Palmeirense não celebra antes da hora

O vice de futebol do Internacional é mais futebol do que vice. Torcedor daqueles engraçados que mais distorcem do que torcem. Inventou que o árbitro de Palmeiras x Ceará só marcou o pênalti que aconteceu com o uso do replay que não passou. E reclamou que o SporTV não passou o replay pra arbitragem brincar de VAR irregular no jogo contra o Santos no dia seguinte.

Torcedor pode ser assim. Dirigente, não. Mas ele é engraçado. Joga pra torcida toda hora. Agora disse que “estranhou” a celebração como se fosse de “campeão” do Palmeiras na emocionante vitória no clássico duro contra o Santos.

Ele até pode entender de distorcer como qualquer um de qualquer clube. Mas não pode inventar. Até por desconhecer as obrigações do cargo. E ainda mais as características do rival.

Só um clube parece ter chances reais de perder um Brasileiro como este: por ironia, justo o que mais tem títulos nacionais. O Palmeiras adora dar umas parmeradas. Adora perder o que parece ganho.

Mas perde alguns títulos não por se perder. Perde por ser derrotado por rivais mais competentes. Não perde pelo já-ganhou. Perde porque é do jogo. E porque no Palmeiras tem essa sensação meio pessimista e masoquista de que tudo poderia estar melhor. Ou tudo vai ficar pior. O já-perdeu. O oposto do já-ganhou que só o cartola colorado “estranhou”.

Não por acaso as cornetas do apocalipse soaram primeiro no clube. O próprio termo “corneta” nasceu no Palmeiras, nos anos 1960.

O alviverde é tão corneteiro e crítico quanto exigente e pessimista.

Claro que há exceções. Mas nenhuma dentro do elenco, comissão técnica e direção atual. Não tem “campeão voltou” e nem cheirinho de caneco. Tem quase sempre muito receio. Até pavor. Mesmo quando a confiança está em alta como o desempenho e a pontuação no BR-18.

“Estranho” é só o cartola que distorce. Ou, no caso, nem mais é estranho. Pode torcer, sem problemas, como eu também torço. Mas não distorço. E sei da história e da glória do rival Internacional. O maior time dos anos 70. O campeão de tudo. E que merecia estar sendo conduzido com mais equilíbrio.