Eu acordei hoje como se fosse 26 de agosto de 1914. Não tem mais o prédio onde foi fundado naquela noite o Palestra Italia. Não tem mais nem a rua onde ficava o edifício, ali perto da Praça da Sé. Marco Zero da cidade do campeão daquele século. Do maior campeão nacional neste século. Do clube que era dos italianos que fizeram São Paulo que virou dos brasileiros que fizeram mais festa do que qualquer outro no país mais vezes campeão mundial.
Nasci Palmeiras em 1966 pelo meu pai ter nascido Palestra Italia em 1936 e minha mãe, Palestra de São Paulo, em 1942. Eu não estaria aqui se não fosse tudo isso. Você não estaria me lendo se não fôssemos tudo que somos e somamos.
Amo futebol. Mas o que sinto e sei é só por ser Palmeiras acima de tudo. Ao lado de todos.
Nosso Palestra nos ensina que Palmeiras é nossa sina. Aprendi a vencer por ser verde, a perder quando não fomos, e a empatar nesta vida que tem mais zero a zero que goleada. Muita desigualdade mesmo com tanto empate. Mas o que desempata mesmo é saber que hoje tem Palmeiras que tem todo dia há 104 anos. E, nos meus 51 (que sempre é ótima ideia), tem uma vida que gera jogos e jogadores, gênios e jegues, divinos e malucos, santos e animais, palestrinos e palmeirenses, periquitos e porcos.
Nós x eles.
Mais que tudo, uma família que canta e vibra e que se desentende como gente na nossa casa e de nossos parceiros – privados. Nossa festa é pra todos. Não somos o time do povo e nem da elite. Não somos só da colônia e nem da e do capital. Somos de todas as classes até quando perdemos a nossa. Somos
da média e não da mídia. Temos alta classe acadêmica até quando nos rebaixamos. Não temos mais e nem menos categoria. Só nos temos. Não tememos. Nem trememos. Não somos os escolhidos. Apenas acolhidos. Isso é família. Entre nós nos perdemos. Mas sempre nos encontramos porque temos e somos o Palmeiras. Basta.