Essa é uma frase clássica do filme ‘Boleiros – Era Uma Vez o Futebol’, lançado em 1998 e dirigido por Ugo Giorgetti. Na história, Lima Duarte interpreta um treinador do Palmeiras que, ao flagrar uma mulher (Marisa Orth) flertando com seus jogadores antes de um Dérbi, interrompe o momento e solta essa fala que se tornou icônica tanto no cinema quanto nas arquibancadas.
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Para alguém que não está familiarizado ou para um torcedor de outro clube, é importante explicar a relevância desse clássico para as duas equipes. Com mais de 300 partidas disputadas entre os rivais, esse confronto é indiscutivelmente a maior rivalidade do estado e do país.
Eu vivo essa rivalidade todos os dias na minha vida. Sendo neto de um corinthiano fanático, eu tive a sorte de ter um pai que escolheu o ‘lado verde’ da vida. A falta de firmeza do meu pai e a persistência do meu avô fizeram com que Rodrigo, meu irmão mais velho, se tornasse um torcedor dos ‘de preto’.
Com o meu nascimento em 1995, dois anos depois de meu irmão, meus pais impediram as tentativas do meu avô e disseram: “esse aqui, não!”. Nasci, cresci e morrerei palmeirense. Mas, e ai? Como foi dividir a casa com um corinthiano na infância? Enquanto o Palmeiras sofria com sua primeira queda para Série B e penava no cenário nacional, o rival era protagonista no país e venceria o Brasileirão três anos após o rebaixamento do Verdão.
Fui moldado na adversidade, as derrotas me faziam cada vez mais forte e mais apaixonado. As provocações do irmão, então… Só me faziam valorizar ainda mais o clube que torcia e torço. Com o passar dos tempos, fomos crescendo, mas a rivalidade sempre à tona e nunca deixada de canto.
No longínquo ano de 2009, nossa sala de TV de casa tinha um sofá predominantemente verde. E foi nesse sofá que assistimos ao último Dérbi um na companhia do outro. Em jogo válido pelo Brasileirão daquele ano, Palmeiras e Corinthians duelaram em Presidente Prudente com direito a show particular de Obina. O então atacante do Verdão, marcou os três gols na goleada diante do maior rival.
Rodrigo, desesperado com o resultado, logo foi à procura de culpados e sobrou para quem? Para o pobre sofá com detalhes verdes… Ah, o verde, a cor da inveja, a cor que não tem no guarda-roupa deles. “Culpa desse sofá horroroso, nunca mais assisto jogo nessa sala e não vejo mais clássico com vocês” – disse meu irmão. E dito e feito! Dali em diante o corinthiano não assistiu mais os jogos do seu time na nossa sala e muito menos um Dérbi ao lado de seu pai e irmão palmeirenses.
Neste domingo (3), Rodrigo não terá escolha…. Nossa mãe, palmeirense também, completa 58 anos de vida e vamos almoçar com ela na cidade de Santos – onde Rodrigo mora. Ambos os filhos já avisaram a matriarca que tem Dérbi e que temos que estar em casa antes das 16h para acompanhar tudo do jogo.
Infelizmente o sofá da casa dele é cinza. Mas em cima dele estarão sentados palmeirenses trajados de verde dos pés à cabeça em busca de igualar o histórico na Neo Química Arena. Em 18 jogos são sete vitórias deles, seis nossas e cinco empates.
Palmeiras precisa do Corinthians para existir e vice-versa. A rivalidade vai se retroalimentando diariamente e há de quem falar que isso não exista. Que é bobagem não usar preto ou verde, ou quem desmereça as criativas e funcionais superstições. Quem vive o Dérbi se agarra no que pode e no que não pode.
E você, sabe o que é um Palmeiras e Corinthians? Eu sei.