Alexandre Mattos fala em “cenas de filme de terror ” sobre voo do Palmeiras para Mendoza

Imagem: Reprodução/TV Palmeiras
A delegação do Palmeiras passou por um grande sufoco neste domingo (21), ao tentar desembarcar em Mendoza, cidade argentina onde o time enfrentará o Godoy Cruz, neste próxima terça-feira, pelas oitavas de final da Copa Libertadores. O avião que levava todo time alviverde teve que arremeter duas vezes e só foi conseguir pousar em Rosário.

Para a TV Palmeiras, em vídeo divulgado para a imprensa, o diretor de futebol Alexandre Mattos relatou a tensão do momento. Segundo Mattos, o voo estava tranquilo até momentos antes do pouso:

"Saímos de Fortaleza por volta de meia-noite. Um voo de seis horas até Mendonza, previsão de chegada às 6h da manhã. Um voo absolutamente tranquilo. Eu me recordo claramente a hora que veio o aviso para colocar o cinto, mais ou menos 20 minutos antes da aterrissagem. Eu estava vendo um filme… Aí começa um verdadeiro filme de terror".

Mattos explica que o piloto tentou pousar por duas vezes, mas não obteve sucesso devido à situação climática. A situação, segundo o dirigente, era de muita tensão:

"Em um primeiro momento era uma turbulência leve, foi aumentando, e o avião foi reduzindo, abaixando, e ela aumentando. A sensação que dava é que tinha algo de baixo para cima empurrando as asas, que ficavam balançando".

E aí foi a primeira tentativa de pouso. Deveria estar faltando 10, 7 minutos, quando o piloto simplesmente levantou voo, arremeteu, e a nova decolagem foi com bastante turbulência. Bem aterrorizante. Ele deu uma volta na cidade de Mendoza, uma volta muito difícil. Muita turbulência, a asa balançando muito. Veio a segunda tentativa, foi tão dura e desgastante quanto. Olhava para o lado e era uma tensão muito grande.

O piloto então decidiu por pousar no aeroporto de Buenos Aires e de lá tomar a decisão do que fazer. Mattos fala em sensação de impotência e "eternidade" até a decisão da equipe que conduzia o voo. Jomar Ottoni, Coordenador da Fisioterapia, agradeceu a competência dos pilotos:

"Foi muito triste e assustador ver isso tudo. Graças a Deus os pilotos foram muito competentes de contornar essa intempérie da natureza. Depois viemos tomar conhecimento que é um fenômeno chamado "Zonda". Vento e uma térmica que acontecem. Provocou vários incêndios aqui na argentina e em Mendoza provocou muita destruição. Tomara que não tenha tido vítimas".

Em jogos grandes, como os da Libertadores, o Palmeiras costuma levar mais do que os quatro seguranças do Departamento de Futebol. Cristiano Oliveira, da equipe do clube, é um dos profissionais que costumeiramente viaja com o time de futebol. Cris, como é conhecido, passou mal durante o voo e teve que contar com a ajuda de jogadores. Jean, Deyverson e o médico do Palmeiras, que estava próximo de Cristiano, o ajudaram.

Segundo o segurança, houve muita gritaria nos 40 minutos de tentativa de pouso em Mendoza. Ele, inclusive, achou que o pior poderia acontecer com a delegação alviverde:

"Você nunca espera que vai acontecer com você. Está a tanto tempo trabalhando nesse ramo… Aí hoje você passa 40 minutos de pânico, terror, porque chegou uma hora que você pensa "é hoje". Passei mal, passei mal, ainda bem que o doutor estava na minha frente. Me ajudou bastante, me deu remédio, e todo mundo gritava "calma, calma, vai passar". Bem no finalzinho, me lembro de ver o Jean e o Deyverson, estava todo mundo abanando, e gritando "calma, calma". Muito tenso mesmo".

Confira o vídeo completo:

OS DEPOIMENTOS NA ÍNTEGRA

Alexandre Mattos – Diretor de Futebol
Então, saímos de Fortaleza por volta de meia-noite. Um voo de seis horas até Mendonza, previsão de chegada às 6h da manhã. Um voo absolutamente tranquilo. Eu me recordo claramente a hora que veio o aviso para colocar o cinto, mais ou menos 20 minutos antes da aterrissagem. Eu estava vendo um filme… Aí começa um verdadeiro filme de terror. Em um primeiro momento era uma turbulência leve, foi aumentando, e o avião foi reduzindo, abaixando, e ela aumentando. A sensação que dava é que tinha algo de baixo para cima empurrando as asas, que ficavam balançando.

