Arquivos Libertad - Nosso Palestra https://nossopalestra.com.br/assunto/libertad/ Palmeirenses que escrevem, analisam, gravam, opinam e noticiam o Palmeiras. Paixão e honestidade. Fri, 12 Apr 2019 20:44:43 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.2 Ensaio sobre a insanidade https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/ensaio-sobre-a-insanidade/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/ensaio-sobre-a-insanidade/#respond Fri, 12 Apr 2019 20:44:43 +0000 https://nossopalestra.com.br/2019/04/12/ensaio-sobre-a-insanidade/

UMA DAS MAIORES MENORES VITÓRIAS DO PALMEIRAS. 11 de abril de 2013. RelacionadasLeila Pereira rebate Landim: ‘Palmeiras ganhou Libertadores e Supercopa em grama natural’Antes de jogo com Palmeiras, presidente do Flamengo reclama do sintético: ‘Desvantagem’Endrick revela ajustes do Palmeiras no intervalo e reforça que Abel ‘sempre sabe o que fazer’PALMEIRAS 1 x 0 LIBERTAD. ESCREVE […]

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UMA DAS MAIORES MENORES VITÓRIAS DO PALMEIRAS.

11 de abril de 2013.

PALMEIRAS 1 x 0 LIBERTAD.

ESCREVE PAULO JÚNIOR

Ensaio sobre a insanidade

Imagina um roteiro do Saramago onde um cara chamado Charles faz um gol diante dum estádio municipal entupido de gente e todo mundo começa a pular e abraçar e beijar descaradamente, tão loucos que deixam as arquibancadas cantando músicas de campeão mesmo estando a nove jogos dum título que está tão longe como ir da praça Charles Miller até o Mundial de Clubes no Marrocos a pé, mas mais perto que há noventa minutos atrás, alguém disse, sabiamente, ainda no portão principal do Pacaembu.

  • Quero o Corinthians, eles têm medo da gente em Libertadores.

Se em algum dia desse calendário o catadão do Gilson Kleina já teve um time-base, tenho certeza em afirmar, sem saber direito como seria esse onze ideal jamais idealizado, que nem de longe o professor alviverde já havia imaginado jogar com os times que vêm jogando, essa eterna peneira com uma placa ‘há vagas’ no vestiário um do Paulo Machado de Carvalho.

  • Quero o Atlético-MG, eles não têm experiência internacional.

E que me desculpem nossos maiores artistas, de Ademir da Guia a César Sampaio, de Leivinha a Evair, mas a Academia está em reforma e hoje é praça de operários da maior qualidade. Não bastasse o escrete ser o filet mignon da raça, do coração na ponta da chuteira e de todos esses clichês que vão de carrinho na lateral a socos no distintivo ao final do jogo, a torcida é um marido traído carente que se apaixona até por foto três por quatro.

  • Quero o São Paulo, é a hora da gente se vingar deles.

Esse Palmeiras x Libertad começou ainda no começo de uma noite de novembro passado, quando fomos rebaixados – de novo – em plena via Dutra, o Clóvis Rossi mudou de time (aliás, torço pra que ele estivesse vendo um tape do Barcelona na última noite) e tudo caminhou pra uma melancolia que foi de troca do centroavante pelo nada a DESPREZO pela Copa Libertadores. É isso. A prioridade é a segunda divisão, diz a primeira linha do arquivo de excel do presidente.

  • Quero o Grêmio, quero que o Barcos venha ao Pacaembu.

Mas contrariando os clichês o Palmeiras se via a uma vitória da tão sonhada segunda fase, o mata-mata mais temido de todo esse faroeste. E o que se viu foi um circo insano mergulhar numa onda de completa hipnose de trinta e cinco mil cabeças descontroladas, sem direção nem sentido.

  • Quero o Fluminense, eles não aguentam com a gente.

E não sejamos hipócritas de dizer que queríamos vida fácil – aqui vai mais um clichê dos meus favoritos, a de que tudo que é sofrido é mais gostoso – mas não imaginei que o gol da vitória, a sonhada goleada de um a zero, sairia de um chute errado que para no pé dum volante passeando na grande da área como quem não quer nada. Ele solta o pé, a bola passa por baixo do goleiro e tudo se apaga.

