Intensidade, aproveitamento e experiência: as chaves para o ‘Rogermachadismo’ dar certo

O NOSSO PALESTRA dissecou e analisou os últimos trabalhos de Roger Machado como treinador para apresentar para você, torcedor, as características do novo técnico do Palmeiras e tentar mostrar que o ex-lateral pode, sim, dar certo no comando da SEP.

O clube vem de dois anos com títulos nacionais e de um 2017 decepcionante, mas há nesses anos todos algo em comum: a falta de continuidade e de uma filosofia de trabalho. Maurício Galiotte ouviu da boca de Tite, principal expoente brasileira nessa função, muitas coisas boas sobre Roger e enxergou nele a possiblidade de implantar esses conceitos que parecem tanto fazer falta. Como mea culpa e forma de viabilizar esse processo, a promessa da diretoria é de tentar dar o máximo de tempo e de paciência para que o treinador implemente seu trabalho.

Tendo em vista que Roger teve seu ultimo trabalho interrompido logo após o estadual mineiro (tendo vencido), o novo professor solicitou, antes de assinar o contrato, que o clube não considere o resultado no Paulista de 2018 como fator de influência sobre seu futuro.

Contratado, apresentado e quase aprovado pela torcida alviverde, vamos ao que você precisa saber sobre o que esperar do Machadismo 2018.

Estilo de Jogo

Como se pode notar, Roger pode ser analisado em cinco principais tendências de jogo, mas todas elas acabam convergindo em um ponto comum: a intensidade. Roger é um treinador com conceitos de treino e jogo que priorizam esse conceito de certa forma recente no futebol. Em entrevista ao globoesporte.com, na sessão “Painel Tático”, o treinador explica:

“Para mim, intensidade é quando você consegue cumprir a demanda do jogo com velocidade e concentração, tendo um número maior de ações e de demandas. Quando comecei a jogar, tínhamos uma semana muito programada de trabalhos: na terça trabalhávamos o físico, na quarta fazíamos um coletivo, na quinta um trabalho tático, na sexta um de vertente mais física e no sábado o coletivo para encerrar a preparação e ir para o jogo no domingo. As vertentes eram mais separadas. Hoje proponho, em minhas atividades, um trabalho que ataque essas 3 vertentes, onde o jogador tenha um contato maior com a bola e que o treino seja sempre intenso para simular o ambiente do jogo”

Entendemos, portanto, que podemos esperar um Palmeiras taticamente mais aplicado e elétrico, movimentando-se constantemente, o que deve favorecer, e muito, a capacidade do elenco em ser versátil e extenso, para que Roger possa exigir esse nível de entrega e tenha como repor possíveis problemas derivados deste tipo de ação.

(Arte: Freepik)

Aproveitamento

A carreira não é tão curta como se pensa sobre Roger. Começo no futebol gaúcho de menor expressão e escalando os estágios naturais dentro do estado até chegar ao Grêmio e, ainda como funcionário do clube, ter a chance de assumir um combalido gigante que era comando por Luís Felipe Scolari. Lá, como se pode notar, as porcentagens de Roger crescem bastante e culminam na formação de boa parte do perfil de futebol que conduziu a equipe ao recém conquistado título da América.

Mais tarde, o treinador assume o poderoso elenco do Atlético MG e faz um trabalho potente. Ao menos nos números. Melhor campanha da primeira fase na Libertadores, campeão mineiro e melhor ataque do início de brasileirão. Roger acaba demitido após um mau jogo de oitavas de final e não tem a chance de tentar reverter o revés no mata-mata. Como é de sua filosofia, não assume outro clube em 2017 e retoma agora, no Palmeiras. Importante dizer que Flamengo, São Paulo e Corinthians tentaram sua contratação.

(Arte: João Gabriel Falcade)

Pontos Negativos/Pontos Positivos

Aqui listamos alguns pontos positivos e negativos do treinador. A gestão de grupo, apesar de ser um conceito imaterial e de suposições que vem a partir de sua jovialidade, ainda é um ponto que Roger deve aprimorar, surge daí a decisão de levar o Zé Roberto ao cargo de diretor técnico do clube, imagina-se que ele ajudará muito o treinador dentro do vestiário, no lido diário com os atletas e fazer essa ambientação. Um ponto muito positivo do chefe é possuir um alto nível de conhecimento tático, teórico, de ideias que acabam construindo variações interessantes em seus times.

(Arte: João Gabriel Falcade)

Grêmio 2015/2016

Como Mauro Beting já adiantou aqui no Nosso Palestra, Roger deve manter o seu estilo 4-2-3-1 no Palmeiras. No Grêmio, Roger jogava com esse time. A base do atual campeão da América foi construída por Machado. O tricolor gaúcho de Renato tem muito do dedo do novo comandante do Palmeiras.

