Volte, com responsabilidade

Felipe Melo, tudo que penso já escrevi quando você foi afastado e quando alguém não apertou a descarga daquela desgraça de áudio vazado. Abaixo estão o texto antes do (baixo) teor do whatsapp com seus coliformes orais, e o outro depois do seu primeiro adeus. Com responsabilidade.

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Seja feliz no seu retorno. Faça o Palmeiras feliz pela bola mais do que pela boca. Sou Palmeiras de Darinta a Ademir da Guia. Torço pelo time de futebol, mais até do que pelo clube. Não gasto torcida pelo basquete. Nem pelo Sub-20. Sou o futebol do Palmeiras. Mais do que a Sociedade Esportiva. Muito mais do que cartolas, conselheiros, diretores, treinadores, atletas, parceiros, patrocinadores. Não torço pelo Mauro, pelos meus filhos, pela minha mulher, pela minha família. Não torço pelo Maurício, Paulo, Alexandre, Leila, Cuca, Prass, São Marcos, Dudus, Ademir da Guia, Gioino e Felipe Mello. Torço por todos nós. Pelas pessoas esportivas, não pelas físicas ou jurídicas.

Fico feliz pelo retorno ao clube do camisa 30 que sabe jogar tanto quanto sabe criar problema. Do cara que prefiro ver no meu time a enfrentar em outro.

Mas o que me fará feliz mesmo, Felipe, é torcer por alguém que saiba que ninguém é mais do que ninguém. Que tapa não se fala que vai dar com irresponsabilidade.

Quem sabe, como você, vai lá e faz. Quem não sabe, como eu, fica aqui e fala. E já falei além do que poderia com um olho só e o outro se recuperando de retina descolada e catarata.

Chega de cascata. Minha e sua. Bola pra frente. Com ousadura.

Felipe Melo durante treinamento na Academia de Futebol. (Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação)

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PS: aqui, o texto de quando ele foi afastado:

Um dos maiores camisas 9 da história do Palmeiras foi afastado por quase seis meses por Nelsinho, pai do treinador Eduardo Baptista, em março de 1992. Além de Evair, o ótimo Jorginho, o zagueiro Andrei e o goleiro Ivan também foram obrigados a treinar em separado. “Questão técnicas” foi o motivo bizarro. Nenhum deles foi por isso, já se sabia desde então. O que era pior.

Ainda pior foi o Palmeiras pastando no início da Era Parmalat sem centroavante por conta disso. Evair jogava na várzea de Crisólia enquanto o time de Nelsinho estava em crise até a demissão dele, em agosto de 1992. Assumiu Otacílio Goncalves e Evair voltou em dias para, 10 meses depois, ser o camisa 9 que acabou com 16 anos de jejum do Palmeiras. Goleando na final o Corinthians. De Nelsinho.

Felipe Melo não é Evair. Não poderá ser. Não seria. Mas jogou bem para a galera enquanto falou mais pela boca que pela bola. Sabe jogar. Joga bem demais nas redes sociais e nas entrevistas “com responsabilidade” (aspas dele e também minhas). Quando a personagem baixava a bola, também sabia jogar. Organizar uma saída de bola. Criar espaços com passes quebra-linhas. Proteger a defesa como sabia se defender – ou atacar os rivais.

Fará falta. Mais o emblema que o volante. Mais a vontade dele do que estivesse à vontade com o novo treinador. Cuca não curte o volante. Acha pesado para a característica de jogo dele de encaixes individuais que exigem demais fisicamente. Não bateu com a figura. Não tolerou as cornetadas internas. Afastou quem não o agrada. E quem tinha potencial para desagregar fora de campo.

Faz parte do combo FM. Arme-o ou deixe-o. Uma pena para um torcedor que gosta do tipo (independente do clube). Uma lástima para um clube rico mas empobrecido tecnicamente. Um desafio ainda maior para um treinador que precisa ser mais defendido pela direção do clube.

O Palmeiras ama viver em crise. Precisa sobreviver a ela. Até porque o jogo mesmo é 9 de agosto, a volta que pode ser sem retorno contra o Barcelona.

Com todo o respeito ao Avaí que se recupera na tabela, o Palmeiras adiou o jogo de hoje para depois de 9 de agosto. Ainda não sabe se perdeu ou se venceu. Só que perdeu a ousadura.

Felipe Melo chegou no Palmeiras no início da temporada 2017 (Foto: Marcelo Brandão/ClickPalestra)

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PS2: Aqui o texto de quando “vazaram” o áudio.

Felipe Melo, com responsabilidade, e sem champanhe, também em nome de Deus, mas sem a ousadura que lhe é peculiar.

Obrigado por tudo que você jogou pra galera. Obrigado por algumas boas partidas que você jogou pelo nosso time – menos do que o esperado, pelas suspensões esperadas, por lesões do jogo, e pela produção abaixo do normal de todo o time, com dois treinadores diferentes em quase tudo. Obrigado por entrevistas tão boas para o coração e tão ruins para a cabeça. Obrigado por tudo que se esperava. E com tudo que se esperneava.

Boa sorte no Flamengo, Corinthians, São Paulo, Inter, Grêmio, Atlético Mineiro, dois clubes da Turquia, Barcelona, Real Madrid, PSG, Manchester City e Santos de Pelé. Foi bom torcer por um cara que nos defende mais atacando do que nos defendendo. Foi divertido não te levar tão a sério em algumas situações. Espero que você possa aprender a evitar algumas falas. Quem fala o que pensa não pensa no que fala. Com espumante ou não.

Torço de coração para que você se acerte e erre menos. E para quem o defende acima do Palmeiras que torça por você no novo clube.

Se você falasse menos e jogasse mais, continuaria no grupo. Se você falasse pela bola mais do que pela boca, tinha como ser titular. Mas com reservas.

Pena que a personagem foi mais ousada que a realidade. Duro que quem se acha acaba se perdendo.

Nenhum volante, pitbull, diretor executivo, treinador e presidente é maior que o clube.

Boa sorte, Felipe Melo. Seja feliz como você pode se baixar a bola. Seja feliz como foi Dudu ao lado de Ademir sem dar tapa na cara com responsabilidade. Seja feliz como foi César Sampaio sem dar um pontapé. Seja feliz na raça como Galeano e suas limitações. Seja feliz como muitos nos fizeram. E até mesmo sem terem sido felizes.

Seja feliz ao respeitar quem levamos no peito.