Opinião

Paladino: O Choque-Rei da afirmação de Abel Ferreira

Em meio a uma temporada de tantos sabores amargos, este Palmeiras x São Paulo vale mais do que uma classificação na Libertadores para o técnico português

Abel Ferreira vai reencontrar Hernán Crespo, agora pela Libertadores (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)
Abel Ferreira vai reencontrar Hernán Crespo, agora pela Libertadores (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

Leia a coluna de opinião de Guilherme Paladino para o Nosso Palestra: O Choque-Rei da afirmação de Abel Ferreira.

Às 21h30 desta terça-feira (10), o Palmeiras vai encarar o rival São Paulo pelas quartas de final da Libertadores 2021. Mais do que um duelo pela classificação, este Choque-Rei será o duelo pela afirmação definitiva de Abel Ferreira no Palmeiras.

“Mas que absurdo. O Abel foi campeão da Libertadores e da Copa do Brasil, ele não precisa se afirmar para mais ninguém”, diria uma parcela da torcida palmeirense. Em partes, isso é verdade: são títulos muito expressivos e incontestáveis, não tenho a intenção de apagar isso.

Contudo, desde então, alguns fatores pesaram para rivais e até palmeirenses mais críticos, como a torcida organizada Mancha Alvi Verde, questionarem a absoluta incontestabilidade de Abel: o Palmeiras fez a pior campanha de um sul-americano na história do atual formato do Mundial de Clubes (sem marcar gols e acabando em quarto lugar), além de perder a Recopa para o pequeno Defensa y Justicia e ser eliminado pelo CRB na atual edição da Copa do Brasil.

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A tendência era de que, quando um trabalho multicampeão como esse avançasse, o time se tornasse mais sólido, mostrando desempenhos convincentes contra oponentes fortes. Entretanto, o Alviverde de Abel Ferreira tem demonstrado mais dificuldades do que o esperado contra equipes minimamente arrumadas; no Brasileirão, quando enfrentou adversários do atual G6 (Flamengo, Red Bull Bragantino e Fortaleza), foi derrotado, sem jogar bem e com escolhas ruins do técnico.

E a incontestabilidade do treinador também é abalada pelo fantasma tricolor: o São Paulo, mesmo mostrando claras limitações nos últimos meses (somou 15 pontos em 15 jogos no Brasileirão, por exemplo), tem um retrospecto recente de clássicos em que foi claramente superior ao Palmeiras de Abel Ferreira, conquistando o Campeonato Paulista sem sofrer gols na final e estando invicto no duelo desde que o português assumiu o Alviverde.

Ou seja, mesmo com os títulos incontestáveis, ainda há lacunas no bom trabalho do atual comandante palmeirense. E, botando o dedo na ferida, no momento, o saldo da atual temporada é mais negativo do que positivo, com mais eliminações e jogos frustrantes contra adversários incômodos (principalmente o São Paulo) do que lembranças positivas.

E a forma de reverter essas contestações, desde a péssima lembrança da final do Paulistão 2021 até as afirmações de que o Palmeiras não vai bem contra equipes organizadas, é mostrando um desempenho sólido, convincente e animador diante do São Paulo na Libertadores. É leviano cobrar uma vitória, pois muitas coisas além do desempenho podem determinar os rumos de uma partida; mas o time precisa dar uma resposta, marcando gols e se impondo, mostrando que não é ‘mais do mesmo’ e que não conquistou suas glórias recentes por acaso ou por incompetência dos adversários, como alguns afirmam.

Do contrário, se o desempenho novamente for fraco ou covarde (como na decisão do estadual), e se Abel novamente fizer escolhas questionáveis nas escalações e nas substituições, causando outra eliminação frustrante, será mais um motivo significativo para qualquer um, seja palmeirense ou não, contestar a incontestabilidade do português.

*A coluna representa a opinião do escritor, e não necessariamente do Nosso Palestra.

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