Nunca ex, sempre Alex: 14/9/1977

Não é  um meia-armador. Não é  um meia-atacante. Ele é um craque inteiro da cabeça privilegiada aos pés inteligentes. Coração que virou verde e branco. Mente que fala a verdade. Craque que é dez. Classe de tirar e dar chapéu.

Um cara que joga pro time e com a equipe. Um ídolo que não joga pra galera. Faz a torcida jogar junto. Um profissional que pensa o jogo e todo o esporte. Quer vencer. Mas não só ele. Dá a mão para quem nem sempre ganha. Esse é o maior vencedor.

O futebol nunca perde um craque como ele. O exemplo fica. Ele está conosco. Campeão do Rio-São Paulo em 2000. Campeão da Copa do Brasil em 1998. Campeão da Mercosul em 1998. Campeão da Libertadores em 1999. Campeão.

O craque dos gols que fizeram possíveis tantos títulos. O cara do gol que só é possível para quem sabe, para quem crê, para quem é Palmeiras. Um chapéu no zagueiro, mais um chapéu no goleiro, uma reverência eterna.

Um dos maiores craques que já jogaram em quase 100 anos do Palestra Italia. Uma estrela que tinha que brilhar no Allianz Parque.

Para você, o Palmeiras tira o chapéu. Para você, o aplauso em pé de todo palmeirense.

Vem pra cá, craque. A casa é sua. A história centenária da Academia é eterna como…

Alex!!! 

 

(Esse foi o texto que escrevi e li como mestre de cerimônia da despedida de Alex, no Allianz Parque. Onde recebi ovada de São Marcos no final da partida. Quando ainda não pude crer a felicidade de rever tanta gente querida entre os amigos de Alex e craques e campeões e ídolos de sempre do Palmeiras.

Obrigado, Alex. E Palmeiras, AEG, WTorre, Allianz Parque pela força de sempre).

 

Esse é o Alex que completa 40 anos.

 

Quando se despediu da bola, em dezembro de 2014, escrevi o texto abaixo no LANCE!

 

 

Não vamos perder Alex neste primeiro domingo de dezembro de 2014 quando ele encerra no Alto da Glórias os 19 anos de futebol, com 400 gols em 1000 jogos. No Coxa do coração, o Cabeção vai pendurar as chuteiras como todo ano penduramos meias para Papai Noel pedindo um presente.

Eu adoraria pedir de Natal o passado sempre atual de Alex.

Craque que merecia a Copa de 2002 no currículo. Caráter que a vida brasileira precisa ter em todos os campos. Campeão de quase tudo por muitos.

Mais dele já escrevi em outro texto, nesta sexta-feira exibido no Fox Sports. E ainda é nada. Ainda mais se comparado ao livro que vem aí, biografia escrita por um Alex das letras – Marcos Eduardo Neves.

Aqui só quero contar mais uma historinha de família. Aquilo que tanto preza Alex.

Foi em de março de 2002. Morumbi. Meu caçula Gabriel não tinha seis meses. O Luca tinha três. O São Paulo era favorito naquela noite de quarta. Vinha de vitórias de quatro pelo Rio-São Paulo. O Palmeiras não vinha mal. Mas não jogava tanto até fazer dois gols em menos de meia hora.

Até fazer o gol de todas as horas.

Eu iria tentar aqui descrever o gol. Eu poderia transcrever o que falou o José Silvério na Bandeirantes na narração que rendeu placa ao autor do gol e ao locutor que, como craque que é, viu e relatou antes da conclusão a obra prima palestrina.

Quando Alex chapelou primeiro o zagueiro Emerson, já era demais.

Quando Alex chapelou o número 1 Rogério Ceni, foi além de tudo.

Quando ele teve a humildade de encher o pé de sem pulo para não encher o saco de ninguém, meus olhos já eram água.

Liguei pro Luca. Pedi para a mãe dele chamá-lo. Falei que era gol do Palmeiras e ele fez aquele “eeee” infantil.

Mas criança era eu na cabine da TV Record.

Eu não estava comentando o jogo. Ainda bem. Não havia o que falar. Ainda não há o que descrever. Reveja no YouTube. Ou nem precisa. Está na memória de muita gente. Verde ou não. Não precisa esperar cinco segundos para pular o comercial. Não deu isso de tempo para Alex fazer um gol para todos os tempos.

Foi 4 a 2. Desde então o Palmeiras não venceu o Tricolor no Morumbi. Cairia no final do ano de 2002. Pode cair de novo este ano.

Isso não é Palmeiras. Aquele gol de Alex vale por 100 anos de clube.

Esse é o Alex: o abraço que ele me deu no dia do Amém final a São Marcos em dezembro de 2012 valeu por meus 46 anos.

O Palmeiras tinha acabado de cair no BR-12. Meu pai tinha morrido duas semanas antes. Alex chegou na concentração da festa, me abraçou e falou algumas palavras.

Assim como não consigo descrever o que foi aquele gol de 2002 que me fez chorar, não consigo repetir o que ele me disse.

Fiquei tão emocionado com o carinho e respeito pelo meu Babbo que também chorei logo depois. Não na hora, que a gente fica sem palavras. E todas as minhas palavras, naquela hora, eram para que Alex pudesse voltar ao Palmeiras e ser o camisa 10 no centenário.

Homem de palavra e de família, Alex já era do Coritiba. Sempre foi.

Como sempre será dos times que honrou. Como sempre será dos torcedores que sabem o quanto ele jogou.

Cabeção com inteligência e caráter do tamanho do coração, Alex me fez chorar ao telefone com meu filho em 2002. Me fez chorar no banheiro de um hotel pelo meu pai em 2012.

Neste domingo ele se despede.

Em todos os dias eu me despeço e jamais dispenso um cara como ele.

Alex, obrigado pelos 4 a 2 em São Januário, pelo 4 a 2 na Copa do Brasil em 1999, pelos 3 a 0 no River, pelas quartas da Libertadores de 1999 e pela semifinal de 2000.

Pelos chapéus de 2002, pelo abraço em 2012.

Se puder, claro, também por uma ajudinha que estamos precisando em 2014, contra o Bahia.

Mas mesmo se não tivesse tudo isso, mesmo se você não jogasse tudo isso, obrigado só por ter Bom Senso e coragem.

Por ser o cara que você é.

O craque que você é.

Nunca ex. Sempre Alex.

 (E Alex nos ajudou mesmo contra o Bahia, no último jogo de 2014)