Palmeiras rebate críticas do Cruzeiro sobre o caso Estevão Messinho
João Paulo Sampaio, coordenador das categorias de base do Verdão, explicou os motivos da negociação estar dentro da lei
Na última quinta-feira (06), o Palmeiras anunciou a contratação de Estevão Willian, o Messinho, principal nome das categorias de base do Cruzeiro. Aos 14 anos de idade, a promessa assinou um contrato de formação com o Palmeiras.
A contratação teria irritado parte dos dirigentes do clube Mineiro, esquentado o clima na relação entre as diretorias, segundo reportagem publicada neste sábado (8) pelo Uol Esporte. Presidente da Raposa, Sérgio Santos Rodrigues, procurou membros da diretoria do Palmeiras e demonstrou insatisfação com o episódio envolvendo o jogador.
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Após exposição pública do caso, o Cruzeiro divulgou uma nota oficial na tarde deste sábado (8), acusando o Palmeiras de aliciamento, uma vez que a equipe alviverde formalizou um contrato de formação com o atleta.
No comunicado (confira abaixo na íntegra), a diretoria do clube Celeste atacou João Paulo Sampaio, coordenador das categorias de base do Verdão, dizendo estar surpreendido com o comportamento questionável do dirigente.
– O Cruzeiro foi surpreendido ao constatar que, horas depois do desligamento (não comunicado), o nome do jovem atleta apareceu no BID, da CBF, como jogador do Palmeiras, o que poderia, em tese, caracterizar aliciamento, corroborado por notícias posteriores apontando um alto e incomum investimento para um atleta em formação. – diz o Cruzeiro, em nota.
Em entrevista ao ‘ge’, João Paulo rebateu a carta cruzeirense, alegando que o jovem estava livre no marcado e, portanto, poderia assinar livremente com qualquer interessado. Além disso, João ressaltou que o atleta tinha três propostas oficiais melhores do que a realizada pelo Palmeiras, mas escolheu o Verdão por tudo o que o clube se transformou nas categorias de base.
– O jogador estava livre no mercado. Ele não estava registrado no BID do Cruzeiro, que poderia ter feito isso desde os 12 anos. E o Cruzeiro desde julho ou agosto, não tem certificado de clube formador, que protege estes meninos. O jogador tinha três propostas oficiais, melhores que a nossa, e ele escolheu o Palmeiras […] Só fiz minha função, como eu perdi o José Aldo, que era meu camisa 10 e saiu livre no mercado. O Messinho estava livre, e o Palmeiras foi escolhido, por tudo que o Palmeiras se tornou na sua base, mesmo com uma oferta muito menor, menor até do que ele ganhava no Cruzeiro. – Rebateu o dirigente do Palmeiras ao ‘ge’.
Acusado de aliciamento pela nota do Cruzeiro, o diretor palmeirense argumenta que o clube mineiro não tem Certificado de Clube Formador há cerca de um ano, desprotegendo a instituição. Por lei, este certificado serve para proteger apenas atletas acima dos 14 anos de idade, porém, existe um acordo entre os clubes para se discutir casos com idade menor.
– Pelo movimento dos coordenadores de base, em que eu já fui presidente e hoje sou diretor, protegemos casos abaixo (de 14 anos). Mas precisa ter o certificado, por isso nem o movimento dos clubes formadores poderia proteger o Cruzeiro. Já protegemos vários clubes em muitas situações, e uma foi com o próprio Cruzeiro, que levou um jogador do América-MG, o Vitor Roque, em outra gestão – continuou João Paulo, que chegou a conversar com o presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues.
CONFIRA A NOTA OFICIAL PUBLICADA PELO CRUZEIRO SOBRE A IDA DE ESTEVÃO ‘MESSINHO’ AO PALMEIRAS
“O Cruzeiro Esporte Clube recebeu como uma ingrata surpresa, nesta semana, a saída do jovem Estevão Willian, guiada de maneira bastante questionável pelo seu staff, que faltou com respeito e profissionalismo para com a instituição, dando um mau exemplo para o próprio garoto, que como muitos outros sonham em trilhar uma carreira de sucesso no futebol e em se tornarem referências positivas.
Estevão Willian chegou ao Cruzeiro aos 11 anos de idade e viu seu nome envolvido entre as diversas polêmicas causadas pela diretoria de Wagner Pires de Sá, Itair Machado e Sérgio Nonato, alvo de investigações de órgãos como o Ministério Público e a Polícia Civil de Minas Gerais.
Inclusive, Ivo Gonçalves, pai do garoto, é réu em um dos processos dos quais o Cruzeiro é vítima, sendo investigado pelo crime de falsidade ideológica. Também faz parte do staff de Estevão o empresário André Cury, supostamente um dos alvos da recente operação de busca e apreensão da Polícia Civil, de acordo com informações veiculadas por alguns veículos de imprensa.
