Análise: Palmeiras usa repertório e consistência para ser time mais regular do país

Maduro como equipe, Verdão vive uma das melhores fases sob comando de Abel Ferreira

O Palmeiras goleou o Grêmio com tremenda facilidade na última quarta-feira (10) pelo Brasileirão. A vantagem de três gols foi pouca para tamanho domínio durante os 90 minutos. Nem nas goleadas sobre Goiás e Água Santa, times inferiores, o Verdão foi tão superior.

Essa superioridade se deve, em grande parte, a dois fatores. O primeiro diz respeito ao vasto repertório do time de Abel Ferreira, que, em seu terceiro ano de trabalho, apresenta uma gama de variações táticas poucas vezes vista no futebol brasileiro. A capacidade de acelerar e desacelerar o jogo por parte da equipe é o que dita o ritmo das partidas.

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Diante do Grêmio, o Palmeiras produziu pelos lados, pelo meio, em velocidade, em construção lenta, pelo alto, por baixo… É verdade que três dos quatro gols foram originados de cruzamentos – o lance provocou o pênalti, inclusive, – principal arma do time em 2023. Mas a criação não se limitou a isso e a prova é a quantidade de finalizações de Dudu (7).

Em grande fase, apesar de ter apenas um gol na temporada, o atacante teve diversas oportunidades de enfrentamento ao marcador e, a maioria delas, terminou na conclusão da jogada. Pontaria à parte, isso demonstra como o Alviverde consegue gerar espaços favoráveis para o seu ataque. Isso porque, para Dudu ganhar vantagem, Piquerez ataca as costas do adversário em condições de receber.

Do lado oposto, isso também acontece com a dupla Mayke e Artur. É interessante perceber, também, que os laterais não ficam presos na posição e também ajudam pelo meio, sempre que a alas estão ocupadas. É desse movimento que sai o gol de Mayke após dois minutos de posse palmeirense. O lateral não recebe fechado na entrada da área por acaso.

Em relação a criação de espaços, também há um papel fundamental de Raphael Veiga, que mudou a forma de se postar em campo desde a volta da lesão. Sem Danilo, principal responsável pela saída de jogo do Palmeiras na última temporada, o camisa 23 se associa com Menino e Zé Rafael mais próximo à linha deles. Isto gera espaço no meio para ser atacado em progressão. Por isso, o meia consegue conduzir de frente para o gol mais próximo à área.

Para além do repertório tático, outro fator que justifica a superioridade sobre os últimos adversários é a consistência do time em campo. Esse processo está, sim, relacionado ao nível físico do Palmeiras, nitidamente acima dos rivais. Mas também a detalhes de encaixe da marcação, que permite ao time, por exemplo, exercer uma pressão pós-perda eficiente.

A disposição em campo desta forma faz com que, mesmo cansado, o Verdão crie atalhos para retomar a posse. Obviamente, o time não está imune a oscilações dentro da partida, mas isso ao menos minimiza a probabilidade de sofrer gols enquanto na janela em que o adversário tem o controle da bola.

Deste modo, o Palmeiras mantém uma regularidade ímpar no futebol brasileiro. Não à toa, é o clube com menos derrotas na temporada, sendo somente duas. Isso não é garantia de nada, mas explica o sucesso recente e projeta mais vitórias no futuro.

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