Organização, metodologia e esquema com três zagueiros: conheça Orlando Ribeiro, técnico do Palmeiras Sub-17
No cargo desde julho, o treinador faz sua estreia nesta quinta-feira e concedeu entrevista exclusiva ao NOSSO PALESTRA
Anunciado no Palmeiras em julho deste ano, o treinador Orlando Ribeiro fará sua estreia na equipe sub-17 nesta quinta-feira (19), em duelo válido pela 1ª fase da Copa do Brasil da categoria. Diante da Desportiva Paraense, os atletas da base iniciarão a busca por uma vaga nas oitavas de final do torneio.
Antes da bola rolar, às 20 horas (de Brasília), no Allianz Parque, Orlando conversou com o NOSSO PALESTRA e projetou a atual temporada. Vitorioso nas categorias de base do São Paulo, o comandante explicou como o Alviverde deve se portar em campo.
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Campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior pelo Tricolor, o treinador tem um extenso currículo no rival da capital. Em mais de dez anos no Morumbi, Orlando venceu a Copa do Brasil Sub-20, Supercopa Sub-20, um bicampeonato do Paulista Sub-17 e a Taça BH Sub-17. Além do longo trabalho, o comandante participou ativamente na formação de atletas que hoje atuam na Europa, à exemplo do zagueiro Éder Militão (Real Madrid) e os atacantes David Neres e Antony (Ajax).
– Quando a gente vê garotos tendo sucesso e oportunidades no profissional seja na equipe que estávamos trabalhando ou em outro clube no exterior, particularmente sinto uma satisfação muito grande e orgulho por ter participado do processo. Sempre falo que não sou o único responsável, mas tenho minha parcela no processo desde a captação. Tudo o que a gente faz com amor e dedicação, que é o que faço no futebol, tende a dar bons frutos. Tenho certeza de que aqui no Palmeiras vou ter a mesma condição que tive no São Paulo, e logo os garotos nos quais estamos tendo contato agora na base vão estar no profissional do clube, que é a nossa primeira ideia. Depois, na Seleção Brasileira, e, se o clube eventualmente precisar vender o jogador, para o exterior. Mas esperamos que o Palmeiras possa utilizar esse jogador, que ele também esteja satisfeito e possa atender as necessidades do clube – afirmou.
Organização e estudo são adjetivos presentes para Orlando. Além do sucesso em formar atletas, o treinador também coleciona títulos e marcas importantes. Após quase um mês à frente do Palmeiras, Orlando passou por um período de reconhecimento do elenco, com amistosos e partidas preparatórias, antes de começar a disputar a Copa do Brasil e o Campeonato Paulista.
Com cerca de cinco atividades diante de outras equipes paulistas, o curto período já foi suficiente para que o projeto começasse a ser implementado.
– Acho que até aqui eles puderam assimilar alguns detalhes do que eu penso de futebol. Os meninos já vinham sendo muito bem-preparados. De fora eu já conhecia o trabalho que o Palmeiras faz com os atletas, um projeto de alto nível e muito bem-feito. Por isso coloco apenas que estou tentando ajustar mais alguns detalhes na cabeça deles. Nesses jogos já consegui ver alguma coisa, aliado ao que eles já sabiam. Unindo essas duas frentes a gente tem uma expectativa de que dará certo e que vamos conseguir bons frutos – ressaltou.
Adepto aos três defensores, esquema que utiliza desde 2016, e um modelo ofensivo com linhas altas, o técnico adiantou que deve começar aplicando a formação já nas primeiras partidas e explicou o motivo pelo qual esse tipo de comportamento é fundamental para a adaptação das novas Crias da Academia.
– Desde 2016 eu acredito que o sistema 1-3-4-3 com um modelo ofensivo de linha alta é o que prepara melhor o garoto para todas as outras situações. Lógico que também apresentamos vários outros modelos, mas, a meu ver e aos olhos da minha comissão, é a mais benéfica – analisou o treinador.
