Especial BR-72 – Crise com Brandão! CRB 1 x 3 Palmeiras

CRISE NO PALMEIRAS!!!

Ou não…

No sábado à noite, o Palmeiras venceu bem o Náutico por 2 a 1, no Recife. No domingo, o elenco foi liberado para pegar uma praia, até 14h. Mas poucos voltaram à concentração para o almoço. A maioria só chegou ao hotel depois das 18h.

Oswaldo Brandão ficou fulo. O treinador discutiu com os diretores Nicola Racciopi e Jordão Sacomani. Ele queria punir os atletas. Os cartolas entendiam que não era o caso, nem a hora. Discutiriam possível punição na volta a São Paulo, depois do jogo de quarta-feira em Maceió, contra o CRB.

O Velho Mestre ficou mais bravo com os cartolas do que os atletas. E entregou o cargo. Só não voltou para São Paulo no domingo mesmo porque não havia voo noturno. No dia seguinte, ainda desgastado, resolveu não viajar para Alagoas com a delegação. Mas atendeu ao pedido do presidente Paschoal Giuliano e deu a palavra que dirigiria o time contra o CRB. Só que só chegou a Maceió na véspera do dia do jogo, no começo da noite. Quem treinou a equipe na terça-feira foi o preparador físico Helio Maffia.

Brandão já havia feito algo parecido duas vezes no Corinthians. Mas sempre permanecera. Giuliano esperava contornar a situação na volta do treinador a São Paulo. Mas o presidente palmeirense temia que o próprio rival o levasse ao Parque São Jorge. Embora Duque estivesse contratado, o Velho Mestre tinha portas abertas no Corinthians.

Mas Brandão chegou em Maceió com as caras fechadas dos jogadores. Eles entendiam que o atraso no domingo não era motivo para aquela reação do treinador. O grupo não havia gostado na época da atitude dele. Mas isso seria superado com o tempo. E, mais ainda, com as conquistas. O único daqueles aletas com quem Brandão teria problemas até o final da vida seria com César Maluco. E ele nem estava no Recife.

(E parecia mesmo não estar nem aí… o maior artilheiro do Palmeiras desde 1942 declarou na imprensa que um dia ainda jogaria pelo Corinthias com seu amigo Rivellino. Algo que aconteceria mesmo em 1975. Mas com Riva no Fluminense. Algo que depois ele se arrependeria de ter atuado pelo maior rival…)

Brandão reafirmou à imprensa al chegar em Maceió que só dirigiria o time contra o CRB por respeito. “Não volto atrás. Estou fora. Não dirijo mais esse time de indisciplinados”.

Ele entendia que esse motivo l explicava os maus resultados em campo. Ou algumas das más atuações no início do BR-72.

Talvez fosse apenas um tranco do treinador para tentar uma reação dos atletas. Mas a crise estava instalada. Mas não por que os jogadores fizeram uma vaquinha e pagaram o bicho de vitória no Recife para Ronaldo. Por ordem de Brandão, jogador que fosse expulso por agressão ou revide não teria premiação pela vitória. A atitude do grupo não irritou o treinador.

Mesmo assim, a segunda turnê pelo Nordeste no BR-72 teve outro bom resultado em Alagoas. O Palmeiras não perdia havia 7 jogos. E ganhou com propriedade no recém inaugurado estádio alagoano, com dois gols do Divino, e atuação segura do time campeão paulista invicto de 1972, contra o CRB que até então não havia vencido jogo no BR-72.

Apenas uma mudança no time sem César (suspenso até abril) e Dudu, quase recuperado das costelas fraturadas. Edu voltava à ponta-direita no lugar do técnico e versátil Ronaldo, expulso contra o Náutico. Brandão ganhava velocidade e um chute muito forte.

O Palmeiras começou melhor e abriu o placar aos 16, quando Nei lançou Ademir (os melhores em campo, junto com Alfredo). O Divino tocou na saída do goleiro Vermelho. O jogo ficou mais equilibrado até o CRB empatar com Ruben Salim, de cabeça, aos 42.

O Palmeiras voltou melhor na segunda etapa. Pio entrou bem no lugar de Edu para travar o apoio do lateral rival. Madurga fez o mais belo lance do jogo mas Vermelho evitou o gol. Aos 20, porém, Leivinha ganhou mais uma de cabeça e serviu Nei paga desempatar. O ponta sofreria o pênalti que Ademir converteu, aos 30.

Brandão ainda fez entrar o jovem atacante Bio, de 19 anos, alto e magrelo. Ele ganhou o bicho. Mas o bicho bravo que estava Brandão ainda não garantia dias de paz no Palestra.

CRB 1 x 3 PALMEIRAS
Campeonato Brasileiro/Primeira Fase
Quarta-feira, 4/outubro (noite)
Rei Pelé
Maceió (AL)
Juiz: Luís Carlos Félix (RJ)
Renda: Cr$ 65 025
Público: não disponível
PALMEIRAS: Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Zé Carlos e Ademir da Guia; Edu (Pio), Madurga (Bio), Leivinha e Nei
Técnico: Oswaldo Brandão
Gols: Ademir da Guia 16 e Rubens Salim 42 do 1º; Nei 20 e Ademir da Guia (pênalti) 30
do 2º