Por qual motivo, razão ou circunstância, você se repreende? O que motiva seu ultrarrealismo? A frustração de véspera, o medo do provável ou a ilusão do impossível? O que te impede de acreditar num crime perfeito? Crimes perfeitos não deixam suspeitos e você sabe disso. E se der certo? E se eles cometerem o acaso? E se você precisar comemorar como se não houvesse amanhã?
Por que tanto medo de acreditar que é possível? Você, logo você, que tinha o mundo de inseguranças, mas teve fé no Betinho. Você, justo você, que estava indo embora do Palestra Itália, mas parou no caminho e fez chacoalhar o chão no escanteio que precedeu o gol de Euller. Você mesmo, que sabia que o Santos era muito melhor, mas que abarrotou as alamedas e ganhou o jogo no sangue e na esperança.
Felipe fraturou, Wesley contundiu, os convocados viajaram, os novatos não estrearam. Os meninos com a chance e a responsa nas mãos, Abel com Copas e Campeonatos pra ganhar. E você se recusa a ajudar? Crer, ver? A frouxidão não corresponde às cores de um clube que se veste de esperança, em dias, e de fé, em outros. Não há lógica o suficiente pra deter àquele que decide acreditar.
O palmeirense não comemora de véspera, o palmeirense não grita gol antes, não festeja, ele desabafa. Ao poema, acrescento que ele não desacredita, ele disfarça. Ele não desiste, ele finge. Ele tenta se enganar, mas a paixão não permite. Logo eles, donos da cor que tantos temem, que uns sequer vestem. Logo eles, cuja história se baseia em desfazer o óbvio. Seu esquema é reescrever a linha.
Tem que rezar todas as noites e dizer: acreditarei, é possível, amém. Tem que colocar na cabeceira da cama: vai dar, se eu disser que vai. Tem que gritar na cara do rival quando ele disser que ‘não tem jeito’. Tem! Sempre teve. Nunca foram suficientemente grandes os problemas para impedir quem nasceu pra vencer. Imagine só você se eles serão capazes de deter quem já nasceu campeão.