Rafael Bullara: ‘O roteiro perfeito de Ronywood’

A camisa 10 estava reservada para o momento digno de quem tem competência para vesti-la. Tinha que ser no dia em que dois dos maiores camisas 10 da história tinham ficado para trás

Era para Rony estar na área no dia em que a sede o levou à beira do campo para um refresco no início de uma noite de verão carioca. A bola lançada por Danilo encontrou os pés do então camisa 11 pelo lado direito e ele colocou na cabeça de Breno Lopes. O resto é história.

Rony é muito mais para os outros do que para ele. É a personificação dentro de campo do que Abel Ferreira fala em seus discursos. Não à toa, o comandante português revelou o seu amor pelo atacante, mesmo a contragosto da esposa. Então distante, ela voltará a ficar perto do marido.

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Mesmo sendo por todos e não por ele, Rony entrou para a história do Palmeiras na Libertadores. Engana-se quem pensa que só pelos títulos. Muito pelo contrário. São recordes e marcas há tempos intactos.

Foi o torneio libertador para Rony. Um período difícil de adaptação, incertezas e, quando tudo estava em xeque, lá estava a Libertadores para mostrar que tudo poderia ser diferente.

Mas aquele que luta por todos nunca escondeu um único desejo de si próprio. Mais uma vez, chegou a virar chacota pelas tentativas frustradas. Desistir? Jamais! A cada erro, uma nova oportunidade de aprender com aquilo e se fortalecer.

No meio do caminho, ganhou o apoio daqueles que duvidam do seu potencial anos antes. A expectativa era de todos. Uma bola no alto dentro da área era o frisson das arquibancadas era sentido.

Mas o destino, muitas vezes cruel, é capaz de roteirizar capítulos tão perfeitos que nenhum dos mais renomados escritores de ‘Ronywood’ poderiam imaginar.

A camisa 10 – depois de usar a 11 e 7 – estava reservada para o momento digno de quem tem competência para vesti-la. E não era para ser em um dia qualquer. Tinha que ser no dia em que dois dos maiores camisas 10 da história tinham ficado para trás em gols pela Libertadores.

Lembra daquela saída para a beirada do campo beber uma água? Pois agora todos estavam nas suas posições e coube ao herói de outrora servir Rony para o momento tão esperado. Mesmo lado do campo, mesmo setor da grande área, o J(h)ean ficou parado e a bola teve o destino daquele 30 de janeiro de 2021.

A obsessão do Rony virou realidade no torneio em que é a obsessão dos torcedores do time pelo qual ele se entrega. Nada é mais libertador do que isso.

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