Na temporada em que menos jogou nos últimos 10 anos, Jean admite que possível título brasileiro terá sabor especial

Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

O lateral e meio-campista Jean é um dos poucos jogadores que podem alcançar o tetracampeonato brasileiro na carreira. Em 2008 foi campeão pelo São Paulo, enquanto em 2012 levantou a taça com o Fluminense e dois anos atrás vestiu a faixa com o Palmeiras. Jean foi titularíssimo em cada um deles. Em 2018, ele tem a chance de erguer o quarto caneco como um 12º jogador, atuando bem menos, porém essa pode ser a mais saborosa de todas as conquistas. Se nas outras Jean teve de se superar a cada dia dentro de campo, nessa ele teve de experimentar o sabor de se superar também fora dele. Superar, por exemplo, o receio de encerrar prematuramente a sua carreira.

“Difícil você pensar que é uma cirurgia. É uma dificuldade. Foi um momento em que me passaram que era algo grave. Então cheguei na minha esposa e falei: ‘Amor, vamos começar a preparar nosso futuro, vamos os organizar porque vai ser bem complicado de voltar’”, relembrou Jean em entrevista coletiva na Academia de Futebol.

Para entender melhor essa história é preciso voltar ao segundo semestre de 2017, quando Jean começou a sofrer mais do que o habitual para um atleta. Um desgaste de cartilagem do joelho direito com o qual convivia passou a diminuir seu rendimento e sua concentração em campo, obrigando o atleta a alterar sua rotina de trabalhos físicos, deixando de lado até alguns treinamentos táticos. Durante suas férias na virada do ano, Jean realizou um cronograma especial para voltar bem em 2018, mas chegou ao período de pré-temporada lamentando o mesmo incômodo e, por isso, foi submetido a outro tratamento que envolveu processo cirúrgico e só retornou aos gramados no dia 06 de junho.

“Felizmente foi uma vitória muito importante. Estou me sentindo até melhor. Bem melhor do que em muitos momentos anteriores. Essa experiência que me fez crescer e aprender a me cuidar muito mais. Isso ajudou bastante e com certeza foi um salto. Tenho muito que agradecer a esse clube, as pessoas que estiveram na minha recuperação, porque não foi fácil. Essa cirurgia é muito complicada. Agora estou fisicamente e mentalmente cada vez melhor”.

De acordo com os números do site Ogol.com.br, entre 2009 e 2016 Jean teve média aproximada de 55 jogos disputados por temporada. A titularidade foi uma constante em sua carreira, já que o volante/lateral acumulou média de 52 partidas entre os onze iniciais de seus clubes. Nos últimos dois anos, foram 44 partidas como titular em 59 jogos disputados. O ano de 2018, em especial, foi o mais difícil de sua carreira, pois o volante/lateral acumula até agora apenas oito partidas como titular em somente 20 jogos disputados. Apesar de obter números muito abaixo dos habituais, Jean celebra a temporada pelas circunstâncias dos últimos dois anos.

“Bem diferente, né? Graças a Deus sempre pude jogar bastante. Mas o importante é que neste ano tinha uma meta de 35 a 40 jogos, e conseguimos. Estive pronto para jogar em 40 jogos, joguei e participei de 20. Devido a essa cirurgia que é inédita no Brasil e tudo, realmente é muito difícil para mim. Foi um ano difícil, já no ano passado. Mas, não sei se isso é um erro ou acerto, só saio de campo se não aguentar mais. Mas conquistamos isso junto com a fisioterapia, com o Palmeiras, que é uma referência em recuperar atleta. Imagine voltar de uma cirurgia muito complexa e conseguir estar à disposição do treinador, sem conseguir fazer pré-temporada completa. Realmente é uma vitória. E brigando por mais um título, é algo que realmente marcou minha carreira. Com certeza, vou ficar mais forte depois de tudo isso que passei”.

Sob o comando de Felipão, Jean passou a ser uma espécie de 12º jogador. A sua polivalência atrelada a sua experiência fez com que o treinador passasse a utilizá-lo com uma frequência muito maior do que o antecessor Roger Machado. Ele tem contrato até dezembro de 2019 com o Palmeiras e depois de tudo o que passou, não pensa mais em abandonar o futebol. Pensa, sim, no sabor especial que esse possível título de 2018 pode ter.

“Muito especial por tudo que passei, foi o ano mais difícil da minha carreira, então vai ser mais do que especial. Não consigo achar palavra pra expressar. Claro que tem um longo caminho ainda, mas com certeza se concretizando vai ser mais do que especial pra minha vida, minha carreira”, conclui Jean.