E aí foi a primeira tentativa de pouso. Deveria estar faltando 10, 7 minutos, quando o piloto simplesmente levantou voo, arremeteu, e a nova decolagem foi com bastante turbulencia. Bem aterrorisante. Ele deu uma volta na cidade de Mendoza, uma volta muito dificil. Muita turbulencia, a asa balançando muito. Veio a segunda tentativa, foi tão dura e desgastante quanto. Olhava para o lado e era uma tensão muito grande. Uns rezando, outros você via a cara de desespero e era uma sensação de impotência até a decisão do piloto, que para queme stá dentro do avivão era uma eternindade, de direcionar a aeronave para Rosário.

Pousamos em Rosário, depois veio a tentativa de saber o que fazer. Deciciu-se ir para Buenos Aires e ia ter uma nova tentativa, mas quando a gente estava na pista o piloto avisou que as condições eram complexas de se definir. Se daria ou não para pousar. Quando tomou-se a decisão de permanecer em Buenos Aires e amanhã enfrentar novamente essa aventura. Não desejo isso a ninguém, é uma sensação de impotência terrível. Você estar a não sei quantos metros de altura, numa velocidade e muito barulho, muita tensão. Então, basicamente foi esse o filme de terror que enfrentamos nessa madrugada.

Cristiano Oliveira – Segurança
Você nunca espera que vai acontecer com você. Está a tanto tempo trabalhando nesse ramo… Aí hoje você passa 40 minutos de pânico, terror, porque chegou uma hora que você pensa "é hoje". Passei mal, passei mal, ainda bem que o doutor estava na minha frente. Me ajudou bastante, me deu remédio, e todo mundo gritava "calma, calma, vai passar". Bem no finalzinho, me lembro de ver o Jean e o Deyverson, estava todo mundo abanando, e gritando "calma, calma". Muito tenso mesmo.

Jomar Ottoni – Coordenador da fisioterapia
Foi muito triste e assustador ver isso tudo. Graças a Deus os pilotos foram muito competentes de contornar essa interpéride da natureza. Depois viemos tomar conhecimento que é um fenômeno chamado "Zonda". Vento e uma térmica que acontecem. Provocou vários incêndios aqui na argentina e em Menodza provocou muita destruição. Tomara que não tenha tido vítimas. Mas passou, vamos com toda a força. Juntar a força dos nossos jogadores, do grupo unido que a gente tem, para reverter isso e ir com força dentro de campo.

FENÔMENO ZONDA
"El Viento Zonda". Assim que os periódicos argentinos batizaram o fenômeno natural que atrapalhou o voo do Palmeiras. Já conhecido na Argentina, os ventos do Zonda se assemelham aos fenômenos "Fohen" dos Alpes europeus, "Chinook" da Cordilheira de Cordillera nos Estados Unidos e no Canadá; "Al berg-vento" da África do Sul; e ao "Norwesterly" de Nova Zelândia.

Estudos da Enciclopédia da Climatologia e Sociedade Americana de Meteorologia (The Encyclopedia of Climatology/ American Meteoorology Society) apontam que o Zonda é mais provável entre os meses de maio e agosto, devido às temperaturas da estação.

"A maioria dos casos ocorre entre maio e novembro e mais da metade dos eventos são registrados entre maio e agosto (outono-inverno). A maior ou menor frequência está condicionada à altura acima do nível do mar e à distância da localidade em relação à Cordilheira e Precordillera"

O "Zonda" causou muitos destroços na cidade de Mendoza, assim como Jomar Ottoni disse. A Defesa Civil da cidade entrou em alerta na noite deste domingo. Muitos danos a telhados de casa e à fiação elétrica da cidade foram verificados. Um incêndio deixou mais de 60 pessoas desabrigadas e duas pessoas morreram. Uma senhora de 42 anos, devido a queda de uma árvore, e um homem de idade não revelada, devido a um deslizamento de terra. As informações são dos jornais "Clarín" e "La Nación".