A torcida que ganha jogo merece mais carinho #ingressocaronão

(Foto: Marcelo Brandão/Click Parmera)

Quem esteve presente no Allianz Parque neste 30 de Agosto de 2018, presenciou uma das maiores atmosferas da nova arena palmeirense. Algo que chegou perto da final da Copa do Brasil de 2015. O torcedor entendeu que a noite seria mais libertadora do que nunca e que sua presença seria o meio de superar a inferioridade numérica que viria logo de cara.

Pena que o público não foi aquilo que esperávamos. Não por culpa de quem torce e queria ser mais do que o esperado. Apesar da vantagem construída no primeiro jogo em Assunção, a partida pedia muito mais do que os 33 mil palmeirenses. Com quase R$ 3 milhões de renda, o cofre ficou feliz e cheio, porém muitas cadeiras mais uma vez morreram vazias. Cadeiras que valem rios de dinheiro.

Não à toa, o Palmeiras tem o maior tíquete médio do país, no valor altíssimo de R$ 68,80, além de bater mais de R$ 50 milhões em arrecadação só este ano. É o líder no quesito no país.

Por conta disso, tem muita gente que ama o clube e nunca pisou na casa do ente tão querido. Como a nossa Raílma Queiroz, vencedora da promoção do Nosso Palestra, e que esteve no camarote Fanzone na noite de ontem. Pela primeira vez no novo estádio, ela nunca conseguiria estar de corpo e alma no novo Palestra Itália se dependesse de sua renda.

O espírito de Copa pedia a união total entre torcida e clube. União é um conceito imaterial e de valor inestimável. Não pode haver preço que impeça essa construção de atmosfera. Chegou a hora do Palmeiras ter mais carinho pelo seu povo. Nunca é totalmente compreensível, mas ontem era momento de somar, mas não no dinheiro.

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Central Leste totalmente vazia já vem sendo rotina nos jogos do Palmeiras (Foto: Gabriel Amorim)

Foi sonho. Foi luta. Foi para não repetir uma tragédia.

A título de comparação, na eliminação da Libertadores do ano passado frente ao Barcelona de Guayaquil, na mesma fase em que a torcida ajudou a avançar agora, foram cinco mil palmeirenses a mais nas arquibancadas. A média de público do Palmeiras na competição é de um pouco mais de 34 mil torcedores.

Porque escolher receita ao invés de ambiente? As contas vão muito bem, o avançar de fase vale boa receita. O povo precisa ser escolhido nessa dividida. Não é claro a quem interessa cinco ou seis mil cadeiras vazias. Na minha visão, ao adversário.

Como o próprio diretor de futebol disse ontem, o Cerro Porteño não jogou contra dez, e sim contra 14, pois a torcida valeu por quatro. O discurso é bonitinho, mas o agradecimento deve vir mesmo com ingressos mais baratos, caro Alexandre.

Em duas semanas serão quatro partidas. Começou com o Cerro, terá Derby e semifinal da Copa do Brasil. Por que não fazer alguma promoção para atrair novos palmeirenses contra o Atlético-PR, na quarta-feira que vem (5)? A precificação é justa e acontece no mundo inteiro.

Twitter oficial do Palmeiras alertava os torcedores sobre a disponibilidade de ingressos em diversos setores, restando poucas horas para o confronto diante do Cerro:

A gente quer compartilhar esse momento, carregar o clube no grito, mas queremos condições. Alivie o bolso desse que dá duro de sol a sol para ver a camisa mais pesada do país jogando.

É preciso um pouco mais de reciprocidade. A alma copeira de Felipão pede mais foco no âmbito esportivo, e menos no financeiro. O Allianz de ontem deu a letra: a torcida fará com que as dificuldades sejam mais fáceis de superar. Nos deem condições para isso.

Essa torcida merece.

Por Gabriel Amorim e João Gabriel Falcade