  • Com essa atitude, se tiver que pegar equipe brasileira, não vamos ter receio.

Ainda faltam umas duas horas pro fim do segundo tempo. Dá tempo de um dos nossos tortos ser expulso. O jogo caminha com a mesma loucura da hora que começou, mas o relógio anda devagar. A massa segue completamente maluca, gritando o hino como se fosse a última vez, chutando os degraus, agonizando. O time segue atrás da bola como se fosse um vale prato de comida vitalício. E ao fim, o placar magro mais gordo desse Palmeiras sadomasoquista vira comemoração de título, toma as ruas, rouba vozes, arranha gargantas e gasta cervejas.

Pra acordar com uma receita tarja preta ou só com a certeza que uma, mais uma, ao menos mais uma noite dessas nesse torcer prum Palmeiras que tem dado tão pouco, está garantida. Contra quem for, já se sabe como se quer que seja.

Estreamos no mata-mata,

Paulo Silva Junior.

ps.: as frases em itálico são as pescadas dos comentários dos torcedores do Palmeiras após o jogo e não levam em conta nenhuma possibilidade real dos confrontos acontecerem; a última delas é do técnico Gilson Kleina, na entrevista coletiva depois do 1 a 0.

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Amarcord: uma das mais palmeirenses vitórias de um dos times menos palmeirenses https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/amarcord-uma-das-mais-palmeirenses-vitorias-de-um-dos-times-menos-palmeirenses/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/amarcord-uma-das-mais-palmeirenses-vitorias-de-um-dos-times-menos-palmeirenses/#respond Thu, 11 Apr 2019 23:50:47 +0000 https://nossopalestra.com.br/2019/04/11/amarcord-uma-das-mais-palmeirenses-vitorias-de-um-dos-times-menos-palmeirenses/

Faz 6 anos esta noite. Parece que sempre será assim. O texto que publiquei ainda na cabine de rádio do Pacaembu. RelacionadasAlicia Klein cita ‘Era Abel’ e coloca técnico como maior da história do Palmeiras: ‘Sem dúvidas’Palmeiras volta para Arena Barueri e 2024 vira ano com mais saídas do Allianz ParqueOpinião: ‘Quem melhor que o […]

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Faz 6 anos esta noite.
Parece que sempre será assim.

O texto que publiquei ainda na cabine de rádio do Pacaembu.

LEIA. AINDA MAIS DEPOIS DE ONTEM À NOITE

Uma das maiores vitórias de um dos menores times do Palmeiras. Mas um dos mais verdes times que já vi em 40 anos de Palmeiras e de Pacaembu. De Porcoembu.

O Palmeiras ainda está longe de ser campeão. Mas não está distante de voltar a ser Palmeiras.

Uma das maiores celebrações que senti apenas por uma classificação para a próxima fase que poucos esperavam pela fragilidade de elenco limitado em qualidade e quantidade. Sem quatro titulares. Sem quatro atletas não inscritos. Sem 11 disponíveis. Sem grande qualidade técnica. Sem notável organização tática – natural para um time que precisa mudar a cada jogo.

Mas com uma torcida que jogou no 35.000-4-2-3-1. Por vezes um 35.000-4-1-4-1. No início, um 35.000-4-4-2. Com a infantil expulsão de Wesley, aos 16 do segundo tempo, um 35.010-0-0. Ou muito melhor: Os 16 milhões de palmeirenses tirando com os pés de Prass um gol certo do bom e catimbeiro time paraguaio, aos 31 finais. Quando milhares cantando o Hino verde no meio da pressão paraguaia oravam por milhões vigilantes pelo mundo.

Com a confiança que o imenso espírito de porco, periquito e Palestra que permeou o Pacaembu na quinta-feira de resgate do torcedor. O Palmeiras não passou apenas de fase. Fez um ritual de passagem para um lugar que parecia perdido no coração, na cabeça, na memória.

O Palmeiras passou ao passado. Voltou ao futuro. Deu um presente ao torcedor que deu ao time limitado vida. Velocidade com Vinicius – o nome do jogo, quem diria. Vitalidade com Mauricio Ramos – que partida. Vida com uma equipe que se doou. Se doeu. Deixou de ser danada e acendeu uma vela na escuridão dos últimos tempos do Palestra.

