Opinião

Tutu: 'O Palmeiras é verde até para quem não o vê'

"O estádio não encheu e nem teria como. O público pagante não contabilizou aqueles que pagaram com a alma para estarem ali"

(Foto: Alexandre Battibugli/Agência Paulistão)
(Foto: Alexandre Battibugli/Agência Paulistão)

Não há torcedor no mundo que perderia a oportunidade de ver de perto seu time ser campeão. Por irrelevante que a conquista fosse, prestigiar o que é seu, de mais ninguém, e de tantos outros, é o que mantém viva essa paixão. E não importam as condições, ele só quer está lá.

Foi isso que fizeram milhares de palmeirenses, que, de novo às cegas, viram seu time golear e ser campeão. Filme repetido, o Palmeiras venceu um tricolor por 4 a 0 para confirmar mais um título. Dessa vez, o Brasileirão, que volta para casa após quatro anos.

O estádio não encheu e nem teria como. O público pagante não contabilizou aqueles que pagaram com a alma para estarem ali. Torcedores de todos os tipos e credos, que assistiram ao jogo pelo som. Em sinestesia e sintonia com a torcida presente nas demais arquibancadas, entoaram gritos de apoio do minuto um ao minuto 90. E estariam lá mais quantos fossem necessários.

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Porque nunca foi sobre assistir a onze jogadores disputarem uma bola. Sempre foi para ver uma cor que não se enxerga, se sente. Porque o verde de Palmeiras é verde até para quem não o vê. Como foi o caso dos palmeirenses que, de trás do telão, estiveram também dentro de campo.

Com essa torcida sempre foi assim. Mesmo com cerco, mesmo com shows, mesmo com ingressos além do que poderiam pagar, ela esteve de coração. No Brasil e do outro lado do mundo. Quando a vitória era iminente e quando era improvável. Independe o resultado. Importa a camisa que vestem.

É esquisito, diz uma torcedora. Não é a melhor experiência de todas. E merecia ser melhor, porque eles (nós) sempre foram os melhores. Queriam ter a chance de assistir ao time que orgulha por campo e bola. E além. É invencível fora de casa. Quase isso dentro dela.

Há quem relate que mal assistiu ao jogo atrás do palco. Esteve lá para compartilhar, em sinergia, a energia do estádio. Vibrou e cantou por nosso alviverde inteiro. Quem soube ser Palmeiras, mesmo sem ver quem no campo era Palmeiras.

O show, a goleada, os recordes, os títulos, tudo isso é muito grande. Mas é também muito pequeno perto do sentimento que é torcer para esse time. Estiveram à luz do dia, expostos à possível queda no centenário. Hoje, não se escondem. Mas se precisarem, estarão lá, até escondidos, para alentar pelo Maior Campeão do Brasil.

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