Ha 43 anos por 21

O reserva Jair Gonçalves cruzou da direita. Leivinha ganhou de cabeça do tricampeão mundial Brito – como ganha nas cabeçadas de qualquer brasileiro que vi jogar. Ele tocou para o substituto de César emendar de sem-pulo. 1 a 0. O mais decisivo Ronaldo dos Dérbis paulistas abriu o placar que só não foi maior por conta de um lance de gol mal anulado depois (e, sim, na origem do gol, Luís Pereira fez falta em Rivellino).

22 de dezembro de 1974. A segunda Academia ganhava seu segundo paulista em três anos. Em fevereiro daquele mesmo 1974 vencera o bi brasileiro. Em agosto ganhara o Ramón de Carranza na Espanha eliminando o Barcelona de Cruyff, Neeskens e Rinus Michels. Os caras que um mês antes encantaram o mundo na Copa da Alemanha com a Laranja Mecânica da Holanda. Mundial que talvez fosse diferente se Zagallo tivesse utilizado melhor os seis palmeirenses que convocou para a Copa de 1974.

Isso tudo e muito mais era a segunda Academia de Brandão. LeãoEuricoLuísPereiraAlfredoeZecaDUDUeADEMIRDAGUIAEduLeivinhaCésareNei. Rima que era seleção. Time que fazia um a zero e bastava. Ou nem gol precisava fazer para ser campeão. Como foi no SP-72. BR-72. BR-73.

Mas nem assim era o favorito para a imprensa. O campeão do turno estava 20 anos sem ser campeão. E ainda assim o alvinegro era o favorito. O campeão do returno vinha melhor. Vinha Palmeiras. E não era o favorito.

Não foi mesmo melhor no empate por 1 a 1 no Pacaembu, no primeiro jogo. Leão fechou o gol. No Morumbi, 100 mil alvinegros e uns 20 mil alviverdes encheram o estádio na tarde feia. Parecida com o 12 de junho de 1993. Em tudo.

Eram favoritos. Sairiam da fila contra o maior rival. E deixariam o adversário mais um ano na fila.

Tudo isso aconteceu. Mas teria de sair na sessão de ERRAMOS do jornal. Os vencedores foram outros. Ou quase sempre os mesmos nos Dérbis decisivos.

Só se o Palmeiras ficar 20 anos na fila e cair para o rival será possível devolver a derrota de 1974. Só se o Palmeiras deixar o adversário sair da fila de 16 anos para devolver 1993.

Ou só se um símbolo como Dudu desmaiar depois de uma falta cobrada por um gênio como Rivellino e logo depois reaparecer na barreira e dela só ser tirado por ordem do árbitro.

– Sai daí, velhinho. O Rivellino vai acabar te matando!

Não matou. Mas se preciso Dudu morreria pelo Palmeiras. Era Dérbi. É Palmeiras. É campeão há 41 anos. E contando.