Administrando um elenco de 30 atletas no sub-17 e mais 28 jogadores disponíveis para utilização, que estão integrados ao Sub-16, o comandante tem grandes possibilidades de revezar entre os jogadores do plantel, algo comum nos clubes brasileiros.
Com as disputas de duas competições simultaneamente e sem a necessidade de alternar completamente a equipe titular, a solução será dar rodagem e sequência aos jogadores menos consagrados. Dessa forma, segundo ele, os atletas conseguem potencializar sua formação e, com isso, chegar em plena forma física para uma ‘avaliação final’.
– Quando você tem um número de atletas grande, e uma característica da categoria Sub-17 é ter bastante jogadores mesmo, temos que ter organização. Junto com o pessoal do Sub-16, temos de nos organizar bem para os campeonatos para fazer o melhor possível e com que todos os atletas tenham rodagem e experiências diferentes, seja no Paulista, na Copa do Brasil ou amistosos. Se a gente conseguir passar essa organização para os meninos, acredito que conseguiremos fazer bons campeonatos e potencializar vivências importantes para os jogadores. Todo esse aprendizado de treino e jogo em situações diferentes é importante para que, quando chegar uma avaliação final, o atleta tenha passado por tudo isso e a gente tenha um parâmetro para tudo o que foi feito.
Dentre todos os jogadores do elenco, Orlando Ribeiro tem à disposição uma das peças mais aguardas pela torcida, o meia-atacante Giovani. Aos 17 anos, o jovem já atuou em 11 oportunidades no elenco principal de Abel Ferreira.
No entanto, Gio também serve de exemplo para uma situação cada vez mais comum no futebol brasileiro, que, inclusive, se agravou com a pandemia: a precocidade de jovens que realizam a transição base-profissional antes mesmo de subir e criar consistência no sub-20, última categoria de futebol juvenil no Brasil.
Questionado se isso poderia ser um empecilho no trabalho de continuidade, Orlando acredita que seja preciso um novo fator de análise e adaptação para quem trabalha com futebol de base.
– Se a gente for levar para o lado de que o Sub-17 ainda tem o Sub-20 para chegar ao profissional, realmente ainda estaria sendo algo precoce, mas hoje a base é uma necessidade dos clubes. Muito também pela pandemia que acelerou essa situação. Mas tudo é também uma parte de adaptação. Nós vamos tendo parâmetros do que foi feito com garotos que saíram do Sub-17 direto ao profissional, do que faltou para eles ou do que precisa ser feito. Porque a gente sabe que em muitos casos essa precocidade acontece em várias equipes. Acredito que seja mais uma adaptação de quem trabalha na base. A gente se adaptando bem, tendo parâmetros e se organizando, eu tenho certeza de que não terá problema nenhum – disse após ser perguntado sobre a situação de Giovani com Abel Ferreira.
Por fim, o treinador traçou um panorama geral do que esperar para o restante da temporada. Após a recente troca de comando, a equipe parece já ter renovado as energias e entendido da responsabilidade de atuar no Palmeiras.
– Mesmo chegando há pouco tempo, o que coloco para os meninos é o que coloco para mim. Estou em um clube gigante do futebol brasileiro e mundial. Mesmo sendo a categoria Sub-17, vamos ser considerados um dos favoritos em todos os campeonatos que disputarmos. Temos de ter a postura de favorito, nos acostumar com essa situação e trabalhar visando manter esse status. A partir do momento em que o Palmeiras me contratou e os atletas também foram escolhidos para estarem no elenco, todos temos de ter consciência de tudo isso, sem medo da responsabilidade – finalizou.
Campeão da Copa do Brasil Sub-17 em 2019, o Alviverde entra em campo na competição em busca do bicampeonato. Reunindo 32 equipes, o torneio é disputado em mata-mata com partidas de ida e volta, exceto nesta primeira fase. Não há o critério do gol qualificado e, em caso de empate, a disputa da vaga será nos pênaltis.
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