O gramado conhece o Divino

Eu levei Luís Pereira para entrar no gramado do Allianz Parque pela primeira vez no dia do centenário. Eu pedi pro Evair bater um pênalti imaginário na noite de inauguração da nova arena.

Hoje eu levei Ademir da Guia para reconhecer o novo gramado artificial. Ou melhor: o gramado conheceu o Divino.

O maior e melhor pisou pela primeira vez hoje, depois de ter flutuado por lá entre 1962 e 1977. No vídeo em @onossopalestra você o vê como se fosse sua estreia, contra a Inter. Pedi depois para o Divino tirar as chuteiras e as meiões e pisar nos milhões de termoplásticos verdes com a humildade descalça. Como ele.

Ademir saiu correndo como o garoto de 77 anos que é. Parecia um dos meninos do sub-14 que estavam treinando. Era o menino humilde e modesto que dizia que chutava mal de esquerda, chutava fraco de direita, e não sabia cabecear… Isso depois de ser o craque de um dos cinco títulos nacionais, em 1972…

Quem fala isso ontem e sempre? Só um abençoado por Ele mesmo. Eterno.

Tanto parecia uma criança de 77 anos que o Marcelo Pedro da Pavimento Filmes (que dirige a longa entrevista que fizemos e que vai pro ar em breve no NOSSO PALESTRA) teve a ideia: será que o Ademir da Guia jogaria um pouco com os meninos palmeirenses?

João Paulo Sampaio, diretor da base, concordou e lá foi o Divino sub-80 jogar com os sub-14.

E quem disse que ele só foi bater umas bolinhas? Não adiantava eu gritar (imitando o Dudu velho parceiro dele) para o Ademir deixar o campo.

  • Deixa só eu passar mais uma bola, vai?

E eu deixava. Como se fosse um vovô como ele de 77 anos.

Posso dizer. Nem eu estava mais feliz do que aquele bom velhinho. Quase tão velhinho quanto seu Olegário. A outra coroa-metade do Alviverde inteiro.

Vendo Ademir não querendo sair de campo aos 77 anos no meio de 22 sub-14 me faz ser ainda mais jovem do que esses meninos. Ainda mais feliz do que o Divino que nos inspira e ilumina. Ainda mais bravo com uns jovens que jogam e não se jogam como ele. E teria como jogar como?

Perdoai-os, Ademir. Eles não sabem.

O Divino poderia ser meu pai. Mas ele mais parecia meu bisneto nessa tarde em casa.

Mais que parabéns, uma vez mais, muito obrigado, Ademir.

Quem tem mais tem Ademir da Guia.