Especial BR-72 – Primeira em casa: Palmeiras 2 x 2 Botafogo

O Robertão de 1969 foi conquistado depois de um 3 a 1 no Botafogo, no Morumbi. O BR-72 acabaria sendo vencido meses depois, em dezembro, com empate sem gols no mesmo estádio. Mas, naquela noite de quarta-feira no Pacaembu, o time carioca era o mesmo que, em dezembro de 1971, vencera o Palmeiras naquele Pacaembu e acabaria se classificando para o triangular decisivo que daria o Brasileiro do ano anterior ao Atlético Mineiro.

O Palmeiras vinha de três jogos fora de casa. Derrota para o Coritiba, 3 a 0 no Vitória, empate surpreendente contra o Sergipe. Era o primeiro jogo em São Paulo desde o título paulista invicto.

Dudu seguia se recuperando das costelas fraturadas naquele empate sem gols contra o São Paulo no SP-72. César havia sido suspenso por 7 meses (mas ao menos enfim renovara contrato por um ano). Com lesão muscular na coxa direita, Leão mais uma vez seria substituído por Raul Marcel (que tinha uma empresa com César). Goleiro de boas qualidades, mas sempre brigando contra a balança.

Dudu fazia muita falta na cabeça da área. Ademir tinha de fazer vários funções. Fedato e Ronaldo sabiam fazer gols. Eram ótimos jogadores. Mas não eram o que viria a ser o artilheiro histórico do Palmeiras desde 1942 como César.

A imprensa começava a discutir a maratona de viagens e jogos e se os clubes tinham elencos suficientes para tanto. Era opinião quase unânime que o Palmeiras tinha: Leão, Raul Marcel, Neuri e Tonho que vinha da base para a meta; Eurico e João Carlos (que atuava em qualquer posição da zaga), Zeca e Celso para as laterais; Luís Pereira, Alfredo, Polaco e Beliato na zaga; Dudu, Ademir da Guia, Zé Carlos, Madurga no meio; na frente, Edu, Leivinha, César, Nei, Ronaldo, Fedato, Bio e Pio.

O time titular era muito melhor que o reserva. Mas não seria necessário até o final do BR-72.

Sorte de Brandão que Leivinha seguia jogando o fino. E cabeceando como nenhum outro no Palmeiras e talvez no futebol brasileiro.

O Botafogo vinha de derrota em casa para o Grêmio (melhor time do início do BR-72). O técnico Tim não tinha os lesionados Jairzinho (o Furacão da Copa-70) e o ponta Zequinha. Começou pressionado pelo Palmeiras. Mas com 10 minutos já equilibrou o clássico e, numa bela enfiada de Carlos Roberto às costas de Luís Pereira, o artilheiro argentino Lobo Fischer tocou na saída de Raul Marcel. 1 a 0 Botofago, aos 24.

O Palmeiras demorou a se acertar. O rival se fechou bem. Mas em boa troca de bola entre Eurico e Ademir pela direita, o Divino cruzou de esquerda para a área. Toda a zaga alvinegra bobeou (e era de Seleção com Brito e Osmar) e Nei aproveitou para vencer Wendel (outro que seria do Brasil, também como preparador de goleiros).

O jogo seguiu igual na segunda etapa. Em lance confuso, Fischer desempatou de novo, de bico, aos 16. Só aos 39 o Palmeiras voltou a empatar. Eurico cruzou da direita, e Leivinha cabeceou espetacularmente no ângulo de Wendel. Brito não o alcançou. (Como também não alcançaria na final do SP-74).

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Empate justo. Também pela força do Botafogo. Mas ainda ruim na tabela para o Palmeiras que não engrenava.

Vaias injustas à equipe. Madurga foi muito vaiado quando substituído pelo volante Zé Carlos. Leivinha vinha sendo apupado até o gol de empate. Por isso foi em direção à torcida mostrar a camisa suada. “Nessas horas difíceis precisamos demais do apoio do torcedor”. Eurico também estava chateado com a reação da torcida. “Quando estamos vencendo não precisamos do apoio. Mas quando as coisas não estão bem, fundamental que a torcida nos ajude”.

Não eram muitos no Pacaembu. Nem 11 mil. E quase todos cornetando o momento irregular do campeão paulista de 1972.

Para Marinho Chagas, que seria titular do Brasil na Copa de 1974, o empate em São Paulo havia sido uma vitória para o Botafogo. Para Tim, o Palmeiras tinha condições de disputar o título de 1972. E seria contra o próprio Botafogo.

https://youtu.be/2dqbphtO5fA

PALMEIRAS 2 X 2 BOTAFOGO
Campeonato Brasileiro/Primeira Fase
Quarta-feira, 20/setembro (noite)
Pacaembu
Juiz: Luís Carlos Félix (RJ)
Renda: Cr$ 81 580
Público: 10 856
PALMEIRAS: Raul Marcel; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Ademir da Guia e Madurga (Zé Carlos); Ronaldo, Leivinha, Fedato (Pio) e Nei
Técnico: Oswaldo Brandão
Gols: Fischer 24 e Nei 42 do 1º; Fischer 16 e Leivinha 39 do 2º