A César o que é dos seus malucos
Ele não queria ter vindo a primeira vez para o Palmeiras. Veio do Flamengo e foi artilheiro e campeão do primeiro Robertão em 1967. E ainda ganhou mais uma Taça Brasi no final do ano.
Ele então não queria ter voltado ao Flamego quando o Palmeiras foi buscar Artime. Voltou. E alguns não o queriam pintado nem de verde.
Só não foi para o Botafogo em 1969 porque Rubens Minelli o treinava e José Giménez Lopez era o diretor. Juntos fizeram dele o goleador do bicampeonato do Robertão.
Até 1972 ficou colecionando gols e discussões. Disse que um dia gostaria de jogar no Corinthians. E o nosso mundo não caiu por isso. Um dia deu um pontapé em árbitro. Por isso não esteve em campo no título brasileiro de 1972. Conquistado três meses depois dele ser goleador no Palmeiras campeão paulista invicto de 1972. Quando ele foi pro pau e foi Palmeiras mesmo sem contrato ba partida decisiva contra o Sâo Paulo.
Isso era ele. Profissional com espírito amador. Com alma de torcedor.
Repetiu a dose no Palmeiras bicampeão brasileiro em 1973. Foi para a Copa de 1974 como um dos seis palmeirenses mal aproveitados por Zagallo.
Voltou para ser campeão paulista contra o Corinthians em 1974.
Mas não o deixaram jogar a decisão que deixou o rival mais um dos 20 anos de fila que só acabaria em 1977.
Brandão, com quem tanto brigara, não o quis em campo nas finais. E o deixou negociar justo para o Corinthians, em 1975.
Mal jogou lá. Não voltaria a jogar no nível absurdo na carreira rara de uma família de grandes artilheiros como Luisinho Tombo e Caio Cambalhota.
Todos Lemos.
Todos nós os vimos como são.
Todos goleadores.
Luisinho que partiu em 2019 foi o maior goleador do América.
César é o maior artilheiro desde que o Palestra virou Palmeiras, em 1942.
Isso porque não queria vir. Quase foi embora algumas vezes.
Era Maluco que não gostava de ser chamado de Maluco.
Mas era um dos nossos. Melhor: virou um dos nossos.
Treinador da base, conselheiro, candidato a vice-presidente.
César é tão ou mais palmeirense do que muito palestrino de berço.
Também porque abraçou a causa, vestiu a camisa, suou por ela, e fez sua casa no Palestra.
Brigou como todo palmeirense querela. Xingou como todo palestrino insulta. Enlouqueceu como todo alviverde perde a compostura.
Mas César também foi picado por aquele periquito verde, mordido por aquele espírito de porco. Virou um dos nossos lá dentro. Os que fazem qualquer coisa pelo Palmeiras. O que não pode, o que não deve, o que é preciso, o que é impreciso.
Hoje ele faz 75 anos.
75 foi o ano em que o Palmeiras o deixou.
Mas ele nunca deixou o Palmeiras.
Mais do que parabéns, obrigado, César.
Sua loucura não é a nossa.
Nós é que somos loucos por você.
Não somos um bando.
Somos o Palmeiras dos Césares.
Você ficou maluco pelo Palmeiras.
Como o Palmeiras é Maluco, César.