Palmeiras 0 x 0 Cruzeiro, 30a. rodada do BR-16

13 de outubro de 2016. 17minutos e 17 segundos do segundo tempo na Fonte Luminosa. O ex-palmeirense Robinho recebe livre e encobre Jailson como se fosse um goleiro do São Paulo. Com imensa categoria e felicidade dá uma cavadinha e fica com a bola aos pés. O gol está livre, sem goleiro. O cara que faz gols espetaculares de fora da área contra mitos agora só tem ele e a linha de meta para celebrar mais um golaço.

 

Na mesma hora, no Allianz Parque, Andrea Bocelli dá outro show. Canta “Nessun Dorma”, a ária de Puccini que foi tema da primeira volta olímpica, no estádio, na final da Copa do Brasil de 2015. Taça levantada pelo Zé Roberto junto com o presidente Paulo Nobre. Zé Roberto que foi surpresa no lugar do Egídio na lateral de Cuca. Palmeiras que de novo amassou no começo do clássico em Araraquara. Torcida pegando fogo com o time que de novo recupera bolas lá na frente. Gabriel Jesus perdeu outro daqueles gols que só ele cria e só ele perde, aos 14, em bela enfiada do Tchê Tchê. O time jogava bem e bonito de novo (mesmo sem Mina, que sentiu problema antes do jogo). Bruno Rodrigo salvou gol feito de Jean na mesma meta onde, no segundo tempo, ele perderia gol feito de cabeça. Aqueles gols que times em grande fase não levam.

Diferente do Brasileiro de 2014. Mouche fez 1 a 0 no Mineirão no Cruzeiro que acabaria bicampeão brasileiro. Mas até o fim eu esperei pelo pior. O empate que veio no final com gol de Dagoberto. Naquele ano eu sabia que as coisas poderiam dar errado, e quase deram. Em 2016 eu sei que a gente merecia ser ainda mais Palmeiras, ainda mais campeão. Contratamos muito em 2015, reforçamos a base para 2016, melhoramos a estrutura, a Academia vai ganhar um hotel dado pelo presidente no fim do ano. Está tudo certinho. Não pode dar nada errado. Mesmo com a gente perdendo muitos gols no primeiro tempo, e voltando pior para a segunda etapa.

 

Até a bola sobrar pro Robinho. Ele limpa o Jailson e toca rasteiro. Eu fechei os olhos. E não vi o que só esse garoto do Zé Roberto enxergou. Ele deu um carrinho de perna esquerda e tirou a bola que bateu ainda no pé direito e seguia rumo ao fundo da rede, não fosse o peito de coragem e amor dele raspar a bola e a desviar de vez, enquanto ele se enrolava entre a trave direita e a rede da meta. Aquele mesmo peito que ele bateu dizendo o que o mundo sabe: somos grandes. Melhor: somos gigantes como Zé Roberto.

 

Eu nunca vi nada igual em décadas de Palmeiras. Acho que nunca vi um cara igual a ele aos 42 anos de vida. A Academia de Goleiros do Palmeiras tem mais um monstro. E um cara que não precisa usar os braços para defender. Apenas o coração.

O zero a zero na Fonte Luminosa é todo seu, Zé Roberto.

Mas a diferença voltou a ficar de apenas um ponto. O Flamengo venceu o Fluminense com mais uma arbitragem polêmica no campeonato. No dia seguinte, nossa diretoria bateu pesado na turma que também chora. Não gosto desse chororô todo. Mas é sempre bom estar atento nos bastidores.