JG Falcade: ‘Estamos enlouquecendo’

Perdemos completamente a noção de tudo. Expulsaram Ariel Holan para longe do Santos, mas ele nem chegou. Ele nem teve reforços. Ele não teve TEMPO. Ele (não) era bem pago, mas dinheiro não compra paz, não compra escudo pra chuva de vaias, críticas e até de rojões que lançaram sobre ele. Ariel abriu o caminho e Abel pode seguir.

Os clubes jogam a cada 48 horas, os atletas não tem folga, não tem férias, não tem tempo pra família, muito menos pra treinar. A gente não tem tempo pra escrever uma crônica bobinha. A gente não teve tempo para digerir a alegria. O torcedor não tem tempo pra festejar. Estamos completamente fora do eixo.

Não deu pra brincar com os vizinhos. A comemoração da taça não teve volta olímpica, não teve cheiro de álcool por três dias, não teve jogador bêbado de alegria. O pós taça foi pré jogo. Pré viagem. E o mundial? E o mundial? E o mundial é o caralho.

Tinha que ser sobre a Libertadores, sim. Tem que ser até agora. E ainda teve a Copa do Brasil, cuja festa foi pré Paulistão? PAULISTÃO? Sem torcida? Sem horários? Jogando NO RIO DE JANEIRO? É sério, gente? Que grande maluquice. Perdemos o lazer, perdemos a paz e descontamos tudo no futebol. Estamos frustrados e o futebol que pague. Não tá certo.

Eles mesmos tão tomando pancada de tudo o que é lado. A gente, que escreve, e vocês, que torcem, escolhemos a onda mais fácil. Perdeu? Vamos criticar. Ganhou jogando mais ou menos? Era pra jogar mais. Colocou a base? Não prestam, esses moleques. Não colocou? Cadê a base? A culpa é do momento. Estamos mal. Estamos abalados. Estamos realmente malucos.

Errou um pênalti? Culpa da convocação para a Seleção Brasileira, claro. Chutou na trave? Precisa usar óculos. Bando de incompetente. Ganhando milhões pra isso? Há um mês, esses milhões eram pouco, né. Paga o dobro, esse moleque é um gênio, gigante, ADULTO. Estamos mudando de opinião como quem muda de roupa. Marionetes da crise.

Perdemos a responsabilidade sobre o ser humano. Perdemos a noção das palavras lançadas por pura emoção. A gente parou de pensar sobre e começou a fazer, apenas. Vociferando na internet, jurando, acometendo quem nem conhecemos. Eu não sei o que aconteceu, em que momento aconteceu, mas a gente entrou em colapso. E precisa parar.

Eu parei pra pensar. Pare aí também. Vai ajudar.

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