torcedores – “de verdade” ou não – são os que ficam.