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Mauro Beting: 'O River antes do Rio - um ano da noite de cabeza para baixo'

Os Três Porquinhos que um ano antes estavam subindo para o time principal. E mal sabiam o que hoje a América muito bem reconhece. Duplamente

River Plate 0 x 3 Palmeiras – estádio Libertadores de América, em Buenos Aires (ARG) – 5/1/2021 – Semifinal (ida) – Gols: Rony, Luiz Adriano e Viña (Foto: Divulgação/Libertadores)
River Plate 0 x 3 Palmeiras – estádio Libertadores de América, em Buenos Aires (ARG) – 5/1/2021 – Semifinal (ida) – Gols: Rony, Luiz Adriano e Viña (Foto: Divulgação/Libertadores)

Ficamos todos assim em Avellaneda. De cabeça para baixo. Incrédulos como Gallardo que, desde 2014, dirigia o melhor time da América contra o Palmeiras que tinha dois meses de Abel (e, naquela noite, o maior intervalo de trabalho entre os jogos, de apenas seis dias). River favorito para começar ganhando a semifinal da Libertadores de 2020. Há um ano exato – e bota certo nisso!

Na cabine do SBT, acreditei ainda menos nas chances paulistas quando Luan sentiu a lombar no aquecimento. E mais ainda quando foi substituído pelo canhoto Alan Empereur. Gómez teria que jogar do lado direito. Mas acabou mesmo atuando por dentro, na sobra. Bem protegido por Marcos Rocha nessa trinca central, com Gabriel Menino e Viña como alas numa linha de cinco defensiva. Protegida por Danilo e Patrick de Paula, no então insuspeito 5-4-1 (repetido na final de 2021).

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Os Três Porquinhos que um ano antes estavam subindo para o time principal. E mal sabiam o que hoje a América muito bem reconhece. Duplamente.

Também pela imperial presença de Weverton. Com menos de 5 minutos, o Paredão palmeirense emulou São Marcos em Núñez, na semifinal de 1999, contra o River Plate de Gallardo (então enganche da Banda Roja). Fez um milagre do nível daqueles outros cinco de Marcão em 1999. Carrascal chutou e Weverton milagrou.

Em 15 minutos, 63% da bola era do River. Outros 30% pareciam estar com os gandulas. O Palmeiras jogava para não perder. Aos 20, Borré chegou atrasado para abrir o placar. O time de Abel mal chegava à frente, e nem os cinco de trás davam conta do River que inundava a área verde.

Quando os Millonarios mais tinham a bola, Patrick de Paulo achou Menino na direita. A bola que seria para Luiz Adriano é interceptada por Armani, que se atrapalha e dá o rebote para Rony abrir o placar na primeira chance palmeirense, aos 26. Era o quinto gol de uma Liberta ainda com sete assistências dele. De um atacante que mal achava o jogo até outubro.

Aos 30, Scarpa ampliou em belo lance. Mas Luiz Adriano estava impedido. E o palmeirense parecia iludido com aquela bolha de bola. Empereur parecia um Luís Pereira na zaga. O Palmeiras voltava a ser aquele time que, naquele momento, passava a ser o brasileiro com mais vitórias em Libertadores desde 1960. O que mais venceu fora. O que mais gols marcou. Ampliando a sequência já recordista de 11 jogos invicto como visitante (e ainda contando em 2022). E calando os malas que diziam que aquele time sentiria quando enfrentasse alguém do seu tamanho naquela competição.

O Palmeiras voltou para o segundo tempo depois de ficar com apenas 29% da bola. Mas para fazer ainda mais história. Com 1 minuto, depois de bote de Empereur, Luiz Adriano recebeu de Danilo, deu uma banda no Rojas da Banda Roja, e foi para o segundo gol.

Aos 6, em mais uma bela invertida de bola, Gabriel domina a bola de letra. Daquelas jogadas de separar Menino de muchacho e muxoxo. Não deu 8 minutos e Carrascal seria expulso chutando Gabriel. Aquelas expulsões que normalmente os brasileiros se perdem nas milongas platinas. E daquela vez foi o ótimo meia do time que mais venceu jogos na história do torneio, menos perdeu em casa, e que mais títulos havia conquistado na década…). Logo depois da justa expulsão, De La Cruz, irmão do santista Sánchez, tentou provocar e levar junto Menino com uma pedalada. Gabriel ficou na dele. Até por já estar 3 a 0. Na sequência da tarjeta roja, Scarpa botou a bola na cabeça de Viña.

Até o final, o favorito River veria o Palmeiras criar nove chances, contra oito do mandante. Garantindo outra vitória espetacular de um time que atuara 61 vezes em 12 meses, contra apenas 28 do River.

Resultado que honrava a memória de Brandãozinho. Último remanescente da Copa Rio de 1951 e que partira, aos 89 anos, na manhã daquela terça-feira.

Quando se começava a imaginar ser possível voltar ao tão querido e hospitaleiro Maracanã para tentar repetir um título internacional como acontecera 70 anos antes.

Mas, para isso, ainda seria preciso o jogo de volta. O mais nervoso nos meus 55 anos. E talvez nos 106 então de Palestra.

Quando Patrick de Paula – suspenso – faria muita falta. Quando faltou ar. E ainda falta coragem para rever aquele massacre. Mas que terminou mais uma vez como Palmeiras. Vencedor. E como palmeirense. Temendo o pior. Mesmo torcendo pelo melhor de 2020-21.

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