Há 18 anos Gabriel Ferreira Lima nasceu palmeirense como o pai. Virou mais palmeirense do que ele. Mesmo quando de tanto ser zoado por derrotas ele quase virou casaca quando menino. “Posso virar corintiano, pai”. Marcelo respondeu ao filho: “Claro, Gabriel. Você pode. Mas você não vai mais poder morar aqui em casa”.
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Gabriel não mudou de time. Mudou de país. Mas não de jeito. Brigou, vibrou, cornetou e celebrou demais o Palmeiras. “Ser palmeirense era a vida dele. Mesmo morando aqui em Orlando, ele via tudo”. Mesmo longe, o Palmeiras o deixou mais perto do berço. Na Florida Cup conseguiu tirar foto com o maior ídolo. Dudu que voltou para casa no sábado, contra o Santos. Na véspera da estreia dele na Libertadores no Chile, Gabriel foi fazer o que mais gosta além do Palmeiras. Jogar bola.
“No meio do jogo ele caiu sem resposta”. O amigo e xará Gabriel segue ainda sem. “Palmeirense verde. Corneta. O coração o levou. Cheio de vida e amor pela família, amigos”. E por tudo que é família e amigos: Palmeiras.
Gabriel não viu o Palmeiras contra a Católica. “Eu chegava mais cedo do trabalho pra vermos juntos o Palmeiras. Amanhã vai ter jogo contra o Atlético. E eu não tenho mais o meu filho pra ver comigo. Ele morreu fazendo o que mais gostava. Jogar bola e falar de Palmeiras”.
Em janeiro, eles viram a glória eterna no Maracanã. Em julho, ainda puderam ver o retorno de Dudu. Como se fosse 2012, quando o Palmeiras ganhou a Copa do Brasil e acabou rebaixado. Como é a vida.
Marcelo vendeu uma TV pra mim em 1996. Ano do supertime brabo que vi melhor numa Bravia. Nunca mais nos vimos. O Gabriel amigo do filho foi quem me contou a história. Relação que o nosso time nos dá.
O que posso dizer ao Marcelo é que o Gabriel dele vai seguir cornetando todo jogo. E que o pai em toda partida vai sentir que ele vai estar sempre junto. Sobretudo nos momentos mais Breno Lopes. Mais Betinho. Mais Palmeiras.
Explicar é desnecessário.
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