+9 dos 1000 clássicos paulistas (parte 8): Palmeiras 3 x 1 São Paulo, SP-42

Agora são 367 vitórias, 295 empates e 338 derrotas em clássicos paulistas, desde 1915.

Nosso Palestra elenca 9 + para lembrar sempre:

Data: 20/09/1942

Local: Pacaembu

Renda: 231:239$000

Público: 55.913

Juiz: Jaime Janeiro Rodrigues

Gols: Cláudio (20’), Waldemar de Brito (25’), Del Nero (41’) e Echevarrieta (60’)

PALMEIRAS: Oberdan; Junqueira e Begliomini; Zezé Procópio, Og Moreira e Del Nero; Claudio, Waldemar Fiúme, Echevarrieta, Villadoniga e Lima

Técnico: Del Debbio

SÃO PAULO: Doutor; Piolim e Virgílio; Lola, Noronha e Silva; Luizinho Mesquita, Waldemar de Brito, Leônidas da Silva, Remo e Pardal

Técnico: Conrado Ross

 

Poucos clubes foram obrigados a mudar de nome. Nenhum estreou campeão como o Palmeiras, em 20 de setembro de 1942. A Arrancada Heroica do Palestra que morreu líder e do Palmeiras que nasceu campeão paulista, vencendo o São Paulo por 3 a 1, no Pacaembu.

A renda foi doada pelo clube às famílias dos navios brasileiros afundados em 1942, pouco antes de o Brasil declarar guerra ao Eixo. O Palmeiras dos “traidores da pátria” (?!) deu aula de civismo (entrando em campo com a bandeira brasileira), respeito (não entrando no jogo sujo dos bastidores) e, principalmente, futebol. Ao menos, até o adversário querer jogo.

Aos 20 minutos, o centromédio Og Moreira tocou para o centroavante Echevarrieta, que recuou ao meia-direita Waldemar Fiúme. Ele cruzou, a zaga rebateu e Cláudio pegou de primeira, cruzado. O primeiro gol palmeirense foi do futuro maior artilheiro corintiano.

Waldemar de Brito (descobridor de Pelé) empatou, aos 25 minutos. Aos 41, fez-se a lógica. E a justiça dentro e fora de campo: o ponta-esquerda Lima bateu uma falta na área, Og Moreira pegou o rebote da zaga rival, rolou para o médio-esquerdo Del Nero bater forte. Echevarrieta trombou com Virgílio e o goleiro Doutor se atrapalhou. Dois a um.

Aos 15 do segundo tempo, Echevarrieta aproveitou um tiro espirrado de Og Moreira e desviou de cabeça, fazendo 3 a 1.  Mais cinco minutos e Virgílio deu um carrinho no centromédio palmeirense e cometeu pênalti. Falta e cartão vermelho para o são-paulino.

O delegado Martins Lourenço teve de levar o zagueiro para fora de campo depois de cinco minutos de protesto.  Enquanto isso, o capitão tricolor Luizinho Mesquita, ex-palestrino, conversou com dirigentes são-paulinos no túnel do vestiário. A ordem foi passada. Era para o São Paulo sair de campo. Só não desceu para o vestiário porque o policiamento não permitiu.

Resultado: sem sair do gramado, mas sem querer jogo, os são-paulinos ficaram plantados no campo deles, impedindo a cobrança de pênalti. O árbitro esperou até 45 minutos e encerrou o jogo. E o campeonato.

A Federação Paulista puniu o São Paulo pelo abandono com um mês de suspensão. Em 2003, o jornalista Ruy Mesquita, diretor de O Estado de S. Paulo, confirmou que dirigentes do clube arrumaram a confusão deliberadamente para, na Justiça Desportiva, reaver os pontos (e o moral) perdidos no Pacaembu.

Perderam tudo em 1942. Conseguiram tirar o Palestra de campo. Mas colocaram o Palmeiras como nenhum outro campeão na história do futebol. Debutante que venceu um rival que deixou a luta.

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