Eduardo e Alexi

Eduardo e a Sociedade Esportiva eram nada parecidos. Ele estava longe de ser um leão e ela tinha dezesseis. Um dois mil e dezesseis de sucesso com Alexi, sua antiga paixão. Sem muita maturidade, o jovem Eduardo ainda estava no esquema escola, cinema, clube e televisão. E, mesmo assim, conquistou a  madura e amada Sociedade Esportiva. Os dois pouco comemoraram juntos, mas brigaram juntos muitas vezes depois. Nunca se completaram que nem feijão com arroz.

Os programas começaram a não bater. Eduardo queria ir para uma lanchonete, enquanto sua paixão preferia o filme do Godard. A Sociedade na velocidade de uma moto nova. Eduardo, com seu velho camelo, pouco se deslocava. Fizeram planos e pensaram se casar. Mas o namoro durou pouco. Meses depois, cada um para o seu canto. Ele sofreu mais com o término. Dizem os amigos que ficou dias sem dormir.

Ela voltou a sonhar. Mas sonhar com Alexi. Alexi, sim, com ‘i’ depois do ‘x’. Alexi era o oposto de Eduardo: maduro, experiente, bom de conversa. Nunca deu chilique. Deixou o cabelo crescer (por superstição) e decidiu voltar a trabalhar. Construíram uma casa um ano atrás, mais ou menos quando o título veio. Seguraram legal a barra mais pesada que tiveram quando um equatoriano qualquer veio acertar umas contas, um tal de Barça, que copiava um espanhol de fama universal. Seguiram firmes.

Até que Dey, amigo pagodeiro próximo de Alexi, foi apresentado para ela. Foi instantâneo: algo ali não agradava. Dey não tinha boa fama fora do país, mas o menino Alexi insistia em sua amizade. Dey comia toda comida da geladeira. Queijo por queijo, bolo por bolo. E não acrescentava na despesa.

E Eduardo seguia não dando certo com ninguém. Falam por aí que até hoje é assim. Nunca mais se viram. O namoro com Alexi também acabou, mas muito por culpa de Dey. Certo estava Paulo Mendes Campos em sua crônica mais famosa. “O amor acaba como se fora melhor nunca ter existido. Mas pode acabar com doçura e esperança. Para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba”. Tem razão, escritor. Tem toda razão.

Afinal, quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?