(Arte: João Gabriel Falcade)

Como se pode notar na ilustração, a equipe possuía um meio de campo definido com um volante de maior poder de marcação e físico ao lado de outro meio campista flexível para marcar e armar e ainda ser elemento surpresa no ataque. Mais afrente, um meia clássico, canhoto de menor velocidade e alto poder de passe para acionar um ponta ágil para buscar as jogadas mais agudas e ainda um ponta com tendência a centralizar o jogo e oferecer opção na armação. Por fim, um nove móvel que mais arma do que finaliza, gerando velocidade e troca d funções, dificultando demais a defesa posicional de seu oponente.

Atlético Mineiro 2017

No Galo, Roger também seguiu com a mesma formação tática, mas um fator novo muito relevante, a presença de um centroavante clássico, típico pivô, posicionado, alto e finalizador. Fred foi o cara dos gols e foi bem. Roger mostrou uma variação relevante pra nós, afinal, o elenco alviverde oferece as duas opções para que ele defina qual estilo de 9 ele vai preferir implantar no novo Palmeiras.

(Arte: João Gabriel Falcade)

Como deve ser o Palmeiras de 2018

Este deverá ser o time de 2018, com algumas pequenas mudanças que podem ocorrer na pré-temporada. Roger deve utilizar Moisés e Tchê Tchê como volantes, assim como Cuca fez em 2016. Felipe Melo só poderá ganhar uma vaga no time titular caso o técnico mude o seu conceito inicial, observando bons desempenhos dentro dos treinos. Roger não gosta de zagueiro rifando bolas, então, imaginamos que os laterais possuam uma importância absurda em seu trabalho de saída de bola. Diogo Barbosa será uma peça fundamental neste quesito, os volantes também.

(Arte: João Gabriel Falcade)

Variação defensiva

O Palmeiras deve ter uma variação no seu esquema quando estiver se defendendo. Com duas linhas, a primeira de quatro e a segunda de cinco, o treinador pode proteger mais Lucas Lima da marcação. O meia ficará mais solto, igual ao trabalho que Douglas fazia em 2015. O time jogará em um 4-5-1 quando estiver sem a bola. Com Dudu, Keno e Willian tendo um compromisso grande com a marcação, mas tendo os corredores para fazerem sem bola e abrirem opções para a bola longa de nosso novo meia.

Defesa em linha alta?

Roger tem um estilo de marcação alta, porém não faz isso em linha como Valentim. Seus times marcam mais posicionados, menos agressivos. O treinador deve ajustar a defesa palmeirense, que necessita de um esquema que a proteja. O desempenho do setor em 2017 foi trágico.

Ainda na entrevista dada ao jornalista Léo Miranda, Roger confessa sua predileção pela marcação por zona, oposto ao estilo de Cuca:

“Tenho como proposta trabalhar sempre a marcação por zona. Dentro da posição, se um jogador adversário ataca o setor, acaba virando uma marcação pessoal, pois o jogador precisa diminuir o espaço. Mas em geral, proponho marcação zonal: marco a bola e o espaço. É um trabalho coletivo. Sempre digo que nosso 1º defensor é o atacante, e o 1º construtor é o goleiro. Todos são responsáveis por ocupar e criar espaços.”

Contra-ataque

Este gol do Grêmio em 2015 foi uma aula de contra-ataque do time comandado por Roger Machado. Triangulações, compactação e velocidade, que deixaram Douglas na cara do goleiro Victor. Como se observa nas imagens e no que você leu até aqui, as ideias todas se concretizam na realidade durante essa linda jogada.

(Arte: João Gabriel Falcade)

Mais chances para a base

Em seu trabalho no Grêmio, Roger subiu e deu oportunidade para alguns garotos da base, que mais tarde vingariam. Casos de Luan, Wallace e Pedro Rocha. No Galo, o treinador também deu oportunidades para alguns garotos apesar do elenco farto que tinha em mãos . A base do Palmeiras, que vem muito forte de uns tempos para cá, deve reaparecer no time em 2018, com Artur, Pedrão, Fernando, Alan e outros mais.

Conclusão

Agora é preciso dar tempo e confiança para o novo treinador imprimir o seu estilo de jogo. E a torcida palmeirense será fundamental nisso. O Palmeiras com Roger tem uma grande chance de construir um estilo próprio de jogo, uma filosofia, que mesmo que o técnico saia, a ideia de jogo siga. Algo que já acontece em alguns clubes do futebol brasileiro.

É de suma importância que o Palmeiras mantenha um único treinador durante todo o ano. O planejamento não pode ser quebrado no primeiro deslize. 2017 deixou a grande lição que ficar trocando de técnico não adianta em nada. Veremos se a diretoria terá pulso para apoiar e acreditar no Roger. E você é peça imprescindível. Ajudemos!

Vai começar a era Machadismo no Nosso Palestra!

* Colaborou João Gabriel Falcade

* Essa análise se baseou na entrevista do portal http://globoesporte.globo.com/ e no blog http://oanalistadefutebol.blogspot.com.br/?m=1