Ainda dá tempo

Parece péssimo. É, é muito chato. Irrita mesmo. É preciso amanhecer o dia depois e tirar conclusões úteis da derrota. São muitos erros que tem de servir para alguma coisa. Não é o final dos tempos, mas é mais do que tempo de encerrar a série dos mata-mata que terminam em reflexão. E em fracasso.

As duas versões do Palmeiras de Scolari caminham sem sentidos opostos. Com mais de oitenta por cento de aproveitamento em pontos corridos, o desempenho nos eliminatórios não passa dos sessenta. É longe demais. Há aí uma distância incomum e que precisa ser equilibrada. Porque tão bom em algo e tão frágil em outro? Mudanças tem de acontecer.

A postura é questionável? O argumento de que o time parece levar esses confrontos eliminatórios em clima ameno, às vezes, parece real. Compete bastante, mas entende pouco que os detalhes definem esse tipo de jogo. A superioridade técnica se dissipa quando o aspecto anímico o ata em proporções muito elevadas. Todos querem demais. Inocência imaginar que a vontade diária bastará. É vida ou morte.

A ala mais exaltada da crítica entende que o problema é tático. Porque atuar de forma tão resguardada? Até certo, medrosa. Os confrontos tem oferecido chances do ótimo time do Palmeiras propor seu estilo. A insistência em optar pela segurança pode, e caminha pra isso, transparecer covardia. É muito material para não se permitir testar uma nova ideia.

A camisa nove passa por um turbilhão. Será que as opções não são suficientes? No momento, parecem carecer de novidades. Usar Arthur, testar um time sem uma referência. Deyverson passa por uma má fase. Não é o horror que parece e nem Evair que já pareceu, mas passa por um momento conturbado e precisa parar alguns jogos. Todos merecem uma chance de resfriar as ideias.

Jogadores que também estão no alvo da ira alviverde como Lucas Lima e Moisés serão úteis ao longo do ano, mas também não tem justificado a posição que possuem. Existem opções, como Gustavo Scarpa, que precisam voltar a ter jogo. Raphael Veiga é outro que faz por merecer mais minutos. Não se pode fechar o círculo em torno de poucos.

Uma mistura de tesão insuficiente, nove jogando mal, postura medrosa e detalhes infelizes, além de uma bom rival, tiraram a Copa do Brasil do ano alviverde. Tem o resto. Que é muito. É super possível rever conceitos e ajustar ponteiros. Não é final do mundo, mas sim uma excelente chance de recomeçar da melhor forma possível.

Ainda dá tempo.