Opinião: ‘Missão Bombonera, duelo de 180 minutos’

"Abel Ferreira sempre trabalha com esmero os dois jogos de uma eliminatória, resta acreditar que seu plano prevalecerá"

O Palmeiras não vive seu melhor momento na temporada, mas também não vive o pior. Se por um lado, o time marcou somente dois gols nos últimos cinco jogos, havia ficado oito sem ser sofrer nenhum antes da derrota para o Grêmio. Essa faca de dois gumes será posta à prova nesta quinta-feira na Bombonera.

A baixa na produção ofensiva da equipe muito tem a ver com a perda de Dudu, mas não só. É fato que Abel Ferreira não conseguiu, ainda, reencaixar as peças para fazer a engrenagem palmeirense funcionar. Em quatro partidas sem o ponta, o ataque do Palmeiras foi às redes em apenas uma oportunidade.

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Durante o período anterior à primeira parte da eliminatória, o treinador teve a possibilidade de testar opções no sistema ofensivo. Três zagueiros e dupla de ataque, López como falso nove, Rony de referência e Endrick centralizado. A única constância foi a dobradinha de laterais no lado direito.

Estratégia reciclada da temporada passada, Abel tenta reeditar solução que supriu parcialmente a falta de Veiga ao final de 2022. Dessa vez, no entanto, a alteração no esquema parece ter desbalanceado a equipe. Além de concentrar o jogo em apenas um lado, alguns jogadores sofreram com queda de desempenho após esse reajuste.

A diferença mais nítida no nível de atuação é de Artur, que nada conseguiu produzir pelo lado esquerdo. O camisa 14, que tradicionalmente corta para dentro, parece perdido com a perna boa virada para a lateral. Isso, inclusive, prejudicou a participação de Piquerez no setor, com mais dificuldade para se associar com o ponta.

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Considerada a insistência do português nesta aposta, apesar do insucesso, é possível entender que talvez ela vá além de uma solução ofensiva. O Boca Juniors, que também sofre com dificuldades no setor, ataca sobretudo pelo lado esquerdo. Os argentinos utilizam o corredor para acessar a área a partir de cruzamentos e buscar Cavani ou Merentiel.

Reforçar a marcação nesta zona do campo parece ser um dos objetivos de Abel. Resta saber se a prioridade da comissão passa por somente se defender, ou também por buscar o resultado fora de casa. Garantir a baliza zero é importante, mas levar um empate ao Allianz pode ser traiçoeiro.

Afinal, o time argentino não se incomoda em se classificar sem vencer. Até o momento, empatou todos os jogos do mata-mata e garantiu-se nas penalidades. Não há dúvida que, novamente, o Boca leva vantagem nas cobranças, em especial pela diferença entre os goleiros. Embora mais completo, Weverton não é especialista como Romero.

O Palmeiras hoje não passa conforto à torcida em relação a sua proposta. Essa também não é a primeira vez, e isso nem sempre é mal presságio. Abel Ferreira sempre trabalha com esmero os dois jogos de uma eliminatória e resta acreditar que seu plano para o duelo de 180 minutos irá prevalecer.