A torcida mimada do Palmeiras merece o 2017 que tem

Que ano pavoroso! O injusto empate diante do Bahia ontem por 2 a 2 escancarou a bagunça que foi o Palmeiras em 2017, tanto dentro do campo, quanto nas arquibancadas.

O comportamento de parte da torcida na noite de ontem no Pacaembu contribuiu e muito para o insucesso do time em campo.

Deyverson, que não é craque, e não vale € 5 milhões, não estava tão mal no jogo de ontem. Participou dos dois gols, errou alguns lances, mas do ataque era o melhor do time, como sempre mais esforçado do que talentoso.

Bastou um erro do atacante para a torcida começar a pedir Borja, achando que o colombiano do Atlético Nacional iria ressuscitar. Cuca numa atitude mesquinha, chamou Borja apenas para confrontar a torcida, “é isso que vocês querem, então toma!”, mais ou menos assim.

Borja entrou mais uma vez no mundo da lua, fez muito pouco e provou mais uma vez que merece ser reserva de Deyverson.

Dudu e Moisés, os intocáveis, mereciam muito mais as críticas pesadas da torcida. Gritos de Keno e Guerra seriam mais sensatos, mas provamos que até nós estamos perdidos.

Eu fui criado em uma parte da torcida do Palmeiras que apoia o time durante os 90 minutos. Aprendi que as críticas sempre devem vir no apito final do árbitro. Cornetar, pedir jogador que não corresponde, pedir jogador que é mais marketing do que bola, é coisa de consumidor, e não torcedor. Não ajuda em nada o time, muito pelo contrário, atrapalha, fato comprovado ontem.

O Allianz Parque e esse novo modelo de torcida consumidora é assim. Pago caro, pago avanti, então vou pro estádio pra ver meu time golear, caso contrário desço a corneta em todo mundo.

E eles não estão errados. Errado está o clube que valoriza mais o dinheiro do que a sua essência. 2017 provou que grana não ganha jogo.

Sejamos menos Avanti e mais Palmeiras. Afinal ser sócio torcedor não é mais garantia de time forte. Respeitemos quem não tem dinheiro nesse país afundado numa crise econômica sem fim, e paremos de atacar quem simplesmente não pode ser sócio torcedor e possui outras prioridades.

Modinha, para mim, é quem ataca o próprio palmeirense que não quer ser obrigado a ser sócio, apenas para ter ingresso.

Somos todos palmeirenses, e para 2018 ser diferente muita coisa precisa mudar, a começar pela arquibancada. E nisso a diretoria tem total culpa também.

O Palmeiras é o único clube do Brasil que não jogou para menos de 20 mil pessoas em 2017. O modelo do Avanti é um sucesso nesse quesito de “fidelidade”. A torcida está de parabéns pelo apoio incondicional mesmo atrás de decepções e mais decepções. Só precisamos aprender a cobrar as pessoas certas…