Guilherme Paladino: Abel Ferreira é isso, vai de você gostar ou não

É errado cobrar que alguém mude sua natureza ou entregue algo que nunca prometeu. Resta saber o que a torcida alviverde e, principalmente, a nova gestão querem para o clube na próxima temporada

Confira a coluna de opinião de Guilherme Paladino para o Nosso Palestra: ‘Abel Ferreira é isso, vai de você gostar ou não’

Após o empate diante do modesto Juventude no Allianz Parque pelo Brasileirão neste domingo (3), a atuação pouco agressiva do Palmeiras de Abel Ferreira voltou a ser contestada por torcedores nas redes sociais.

A inquietação na torcida palestrina tem aumentado perceptivelmente (algo explícito nas notas da Mancha Alviverde publicadas nas últimas semanas) com as atuações ruins e resultados decepcionantes na temporada, excluindo, obviamente, a Libertadores, onde o time tem tido sucesso. Até então, em 2021, o Palmeiras perdeu a Recopa, Supercopa, Paulistão e Copa do Brasil, soma um empate e seis derrotas contra times do atual G6 e acumula cada vez mais partidas fracas em casa contra adversários tecnicamente inferiores (CRB, Cuiabá, Juventude, etc).

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É comum ouvir falar que os jogos da equipe de Abel Ferreira não são agradáveis de se assistir. Um estilo de jogo mais estratégico e que procura se adaptar aos adversários tende a ser menos emocionante e ter menos chances de gols. Para o Palmeiras, incluindo torcida e diretoria, isso jamais seria um problema se os resultados viessem em abundância, como foi o caso da temporada de 2020. Contudo, a partir do momento em que a turbulência vem e os triunfos param de aparecer, o pacote ‘reativo’ fica mais difícil de engolir do que seria se o futebol fosse ‘impositivo’.

Fato é que, com Abel Ferreira, esse estilo de trabalho jamais mudará. O que pode acontecer é que a próxima diretoria contrate reforços e a eficiência da equipe aumente, com jogadores que possibilitem mais intensidade na marcação, criatividade com a bola nos pés e precisão nas finalizações. Mas jamais veremos um time agressivo até o limite, como ocorreu com o Flamengo de Jorge Jesus. E é importante deixar claro que não se tratam de estilos melhores ou piores: a competitividade pode ser tão grande quanto e as conquistas podem ser tão expressivas quanto.

Resta saber o que a torcida alviverde e, principalmente, a nova gestão querem para o clube na próxima temporada. Se o objetivo é ver um time competitivo e equilibrado, não há sentido em reclamar de Abel Ferreira, que tem seus defeitos, mas tem um saldo muito mais positivo do que negativo. Por outro lado, se o objetivo é ver um time ofensivo e impositivo, não há sentido em querer mudar a natureza do próprio treinador e esperar que ele entregue algo que nunca prometeu. É o mesmo erro que cometeram quando esperavam que Mano Menezes e Felipão abdicassem de suas metodologias para agradar a torcida ou a imprensa.

Uma camisa 9 em alusão ao ‘futebol ofensivo’ de Mano Menezes em sua apresentação (Foto: Divulgação/Palmeiras)

Vale frisar que as derrotas, eliminações e frustrações estão suscetíveis a acontecer independentemente se um time é ofensivo ou reativo. Achar algo agradável ou feio é puramente questão de gosto pessoal. E, embora pareça um desperdício se apegar a um estilo tão rígido com um elenco tecnicamente bom, como dizem por aí, foi dessa forma que o Palmeiras conquistou a Libertadores após mais de 20 anos e chegou a outra final continental em sequência.

Eu não botaria a mão no fogo pelo meu conhecimento futebolístico, menos ainda pelo da diretoria alviverde e o da imprensa que critica o português; mas eu botaria a mão no fogo por Abel Ferreira. Ele sabe o que está fazendo e é o melhor que eu vi comandando meu time, em 21 anos de vida.

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