O campo dos sonhos é nosso e de todos que vão pra rua

Teve gente no treino aberto como ainda está o campeonato que não foi ver o artilheiro do SP-18 merecer a escalação que eu desconfiava por ele fazer em campo coisas que eu faria igual – e isso não é elogio. Teve palmeirense que estava lá com Borja no comando do ataque, com o decisivo Dudu agora na direita e bem, com o sempre ótimo Willian fazendo de tudo e por todos pela esquerda.

Teve gente que não queria Lucas Lima nem pintado de verde e branco no clube e agora vê que ele até volta para armar jogo. Tem quem como eu que não sabia quem era Keno em 2016 e desde 2017 quer vê-lo driblando como se fosse Nei na ponta-esquerda que resiste. Como resistem os palmeirenses que ocupam a Palestra Italia como se ainda fosse Turiaçu como se fossem essas ruas que esquecemos de ocupar e nos preocupar. Ou por medo ou por revolta apenas de panela, não empoderada.

Teve gente sobrando que agora vê em Felipe Melo não só discurso vazio e tapa sem responsabilidade. Vê um ótimo volante. Como enfim é o Bruno Henrique que, como todo o Palmeiras, não foi em 2017. Quando nos perdemos também quando perdemos o Moisés que agora vai se reencontrando com o que joga e tudo que se joga. Como Marcos Rocha voltou a ser aquele que valeu a troca. Como tem valido o Victor Luís que é um dos nossos em campo. Como foram tantos os nossos no treino de sábado no Allianz Parque como deve ser: cheio de palmeirenses pagando o preço justo. Dando e doando vida e alimento.

Treino para entrosar os zagueiros que eu não sei nem se seria o caso de seguirem no elenco no começo do ano. Tem merecido a titularidade e elogios Antonio Carlos. Como tem merecido mais chances Thiago Martins. Outro da base que cresce como só aumenta essa paixão que nem precisa de jogo. Só de Palmeiras. De palmeirenses como Jailson da massa que lotou o estádio e o lindo estado de alma verde do lado do nosso campo na manhã de sábado emocionante como foi a noite de sexta do rival.

Não importa qual maior ou mais bonita. É como comparar festa de aniversário de filho. Toda ela é a maior alegria de quem dá e recebe parabéns. Não tem como medir. Só curtir. Compartilhar. Não como rede social. Mas como sociedade. Esportiva Palmeiras. A da Pantera Verde Jailson que, se continuar sendo o que é, garantindo a meta sem gols, conquistará mais um título merecido pela campanha.

Mas nada ganho ainda. Longe disso. Palmeirense é da turma do já-perdeu, jamais do que já-ganhou. Tudo desconfiamos. Tudo corneteamos. Tudo criticamos.

Talvez porque estamos acostumados a tudo de bom e de ótimo e de Palmeiras. Também porque somos família que briga tanto quanto se ama, que discute tanto quanto se defende.

Não importa quem fez festa maior ou mais bonita. Lindo é que os rivais se uniram em torno de suas famílias. Como num jantar de confraternização em Itaquera. Como num almoço de família em Perdizes.

Os povos na rua. É possível.

Teve gente que não foi ver o Palmeiras. Foi se ver. Rever. E ver o quanto a família é Palmeiras. Quanto o Palmeiras é família.