Na última temporada, o Palmeiras conquistou um título histórico ao vencer a Libertadores Feminina pela primeira vez. A equipe palestrina contava com nomes marcantes na modalidade, como é o caso de Ary Borges, fundamental para os títulos conquistados em 2022 e querida pela torcida alviverde.
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Ary Borges comenta gol na final da Libertadores
Atualmente no Racing Louisville, dos Estados Unidos, a meio-campista marcou seu nome na história do Verdão. Com gols em jogos importantes e carisma nas redes sociais, a atleta guarda com carinho a passagem pelo clube.
Em entrevista exclusiva ao NOSSO PALESTRA, a meia da Seleção Brasileira relembrou a conquista da Libertadores 2022. Ary explicou que a tradição do Palmeiras na competição – o time é tricampeão no futebol masculino e vivia sua primeira participação no torneio feminino – era um fator de motivação para o elenco e que, assim, o time estava focado em buscar o título.
– Acho que o clube, durante esses três anos, a gente sempre teve esse sonho, de poder disputar a Libertadores. Sempre foi o objetivo, afinal, durante esses três anos, o masculino conquistou duas Libertadores. Então, óbvio, se criou esse desejo de jogar a Libertadores também. Eu cheguei no segundo ano de projeto. A gente sabia que o time precisava de um tempo, até para se consolidar no cenário brasileiro. É um time de camisa, mas, no futebol feminino, estava iniciando o projeto, não tinha o protagonismo que hoje tem. Nas duas primeiras temporadas era isso, o objetivo era se impor no cenário do futebol brasileiro, buscar a final do Brasileirão, o título também. Apenas os finalistas ganham a vaga para a Libertadores, então esse era um dos objetivos do clube.
– Conseguimos isso em 2021, a gente infelizmente não conseguiu ser campeão. A gente tinha também o Paulista durante o ano, mas conseguir ter ido para a final foi um momento muito bacana porque conseguimos realizar o objetivo do clube que era jogar uma Libertadores. Ano passado, mesmo após um brasileiro muito frustrante, chega o momento da Libertadores, o momento em que o clube sonhava em viver, sonhava em disputar. A gente como grupo entendeu bem toda essa importância, afinal a gente conseguiu o título. Foi muito bacana para o clube se tornar o protagonista, se colocar entre os grandes. O ano ainda terminou com chave de ouro sendo campeãs paulistas, mas o principal objetivo do ano passado era jogar uma Libertadores e foi o roteiro dos sonhos conseguir ter ganhado de forma invicta. A Libertadores teve um gostinho muito, muito, muito especial. As meninas esse ano têm esse sentimento. Elas têm esse desejo de continuar. E quem sabe esse ano finalmente conseguir uma dobradinha com o masculino, ano passado a gente ficou por uma noite, um dia completo, sendo campeãs do feminino e do masculino. Quem sabe esse ano a gente não consegue.
Ao longo da Libertadores, o Palmeiras de Ary Borges enfrentou Libertad, Independiente Dragonas, Universidad de Chile, Santiago Morning e América de Cáli. Na decisão, o time teve pela frente o Boca Juniors, algoz histórico do Verdão.
Na competição continental masculina, os argentinos eliminaram o Verdão em três oportunidades – final em 2000 e semifinal em 2001 e 2018. No entanto, segundo Ary, este histórico do Palmeiras não foi levado em consideração pelas Palestrinas na concentração, uma vez que o time teve pouco tempo de preparação para a partida.
– Foi muito especial. O Boca tem uma história muito bonita no futebol, uma camisa de muito peso. Mas lembro que, não sei o que aconteceu na organização da Libertadores, quando a joga contra o América de Cali, a gente tem apenas um dia de descanso até o Boca. Então, não foi uma questão que a gente… óbvio, a gente se preparou muito, mas a gente ainda vivia um dia que era o êxtase de que estamos na final da Libertadores. Conseguimos o que a gente queria. O campeonato inteiro estava se desenvolvendo de uma forma em que todos os brasileiros tinham sido eliminados, na mesma fase a gente vira o jogo contra o Santiago Morning nos últimos três minutos da partida. A gente vive una altos e baixos que, quando a gente passa para a final, a gente não tinha noção de que a gente só tinha um dia de descanso para jogar a final, que o Boca já tinha jogado um dia antes. A gente só sentia: “Meu Deus, estamos na final”. Aí, quando acaba o jogo, o pessoal da comissão fala: “Tá bom, gente, pode parar por aí, acabou a comemoração, porque a gente vai voltar para o hotel porque o jogo é no outro dia”. A gente: “Peraí, o que está acontecendo? Como assim só temos um dia de descanso”.
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Ary Borges conta como foi preparação do Palmeiras para final da Libertadores
Com o tempo reduzido entre a semifinal e a final, Ary explicou ao NP que a preparação do Palmeiras não foi realizada dentro de campo. Para as atletas estarem bem fisicamente, o clube contratou massagistas locais para auxiliarem no processo de recuperação. Além disso, foram passados vídeos sobre o funcionamento do Boca Juniors em campo.
