Voz Palestrina: Sobre Heróis e Loucos

Enquanto o clube não se arma com um número 9, a torcida inventa heróis em quem acreditar para resultados melhores que 1x0

Escrito por Juliana Almeida

Em uma partida de Xadrez, quando você perde a Dama, dificilmente ganhará o jogo. A peça é essencial para a construção da estratégia da partida. Em um torneio de Poker, ou você sai com boas mãos, os desejados “Áses” e cartas altas, ou paga para ver sua mão se formar na mesa, ou… você blefa muito bem a ponto de ver seu adversário desistir da mão dele! Até mesmo em uma rodada de Monopoly com os amiguinhos do seu filho, se não fizer as compras certas no começo do jogo, ficará difícil fazer as melhores negociações para vencer no final!

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No Palmeiras falta a Dama, os “Áses”, a trinca no Flop, a carta do Leblon do Monopoly e… um número 9. Na ausência de um 9, Abel Ferreira blefa bem, ataca com 19, 16, 7, 10, 23… 

Enquanto Abel joga com as cartas que possui, o adversário segue em busca do blefe e a torcida procura um herói improvável para chamar de seu! E mesmo sem sua peça, segue invicto. Um jogador nato!

A falta da peça fica evidente no jogo contra o Santos no Allianz Parque pelo Campeonato Paulista. Com a expulsão de Velázquez seguida de gol de pênalti de Raphael Veiga no final do primeiro tempo, ficou fácil para o time que se manteve em destaque no ataque, não?

Pois bem… nem tanto! A eficiência tática com a qual o Palmeiras se move e domina o jogo contra o Peixe é indiscutível, com pouco mais de 15 chances de gol bem construídas fica claro que o que falta é que a conclusão seja bem sucedida! É aqui que a ausência da peça se torna crucial, causando a ira do torcedor corneteiro.

Enquanto a peça não chega, 38 mil torcedores pedem em uníssono num Allianz Parque pintado de verde e branco: “Deyvinhooo, Deyvinhooo”. Enquanto o clube não se arma com um número NOVE de quem cobrar feitos heróicos, a torcida inventa heróis em quem acreditar para resultados melhores que 1×0. 

Deyverson, Breno Lopes… Os heróis de um time, como ironiza Abel em sua coletiva pós jogo, retranqueiro, que não cria, que não bate recordes, que não ganha títulos!

Quando você não tem heróis, é preciso inventá-los… Temos visto um Palmeiras criar heróis desde novembro de 2020, ganhando sem Damas, sem “Ases”, sem a carta do Leblon.

Eu vejo uma torcida esperar um milagre! Mas eu ouvi após o jogo contra o Santos um técnico aí que andou empilhando vitórias dizer que futebol é sobre vencer, é sobre ganhar! Eu vejo um Palmeiras de heróis que é vencedor. E no meio dos heróis, vejo os loucos que não estão comemorando vivenciar essa fase!

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