Com sabedoria, vitória contra o Santos foi o jogo em que o Palmeiras menos teve a bola em 2018

Do ponto de vista emocional e lúdico, evidentemente é desagradável acompanhar o seu time diminuindo sua posse de bola e administrando o placar mínimo. Gostoso mesmo para o torcedor palmeirense seria ver o time de Roger Machado seguir apertando o Santos após a abertura de placar, mas do ponto de vista racional e estatístico não era sábio, de acordo com o treinador.

Foto: Cesar Greco/Ag.Palmeiras

“Uma das questões que mais salientei era de que no ano passado, os momentos em que o Palmeiras mais sofria aconteciam quando o time estava empatando ou vencendo. Pelas características ofensivas e pela história, o Palmeiras continua atacando mesmo com a vantagem, mas não pode ceder espaços. Foi o que fizemos”, explicou Roger.

Em outras palavras, Roger quis dizer que em 2017 a equipe deixou escapar vitórias ou correu sério risco de desperdiçá-las quando se expunha para tentar ampliar a vantagem. Por conta disso o Palmeiras deve adotar, diante de adversários com grande poder de definição, uma postura compacta e concentrada no seu campo de defesa para:

  1. Não permitir que o adversário se aproxima do terço de definição do campo, tornando raras as chances contra o seu gol.
  2. Estar pronto para dar o bote sempre que identificar boa possibilidade de contragolpe.
  3. Minimizar o desgaste físico da equipe enquanto desgasta o adversário, aproveitando a vantagem que tem no placar.

Então, com base nas palavras de Roger já citadas acima e o vídeo em câmera aberta que fiz da vitória sobre o Santos, produzi uma seleção de imagens que mostram a capacidade de controle do Palmeiras sobre o adversário mesmo sem manter a posse da bola consigo.

O equilíbrio do clássico no número de passes e na posse de bola é estatístico e, portanto, indiscutível. Enquanto o Palmeiras trocou 530 passes certos, o Santos trocou 540, ao passo que a equipe da Vila Belmiro acumulou média de 51% de posse de bola contra 49% da equipe de Palestra Itália. A diferença no placar existiu por conta do sucesso daquilo que a sua estratégia propõe! O Palmeiras precisou de poucos minutos para golpear seu adversário e marcar seus dois gols no jogo. Foram apenas dois minutos no primeiro tempo e quatro minutos no segundo tempo. Já o Santos, em desvantagem no placar, teve de propôr jogo por muito mais tempo, porém raramente encontrou espaço suficiente para incomodar Jailson, balançando as redes apenas uma vez.

A vitória com propriedade não existiu em números frios ou em larga vantagem obtida no placar. Ela aconteceu com propriedade por conta do excelente desempenho da equipe no cumprimento da estratégia proposta pelo treinador. Um time taticamente obediente abre um leque de possibilidades gigante. Ele pode ser defensivamente paciente quando necessário e rapidamente fatal quando o momento requisitar. A sabedoria está em identificar qual momento pede qual estratégia.