– A nossa preparação foi muito mais mental e física. Nesse dia de descanso, a gente não foi para campo. Foi o dia inteiro inteiro fazendo massagem, o pessoal contratou mulheres de um spa da cidade para ajudar o nosso massagista, porque a gente não teve tempo de descanso. Foi vídeo o dia inteiro, descanso, massagem, para a gente entender como o Boca jogava, mas era no visual e pensando no nosso estilo de jogo. Claro que temos de pensar no adversário, elas tinhas eliminado o Corinthians, mas a gente pensava que não tínhamos que abrir mão do nosso estilo de jogo, afinal era isso que tinha nos levado até a Libertadores. A gente passou mais tempo analisando os erros, o que podíamos melhorar, e alguns pontos específicos no Boca. Foi mais pensando na gente do que se preocupando com o Boca.
Apesar do pouco tempo de preparação, o Palmeiras de Ary Borges teve uma grande atuação na final continental, vencendo o Boca Juniors por 4 a 1 e, com isso, garantiu a Glória Eterna. Na decisão, o Verdão abriu o placar aos 5 minutos após bola cruzada para a área. Na ocasião, a ex-camisa 8 recebeu e finalizou enquanto a goleira adversária estava fora da meta.
A meio-campista relembrou o gol que iniciou a vantagem palestrina na decisão. Segundo ela, ao ver que a arqueira argentina estava com um posicionamento ruim, o medo de errar surgiu em sua mente. No entanto, ao ver a bola balançando as redes do Boca, o sentimento de alívio surgiu e rapidamente se tornou euforia.
– Eu vou ser bem sincera, jogada de bola parada para a gente na Libertadores a gente sabia que era uma chance de gol. A bola parada foi uma arma muito poderosa para a gente na competição. Mais da metade ou metade dos nossos gols foram de bola parada. A gente sabia que toda chance que tínhamos de bola parada poderia ser uma chance clara de gol. Quando a bola sobra para mim, sinceramente, a primeira coisa que eu penso é: “Puts… caiu na minha esquerda”. Quando eu olhei, tenho a lembrança de olhar para o gol e pensar: “A goleira está fora do gol. Se eu errar, vou ser muito ‘caneluda’. Não posso errar esse gol. Pelo amor de Deus, não erra!”. Quando a bola pingou, eu falei: “Só mira no gol. O gol está vazio, você não pode errar”. E deu certo. Graças a Deus eu fiz o gol e depois a emoção eu não pude conter. Era um momento especial. A gente sabia que o jogo seria muito difícil, e poder marcar logo no começo da partida, a gente sabia que podia dar uma tranquilidade para a gente, principalmente pela parte física. Foi um dos gols que eu mais comemorei vestindo a camisa do Palmeiras, de me emocionar, de poder sentir o que era vestir a camisa do clube num momento especial. Para mim, foi ir do desespero à felicidade máxima de: “Meu Deus, consegui fazer um gol em final de Libertadores”. Foi um momento muito bacana.
Agora sem Ary, o Palmeiras busca seu segundo título de Libertadores na história. O elenco palestrino sofreu mudanças, com saídas de atletas e chegadas no início da temporada. No entanto, a atleta está confiante que a equipe tem condições de se tornar bicampeã. Para isso, a meia mandou um conselho para todas as Palestrinas que entram em campo pelo Alviverde.
– Um conselho para as meninas esse ano, eu acho que é sentir mesmo o espírito do que é jogar uma Libertadores. É diferente de todas as outras competições que temos. Você acha que algumas coisas vão acontecer, que alguns clubes você dá como favoritos, outros não. Foi o que aconteceu na nossa edição no ano passado: “Talvez tal time vai chegar na final, tal time não passa, pode ser mais fácil”. Libertadores todo jogo é difícil, todo adversário é muito difícil. São times que têm estilos de jogos diferentes, existe toda a catimba sul-americana, que é muito mais difícil de você jogar, a arbitragem é muito diferente do que é no Brasil. Dependendo do lugar que você vai jogar, nesse ano é na Colômbia. Ano passado, a gente jogou na altitude (do Equador), é mais um fator que é diferente, que você tem de se acostumar. Meu conselho para as meninas é sentir, viver cada noite de Libertadores como se fosse o último jogo na carreira. Os outros times, quando jogam, principalmente contra os brasileiros, elas têm esse sentimento de: “Estou jogando contra o time que é o atual campeão”. É sentir isso, se impor como campeão. Se unir, fechar o grupo e colocar como objetivo principal ganhar e chegar na final, vencer jogo após jogo. O time que o Palmeiras tem esse ano tem total capacidade de conseguir isso. Estou aqui na torcida, acompanhando para que as meninas consigam. Espero que dê certo – disse Ary às atletas do Palmeiras.
O Palmeiras entra em campo pela Libertadores Feminina nesta quinta-feira (5) às 17h (de Brasília) diante do Barcelona de Guayaquil. Na fase de grupos, o Verdão ainda enfrenta Atlético Nacional e Caracas.
Confira a entrevista na íntegra