O Clube informa que em momento algum foi comunicado por Ivo Gonçalves, André Cury ou qualquer outra pessoa ligada ao jovem de 14 anos sobre o desligamento.
A carta assinada supostamente pelo pai do garoto, divulgada primeiramente pelo portal UOL, também não foi enviada a qualquer membro da diretoria do Clube. Cabe ressaltar que, inusitadamente, o conteúdo reproduzido mostra o nome do garoto escrito de maneira errada.
Em trecho da mesma publicação, Ivo Gonçalves destaca que: “Foram inúmeras reuniões realizadas junto à diretoria com promessas não cumpridas”, o que o Cruzeiro rebate de forma veemente.
Desde o início da atuação da atual gestão do Clube, iniciada em junho de 2020, o planejamento que vinha sendo executado foi de reaproximação junto ao pequeno atleta e sua família.
Ainda em 2020, a cúpula da Base Celeste realizou uma apresentação de quase três horas de duração, coordenada pelo diretor Gustavo Ferreira, na qual foi mostrada aos pais de Estevão toda a evolução e programação futura para o garoto dentro e fora de campo. A atividade multidisciplinar envolveu desde profissionais de comissão técnica a psicólogos, assistente sociais e pedagogos, dando uma visão 360 de todo o cuidado e carinho que o Cruzeiro mantinha com Estevão no dia a dia.
Em fevereiro deste ano, quando tinha 13 anos, Estevão sofreu uma fratura no tubérculo anterior da tíbia, uma lesão típica em atletas dessa idade, que ocorreu devido a um movimento de giro em uma atividade de finalizações.
Estevão foi operado por um dos médicos do Clube, Dr. Sérgio Campolina, e vinha sendo acompanhado diariamente por profissionais do DM do Cruzeiro. Além dos médicos, profissionais do Departamento de Futebol do Cruzeiro, inclusive o presidente Sérgio Santos Rodrigues, visitaram o garoto em sua residência após a cirurgia, reforçando cada vez mais o apoio e compromisso do Clube em sua recuperação física e psicológica.
No começo de março de 2021, Estevão deu início ao seu tratamento na Toca da Raposa 2, usufruindo de toda a estrutura e dos profissionais que trabalham no futebol profissional, sendo acompanhado de perto pelo próprio pai.
No entanto, na última quarta-feira (5 de maio de 2021), Estevão não compareceu à sessão programada e ninguém do Clube foi avisado. Em contato posterior com Ivo Gonçalves, o mesmo informou que se encontrava na cidade de Franca/SP, terra natal da família, alegando problemas particulares emergenciais. Após a chamada telefônica, Ivo cortou o contato com todos os profissionais do Cruzeiro, passando a não atender mais ligações, muito menos responder mensagens.
Neste meio tempo, Estevão também se ausentou de forma recorrente de importantes consultas odontológicas oferecidas pelo Clube, através do Dr. Fred Araújo, e de exames de rotina previamente marcados. As ausências nunca foram justificadas.
O Cruzeiro destaca que sempre primou pela empatia e responsabilidade em conduzir da melhor maneira a formação de Estevão dentro e fora das quatro linhas.
Ao mesmo tempo, sempre foi intenção do Cruzeiro estabelecer um contrato de formação com o atleta assim que ele completasse 14 anos, idade completada no final de abril deste ano, tendo inclusive apresentado uma proposta oficial.
O Clube também foi surpreendido ao constatar que, horas depois do desligamento (não comunicado ao Cruzeiro), o nome do jovem atleta apareceu no BID, da CBF, como jogador do Palmeiras, o que poderia, em tese, caracterizar aliciamento, corroborado por notícias posteriores apontando um alto e incomum investimento para um atleta em formação.
Nota-se, pelo registro, que a entrada da documentação na entidade foi realizada no dia 1º de maio de 2021, sábado passado. Estevão compareceu à Toca da Raposa até o dia 4 de maio, terça-feira última. Ou seja: o garoto realizou sessões de tratamento já com contrato assinado com outra equipe, o que só reforça o comportamento questionável por parte de seu staff e também de João Paulo Sampaio, gerente do Centro de Formação de Atletas do Palmeiras e também membro da ABEX – Associação Brasileira dos Executivos de Futebol – o que potencializa ainda mais a decepção e repúdio por parte do Cruzeiro.
Como já relatado, o Cruzeiro lamenta profundamente a condução feita pelas pessoas que cercam Estevão Willian. Enquanto este tipo de pensamento prevalecer no futebol brasileiro, contando com a anuência de diversos “profissionais” do mundo da bola, estejam eles representando atletas ou clubes, o esporte nacional continuará caminhando na contramão do profissionalismo e da ética, e não contribuirá de forma efetiva na formação de grandes atletas e, especialmente, pessoas corretas.”
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