Ano do Palmeiras poderia ter sido diferente se Cuca escutasse mais Valentim

Alberto Valentim era auxiliar de Cuca e sempre se comportou como tal. Muito por conta disso, adquiriu uma relação excelente com o ex-treinador do Palmeiras. Valentim comandava treinos, conversava com os jogadores e era um assistente muito presente na preparação da equipe. Embora tivesse ideias próprias, ele sempre foi leal e trabalhou o time de acordo com o que era decidido pelo comandante. A situação, agora, é diferente. Quem comanda é Alberto.

Diante do Atlético-GO, por mais que tenha mantido a base titular de Cuca, Valentim realizou diversas mudanças na postura do time. Você pode entendê-las acompanhando as explicações em vídeos da partida nesse link. O Palmeiras não conseguia seguidas atuações consistentes sob o comando de Cuca. Para trabalharmos exemplos recentes, o time oscilou entre tempos contra Coritiba e Bahia, além de sair derrotado contra o Santos, dentro do Allianz Parque, depois de não transformar posse de bola em gols. Com Valentim no banco, a postura foi diferente e trouxe resultado aliado a desempenho.

Na entrevista coletiva desta quarta-feira, questionei Valentim sobre o tamanho da liberdade que tinha do antigo treinador para sugerir mudanças. “O Cuca, para quem não sabe, fazia um exercício com todos da comissão técnica em relação a quem achava que deveria começar jogando, posicionamentos dos jogadores, bolas paradas, enfim, o contexto”, respondeu Valentim, cuja sequência do raciocínio, em mais uma pergunta minha, envolvia os motivos de tanta diferença na postura do time sob o seu comando. “Algumas coisas a gente pensa diferente, o que é normal. Se os auxiliares concordarem sempre com o treinador, vão ser úteis só pra carregar os cones e os coletes. Então, quando há essa discordância de posicionamento, de forma de se defender e de forma de atacar, é legal. E isso nós tínhamos. Eu procurei corrigir dentro do que eu acho ser bom para o Palmeiras”.

Claro que Alberto Valentim jamais criticará publicamente o trabalho desenvolvido pelo técnico Cuca, seja por questões éticas ou até mesmo por admiração ao profissional, mas é nítido que ele trouxe novas possibilidades ao ex-treinador e elas não foram acatadas. Cuca poderia abrir novos horizontes e trabalhar o elenco de outras formas, deixando para trás alguns vícios, úteis em 2016, mas já conhecidos pelos adversários em 2017. Teimosias como Deyverson, marcação individual, entre outras, atrasaram o desenvolvimento do time. Valentim tem dez jogos para acelerá-lo e, quem sabe, encerrar o ano sem títulos, porém apresentando o futebol que o torcedor palmeirense esperou desde o início do ano. Se isso acontecer, a conclusão é simples: Em 2018, quem comanda é Alberto.