Após derrota, diretor do Palmeiras elogia planejamento e explica contratos curtos no feminino: ‘Jogadoras se acomodam’

Alberto Simão concedeu uma entrevista coletiva após o revés do Verdão no Choque-Rainha que culminou na eliminação palestrina na primeira fase do estadual

Não é só o futebol masculino do Palmeiras que vive um momento de instabilidade. A equipe feminina do Verdão caiu de rendimento após a derrota na final do Brasileirão e, com isso, não conseguiu se classificar para a semifinal do Paulistão. 

Conheça o canal do Nosso Palestra no Youtube! Clique aqui.
Siga o Nosso Palestra no Twitter e no Instagram / Ouça o NPCast!
Conheça e comente no Fórum do Nosso Palestra

Para Alberto Simão, diretor executivo da modalidade no clube, porém, a temporada merece elogios. O cartola avaliou, em entrevista coletiva, no último domingo (10), o ano alviverde como muito positivo. 

– A gente sabe do investimento que o Palmeiras fez. Sabemos da grandeza do clube. Tínhamos um objetivo bem traçado esse ano, que era conquistar a vaga na Libertadores, e, automaticamente, se você conquista isso, você está disputando uma grande final. Fizemos um primeiro semestre muito bom e um mata-mata muito forte. Conseguimos chegar na final e, infelizmente, não conseguimos conquistar o título. Mas conseguimos o objetivo traçado pelo clube. É uma temporada vitoriosa para a gente. É bom lembrar para o torcedor que o projeto iniciou em 2019. Tivemos o acesso, o título da Copa Paulista. Esse ano conseguimos nosso objetivo, que era a vaga na Libertadores.

Além disso, o dirigente falou sobre os contratos no clube. No futebol feminino, são comuns os vínculos de apenas uma temporada, e isso se reflete no Verdão, tanto em novas contratações, como em renovações. Para Alberto, este fato é algo natural, dado que, segundo ele, “as jogadoras se acomodam” se assinarem por mais tempo.

– É muito relativo. O universo feminino está se profissionalizando, então temos jogadoras que se acomodam com mais de um ano de contrato. A gente sabe que, a cada ano, evolui mais. Estamos falando de evolução estrutural, de merchandising, profissionalismo, de tudo. A gente vai fazer o que for melhor para o Palmeiras. Sempre tivemos uma estrutura invejada e as grandes jogadoras sempre buscaram jogar aqui no Palmeiras. Não acredito que o tempo contratual mude muita coisa para a gente. Óbvio que, quando temos a certeza de que a jogadora está rendendo e tem a cara do Palmeiras, podemos sim pensar num contrato maior e a longo prazo.

Alberto Simão é diretor executivo do futebol feminino no Palmeiras (Foto: Fabio Menotti/Ag. Palmeiras)

O cartola comentou, também, sobre o planejamento da equipe na próxima temporada. Segundo ele, a reformulação do elenco para 2021, que contou com inúmeras saídas e 11 contratações, foi algo necessário.

– É uma coisa relativa. Estamos no dia a dia e temos os números das atletas. A gente sabe o que estamos fazendo e acompanhamos as meninas. Tivemos de fazer uma reformulação maior ano passado, mesmo semifinalistas, mas fizemos uma reformulação consciente e com a certeza de que seria melhor para o Palmeiras. A prova disso é que conseguimos, pela primeira vez, essa vaga para a Libertadores. É óbvio que podemos tentar deixar uma espinha dorsal, mas é uma coisa que é do dia a dia. São números, é momento. Estamos falando de saúde mental, de investimento. Temos uma das melhores estruturas do Brasil, sabemos o que podemos oferecer para as jogadoras, mas não podemos ser irresponsáveis no mercado. Tentamos manter uma base da equipe. Falamos em reformulação, mas temos, do ano passado, Jully, Ary, Agus, Thaís. Dentro dessa espinha dorsal, vamos buscar peças compatíveis ao nosso planejamento. Ano que vem, temos a Libertadores e vamos precisar de um time mais maduro, mais rodado.

Sobre o emocional das jogadoras, Alberto evidenciou o impacto da derrota na final do Brasileirão, no dia 26 de setembro.

– A gente sabe que é muito difícil virar essa chave emocional nas meninas. Pagamos um preço emocional muito caro pela derrota do Brasileirão. Até porque estávamos muito bem no jogo. Não dá para virar a chave da noite para o dia. Existe um tempo necessário para que a gente possa virar essa chave. Agora, não é hora da gente cobrar, nem das meninas, nem da comissão técnica, questões técnicas. Temos de trabalhar mais. Éramos o melhor time do Brasil há pouco tempo. Não podemos duvidar disso. Faz parte, temos de cuidar da saúde mental de todos, mas o importante é que a modalidade vem forte. Conseguimos nossos objetivos, mas agora temos de fazer um bom planejamos para nos mantermos lá em cima.

Por fim, o dirigente falou sobre o investimento do clube nas categorias de base, afirmando que o clube deve dar especial atenção à formação das atletas e, também, afirmando que, atualmente, o plantel comandado por Ricardo Belli carece de opções para mudar uma partida.

– Existe um ‘gap’ muito grande na questão de formação. Hoje, viemos para o jogo com seis atletas da base, que não têm minutagem suficiente. É o DNA do Palmeiras, é formação. Vamos continuar investindo nisso. Aguardamos a CBF soltar o calendário. O Palmeiras está se estruturando, está no nosso planejamento fazer um investimento maior nas categorias de base. Precisamos de um número maior de atletas maduras. Vamos enfrentar uma Libertadores. Precisamos de um elenco rodado, de mais opções para mudar uma partida. Hoje ficou claro. Começamos bem, fizemos 2 a 0 e tomamos uma virada. Faltou elenco para a gente. Ficamos sem quatro atletas importantes hoje.

Alberto Simão é diretor executivo do futebol feminino Palmeirense desde 2019, quando o projeto foi reativado pelo clube.

Assista à entrevista completa

Repercussão

Em suas redes sociais, personalidades próximas do futebol feminino, como a jornalista Tayna Fiori e a jogadora do Internacional Fabi Simões, criticaram as declarações de Alberto Simão. Segundo a lateral, as atletas não se acomodam com contratos mais longos, pois elas buscam fazer história nos seus respectivos clubes.

LEIA MAIS