ItalianMinas: porque o futebol, e o mundo, precisa delas

“É preciso ter força, é preciso ter gana, é preciso ter raça, é preciso ter sonhos, sempre”. Que me perdoe o enorme Milton Nascimento por paragrafar sua obra do meu jeito. Licença poética para fazer de uma história da vida, uma lembrança literária, um manifesto manuscrito no teclado desse celular para celebrar essa gente que inspira.

Sonho de ter espaço, de ter seu lugar no lugar em que achar vontade de estar. É preciso muita força para superar as toneladas que oprimem os cabelos longos de flutuar pelos ares quando a bola encontra a rede. É preciso ter muita gana pra sustentar a cabeça em pé quando o olhar te cercar por todos os lados em opressão pelo nada simples, nada indecoroso e absolutamente acéfalo raciocínio de ter ali a humanidade de uma mulher.

É preciso ser Maria das Dores para ser Maria das Graças. É preciso ser Isabel para fazer Bela a vida de uma gente que ri, quando deveria chorar, mas que prefere mesmo ter fé na vida e seguir na batalha. Jéssica estendeu a mim, como Lurdes havia estendido a Milton, a sua história. Ela mostrou a quem apenas escreve, e não tem a mínima noção do que foi ter vivido, como construiu um grupo de mulheres que decidiram viver sua paixão, seu amor, juntas, em comunhão, segurança e representatividade.

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“Unidas pelo Palestra”, elas têm por frase de vida. Unidas por, pelo e para o Palmeiras, eu acrescentaria. Meninas, mulheres, senhoras que se uniram através das redes sociais e como conta Jessica, o começo foi com intenções mais modestas, ainda que tão humanas:

“Criamos o grupo no início de setembro do ano passado. Nosso intuito a princípio era simplesmente juntar algumas meninas num grupo no whatsapp pra falarmos do Palmeiras, tanto que a maioria de nós já nos conhecíamos pelo twitter, mas o grupo começou a crescer e conseguimos juntar muitas meninas. Vimos que juntas éramos mais fortes e então juntamos a luta contra o machismo no futebol e o amor pelo Palmeiras.”

Hoje, o ItalianMinas é consolidado e reúne mais de 3 centenas de mulheres que se reúnem dentro ou fora do estádio para acompanhar o que amam, independente de como o mundo veja e tente diminuir esse sentimento. Se fortalecem na paixão de quem está ao lado, superam as pedras, desviam dos perigos, enfrentam e peitam os medos. Revolucionam o que querem mudar. Imparáveis.

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Nos bares, nas ruas, nas casas, no Allianz ou em La Bombonera. Lugar de mulher é, bom, vocês já deveriam ter decorado a sequência dessa frase, afinal, o mundo é pequeno para descrever apenas um registro geográfico sobre onde estar.

Onde. Elas. Quiserem.

Queria ter uma maneira, enfim, que orgulhasse vocês na mesma proporção que me sinto orgulhoso do que fazem. Queria ter composto “Maria Maria”. Resta celebrar a resistência que fazem e inspiram. Não terei gramática suficiente pra isso. O Palmeiras certamente se vê. O clube da contestação, da revolução, do enfrentamento. Da torcida que tem fibra. Das mulheres que fazem esse coração mais verde, mais bonito e muito, mas muito forte.

Feliz dia que tem nas mulheres o sobrenome e do time que as têm como torcedoras.