Paladino: Longevidade de Abel é único trunfo do Palmeiras para bater Atlético-MG e Flamengo

No puro suco do futebol brasileiro pandêmico, o português criou uma casca dentro do Alviverde que é difícil de ser rompida

Leia a coluna de Guilherme Paladino para o NP: Longevidade de Abel é único trunfo do Palmeiras para bater Atlético-MG e Flamengo

Estamos chegando ao fim da janela internacional de transferências sem grandes contratações do Palmeiras, principalmente para o setor ofensivo, a mais sensível carência da equipe. Enquanto o Alviverde apertou os cintos e trouxe apenas reposições pontuais, os rivais diretos Flamengo e Atlético-MG fizeram contratações de peso, como Andreas Pereira (ex-Manchester United) e Diego Costa (ex-Atlético de Madrid).

Tais contratações somam-se a elencos que já possuíam nomes de peso e de alto valor, como Hulk, Nacho Fernandez, Zaracho, Savarino, Guilherme Arana e etc pelo lado atleticano, e Gabigol, Bruno Henrique, Arrascaeta, Everton Ribeiro, Diego, Filipe Luís e etc pelo lado rubro-negro. Não são necessários muitos neurônios desprovidos de clubismo para concluir que, no papel, os dois times estão à frente do Palmeiras.

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Contudo, o time paulista tem um trunfo para medir forças com seus concorrentes diretos na Libertadores da América e Brasileirão: a longevidade de Abel Ferreira no cargo. Nesta segunda-feira (30), com a demissão de Guto Ferreira pelo Ceará, o português tornou-se o segundo técnico com mais tempo de trabalho na elite do futebol brasileiro, apenas atrás de Maurício Barbieri, do Red Bull Bragantino. Os tempos de trabalho de Cuca à frente do Galo e de Renato Gaúcho à frente do Flamengo, somados, não igualam o de Abel à frente do Verdão (dez meses completos do português contra seis meses completos dos outros dois).

Em seus exatos dez meses comandando o Palmeiras, o comandante lusitano já passou por glórias, crises, turbulências com a diretoria, contestações por parte da torcida organizada e da imprensa, vitórias épicas e derrotas vergonhosas. No puro suco do futebol brasileiro pandêmico, Abel criou uma casca dentro do Alviverde que é difícil de ser rompida; possui relação sólida com seu elenco, com os diretores e com a torcida. Além de, é claro, ter tido um tempo considerável, embora ainda insuficiente, para conduzir treinamentos e impor parte de seus conceitos táticos ao grupo de jogadores.

Abel Ferreira foi anunciado em 30 de outubro de 2020 e apresentado em 4 de novembro, na Academia de Futebol (Foto: Reprodução)

Tal diferencial foi fundamental no duelo clínico pela fase de quartas de final da Libertadores 2021 contra o São Paulo, por exemplo, quando Abel já conhecia bem os seus próprios jogadores e os jogadores adversários, e organizou treinamentos específicos para aquele confronto. O resultado foi um Palmeiras avassalador, que varreu o rival da competição continental com muita maturidade e disciplina tática.

Como futebol não é ciência exata, não se pode garantir que essa longevidade reflita em uma superioridade alviverde diante do Atlético-MG ou, eventualmente, do Flamengo. Mas também não dá para assegurar que a riquíssima ‘salada mista de craques’ dos dois concorrentes, por si só, seja suficiente para destronar o atual campeão da Libertadores. Somente o tempo dirá o que vai ser decisivo, de fato, na hora H.

Agora, com duas semanas livres para treinar, que Abel faça valer cada segundo para aperfeiçoar o que já construiu de positivo, e corrigir o que ainda está defasado, para mostrar um Palmeiras que seja capaz de se superar e de superar os maiores desafios que se apresentarão em muito tempo. A sorte está lançada.

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