Artur Abramo: Prazer, Abel Ferreira

"Não atravessei o Atlântico para tirar férias", disse o treinador na coletiva de apresentação há um ano e cumpriu com o prometido

Abel Ferreira não atravessou o Atlântico para tirar férias. Foi isso que ele disse na coletiva de apresentação há um ano. Hoje, não restam dúvidas de que ele cumpriu com o prometido. Se tem uma coisa que não faltou ao português durante esse período, foi trabalho. Incessantemente, estudou para conhecer o time e melhorá-lo a cada dia.

É verdade, nem sempre conseguiu. Esbarrou em limitações da diretoria, do elenco, do futebol brasileiro e, claro, dele próprio. Mas não teve um dia sequer que passou sem pensar em como poderia solucionar esses problemas. Mesmo que lhe faltasse força e a cabeça pesasse, foi ele quem deu dor de cabeça aos demais.

Estreou no dia 5 de novembro de 2020 na área técnica alviverde, com uma classificação. Vitória em casa pelo placar mínimo contra o Red Bull Bragantino para garantir a vaga nas quartas da Copa do Brasil, que ele viria a conquistar mais tarde. Ali começou oficialmente sua jornada como técnico do Palmeiras.

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De convicção singular, por vezes confundidada com teimosia, Abel incorporou novos saberes sem abrir mão de seus ideais já consolidados. Mesmo cabeça dura, sempre foi mente aberta. Num constante ritmo de professor, que aprende e ensina a todo o tempo, conheceu uma nova cultura sem deixar a sua de lado. Tornou-se luso-brasileiro mais rápido que qualquer outro.

Virar palmeirense também foi fácil. Conhecedor da história do clube desde sua chegada, abraçou o Palestra como identidade. Avanti!, berrou e sentiu sangue verde correr em suas veias. Embora só viesse a conhecer a torcida quase um ano depois, soube representar essas cores como os mais de 14 milhões espalhados pelo país desde o primeiro minuto.

Um torcedor à beira do campo, que canta e vibra junto com o time. Porque, segundo ele, todos somos um. Todos. Do presidente ao faxineiro. Do torcedor do camarote àquele que nunca foi no estádio. Do pior ao melhor jogador. Pelo menos, enquanto a bola rolar.

Sob essa filosofia, Abel conseguiu levar o Palmeiras a seis finais em um ano. Foi capaz de pintar a América de verde após mais de 20. Conquistou a Copa do Brasil antes de qualquer outro estrangeiro. E, acima de tudo, demonstrou na prática que todos os funcionários do clube têm participação nessa história.

O português, nas suas palavras, encontrou uma segunda família aqui. Isso por valorizar cada mínima contribuição ao nosso alviverde inteiro. Compreendeu ao pé da letra o significado de Família Palmeiras. Foi receptivo com torcedores que o homenagearam em Portugal e, de igual, alegrou-se ao receber presentes no Brasil.

Um ano parece pouco para tudo que Abel fez pelo Palmeiras. Entre erros e acertos, sobrou dedicação. Prometeu apenas isso e entregou muito mais. Disciplina, trabalho e talento, o tripé que conduziu o time até aqui. Seguimos por mais. Não sabemos até aquando, mas que seja eterno enquanto dure.

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