O time que perdeu um gol fácil com Juninho por que ele é lateral, não centroavante, a um minuto do segundo tempo. Que quase fez um gol de calcanhar com Marcelo Oliveira que não é artilheiro, aos três. Que quase fez outro com Márcio Araújo que não é de frente, aos quatro. Que fez um gol de sorte num chute torto de Wesley com desvio para o pé ruim de Charles, aos oito do segundo tempo.

O Charles Anjo 28, sugere o colega Alexandre Petillo. O Charles do gol que o Calabar, o Cecchini, o Zuccari, o Alemão, o Paulo Sapo e tantos chutaram junto. Junto com a zica.

Sorte que o Palmeiras não sabia o que era desde quando fazia as coisas direito. Sorte de cada palmeirense que ficou com lágrimas nos olhos. Ou molhando o teclado. Não vou contar quem fui.

Desde a derrota para o Goiás, na Sul-Americana, no Pacaembu, em 2010, o que se via era o palmeirense macambúzio. Com aquela sensação de que daria tudo errado. E dava. E não dava mais para nada.

Quando Wesley foi expulso, quando o time mais estruturado, mais entrosado, menos desfalcado do Libertad veio pra frente, pra cima do Palmeiras, não houve mais aquela sensação de que vai dar tudo errado dos últimos anos. De que não tem mais jeito. De que não tem mais Palestra.

A emoção que o palmeirense viveu foi de felicidade. Não de tensão. Ele sabia que, desta vez, a bola deles não iria entrar mesmo com a pressão. Não teria gol de Vagner Love para rebaixar o time no final. Não teria gol no fim do Fred para dar título brasileiro ao rival. Não teria os adversários ficando até com dó de zoar. Não teria mais depressão.

Tinha Palmeiras com um time limitado sendo defendido por uma paixão ilimitada. Tinha Palmeiras em noite de Pacaembu e Palestra.

A mesma emoção que senti há 40 anos quando vim a este estádio pela primeira vez com meu pai sinto agora na primeira grande vitória sem meu pai ao meu lado. Era hoje o jogo para ligar berrando para ele na hora do gol que José Silvério narrou ao meu lado, na transmissão na cabine da Rádio Bandeirantes. Era o jogo para mandar torpedo para meus filhos com um G e 1993 letras O na hora do gol.

Mas a transmissão em HD no Pacaembu trava o sinal do celular. A minha operadora opera mal nesta região. Torpedo e whatsApp não funcionam com a rede wi-fi bugada.

Eu não tinha como me conectar com minha noiva com quem me caso daqui um mês exato. Com minha Silvana triste por que não conseguiu vir ao Pacaembu. Ela que só viu um jogo no estádio quando o futuro sogro dela foi homenageado pelo Santos e pelo Palmeiras na Vila Belmiro, na semana em que morreu, em 2012. Ela que veio ao Pacaembu na despedida e no amém de São Marcos, na semana seguinte.

Ela que queria ver o Palmeiras sendo Palmeiras hoje. Mas que não pôde. Ela trabalhava. Eu estou trabalhando. Não pude trazer meus Luca e Gabriel ao estádio. Não pude levar minha nova filhota Manoela ao Pacaembu. Não pude me conectar com meus amores com a bola rolando e os palmeirenses ralando.

Mas nosso amor nos fez estar unidos. Juntos. Conectados pelo amor, não pela tecnologia.

Como aquele cara lá de cima que me fez palmeirense.

Aquele pai que, hoje, agora, e sempre, deve estar conversando com Waldemar Fiume, Junqueira, Romeu, Heitor e tantos palestrinos. Celebrando como o Palmeiras foi palmeirense hoje. Ainda que não vá longe na Libertadores, e não deve ir mesmo, ele voltou fundo no carinho. No respeito.

Tanta festa e emoção por uma vitória apertada contra um time paraguaio na fase de grupo da Libertadores?

Sim. Como tenho milhões de emoções por um sorriso dos meus filhos, por um beijo da minha Sil.

Amor é isso.

Infelizmente, quem não ama não sabe.

Obrigado, Babbo, por ter colocado o Charles dentro da área naquela bola.

Obrigado, Babbo, por te me ajudado a ser jornalista há 26 anos.

Obrigado, Babbo, mais que tudo, por te me ensinado a amar.

Por ter me ensinado Palmeiras.

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