Entre expectativas e realidades, o Palmeiras honrou o pedido

Em live, comentarista Mauro Cezar, do UOL, criticou a falta de entrega do Palmeiras ao palmeirense

Caro Mauro Cezar,

Eu te assisto há uma vida, ainda que breve. Comecei lá com o histórico ‘Bate Bola’, com PVC e João Canalha. Era ótimo. Mais tarde, no Linha de Passe e tantas e tantas jornadas de Premier League. Te conheço desde sempre, mas você nunca me viu. Prazer, eu sou o João, falo de futebol nesse espaço que, como vê, é só sobre Palmeiras.

Vi, mais cedo, no UOL, que você comentava sobre o alviverde e seu desempenho. Em geral, concordo que pode-se mais como o que se tem à mão. É um elenco de bons valores que pratica, ainda, um futebol que gera dúvida. O meu ponto, no entanto, é sobre a parte do ‘não atende à expectativa do torcedor’. Te explico.

O Palmeirense, acima de tudo, não admite perder. Até engole umas falhas aqui e acolá, mas ele troca seu almoço e seu jantar por uma vitória em Dérbi. Vencer o rival não é uma conquista, é uma missão de vida. Ele não se importa em como, o que eu chamo de ‘crimes de guerra’, ele precisa superar o lado de lá do embate. É gravíssimo.

Se você levar em conta que o restrospecto recente foi de ‘pipocadas’ diante do alvinegro, o torcedor não admitia que acontecesse de novo. Ainda mais depois do VAR Beta de 2018. Era como recolocar ordem no mundo, entende? É como se as coisas andassem tortas desde então e só a vitória as colocasse no eixo.

Eu entendo que você fale que com Sampaoli no comando o time tivesse jogando melhor, até acho que estaria, mas o gringo não entende o entorno do Palestra Itália. Pra vencer de verde, é preciso mais que campo e bola, acredite em mim. Aqui, tudo é complicado. O treineiro precisa conciliar todos os lados da equação explosiva que envolve o Palmeiras.

Luxa conhece, Mauro. Ele venceu esse campeonato dessa forma. Trouxe o torcedor, controlou os medalhões, deu vida aos garotos. A gente sabe que Sampaoli não é afeiçoado aos jovens. Ele gosta de grife. Imagine só a tristeza que seria não ter descoberto Patrick de Paula, né? Há méritos do veterano nessa vitória que lava a alma do palmeirense. Não é sobre Paulistão. É sobre orgulho.

Meu chefe, seu homônimo, mas o Beting, é filho do Sêo Joelmir, que mora no céu, e você sabe o que ele deixou como legado, além da carreira, não? Uma frase que diz assim: ‘Explicar a emoção de ser palmeirense, a um palmeirense, é totalmente desnecessário. E a quem não é palmeirense… É simplesmente impossível!’. É mais ou menos por aí. Eu entendo sua visão fria, é a mais coerente, mas não se desmerece o sentimento de um apaixonado.

Acredite, Mauro, que o torcedor palmeirense pode estar com todos os problemas do mundo pra resolver depois de quarta, mas, HOJE, ele está sorrindo horrores. Felicíssimo. Ele se sente vingado. O 2020, pra ele, tá resolvido. Ele cansou de jogar bem e perder. Dessa vez, por pior que tenha sido, ele cumpriu a expectativa.

Que é ser campeão.

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