Opinião

Passado, presente e futuro juntos na campanha do Palmeiras campeão

Seja na casa nova ou na nostalgia da velha morada, o Palmeiras dá a volta por cima e vence o estadual novamente com o mesmo treinador de 12 anos atrás

(Cesar Greco/Agência Palmeiras)
(Cesar Greco/Agência Palmeiras)

O Palmeiras mudou, e como mudou em 12 anos. Sofreu, chorou, sorriu, ganhou uma casa nova, uma das mais modernas do mundo, e conseguiu dar voltas olímpicas importantes, porém faltava recolocar em ordem uma tradição centenária.

Era preciso deixar para trás as incoerências do passado recente, tirar as mágoas e limpar a alma. Nada melhor do que fazer história contra o maior rival e, para isso, contar com quem mais entende do assunto.

O Alviverde apostou em quem sabe o caminho da glória no Campeonato Paulista. Naquele que findou a aflição de quase 17 anos na tarde fria de 12 de junho de 1993. O mesmo que repetiu a dose no ano seguinte e montou o melhor esquadrão da era do futebol profissional no Estado de São Paulo em 1996, com mais de cem gols.

O 12, número santo para o palmeirense, foi o tempo de espera entre 96 e 2008. Coube, mais uma vez, a ele acabar com a longa espera no Paulista. Foi no velho Palestra Italia, com direito a goleada.

Mais uma dúzia de anos e a espera acabou. Contra o mesmo adversário de 1993 e no mesmo palco de 2008, agora remodelado, assim como o clube. O Allianz Parque viveu a emoção de uma Copa do Brasil, dois Brasileiros e agora do Campeonato Paulista.

Vanderlei Luxemburgo escreve mais um capítulo de sua história com o Palmeiras. Somente ele sabe o que é ser campeão estadual à frente do Alviverde nos últimos 44 anos. Disputou seis Paulistões no banco verde e branco e ganhou cinco. Ganhou no velho Palestra e no moderno Allianz. Aliás, ninguém venceu tanto quanto ele na Rua Palestra Itália. A ida antecipada para o vestiário, marca registrada de Luxa, tem pelo caminho imagens de campeões, momentos épicos, ídolos, heróis e ele.

O Paulistão de 2020 deixa registrado o triunfo de caras novas. As Crias da Academia cresceram com personalidade. Chegaram sem pedir licença e desbancaram os mais velhos. A força da base se fez presente entre titulares e reservas. Patrick de Paula e Gabriel Menino tomaram conta do meio de campo. Técnica, vontade, determinação, raça e muito futebol. A combinação não deixou dúvida para Luxemburgo de que a dupla seria protagonista.

Outros garotos também representaram com Gabriel Verón e Wesley. Até quem não é da base se destacou apesar da pouca idade. O colombiano Iván Ângulo, emprestado, voltou para a fase final, fez a estreia na decisão e colocou a primeira medalha no peito vestindo o verde.


Se por um lado os garotos foram fundamentais, os veteranos ajudaram a guiar a molecada. Felipe Melo mudou de posição, assumiu a braçadeira e a função de reger a defesa menos vazada do torneio. Teve o privilégio de erguer o primeiro troféu como capitão no time em que mais jogou na carreira.

O Palmeiras campeão paulista de 2020 perdeu o seu melhor jogador durante a pausa por conta da pandemia. Dudu rumou para o Catar e deixou aberta a lacuna de ídolo. A vaga começa a ser preenchida com candidatos campeões, sejam eles jovens ou experientes.

Coube a Luxemburgo recolocar a ordem na história, assim como aconteceu no passado. Seja na casa nova ou na nostalgia da velha morada, o Palmeiras dá a volta por cima e, merecidamente, festeja ainda sem público, mas com o brilho de um campeão.