Arquivos tag-SP-85 - Nosso Palestra https://nossopalestra.com.br/assunto/tag-sp-85/ Palmeirenses que escrevem, analisam, gravam, opinam e noticiam o Palmeiras. Paixão e honestidade. Tue, 07 Aug 2018 12:53:00 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.2 Família Palmeiras: o jogo que João Paulo ganhou pelo rádio do pai https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/familia-palmeiras-o-jogo-que-joao-paulo-ganhou-pelo-radio/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/familia-palmeiras-o-jogo-que-joao-paulo-ganhou-pelo-radio/#respond Tue, 07 Aug 2018 12:53:00 +0000 https://nossopalestra.com.br/2018/08/07/familia-palmeiras-o-jogo-que-joao-paulo-ganhou-pelo-radio/

João Paulo jogava na base do Corinthians em 1985. Segundo volante. Tinha 9 anos. E não lembrava o Paulista de 1976, quando ele tinha cinco meses e o clube onde jogava só não foi ameaçado de rebaixamento porque não havia mais acesso e descenso. Nem conseguiria lembrar de mais um acesso natural de alegria do […]

O post Família Palmeiras: o jogo que João Paulo ganhou pelo rádio do pai apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>

João Paulo jogava na base do Corinthians em 1985. Segundo volante. Tinha 9 anos. E não lembrava o Paulista de 1976, quando ele tinha cinco meses e o clube onde jogava só não foi ameaçado de rebaixamento porque não havia mais acesso e descenso. Nem conseguiria lembrar de mais um acesso natural de alegria do pai João Faria com mais um título estadual. O palmeirense verde que o fizera palmeirense.

Mas que desde aquele 1976 não tinha qualquer conquista…

“Vai que o menino vira-casaca… O Palmeiras não ganha nada desde o ano que ele nasceu… O menino ainda me joga na base do Corinthians…”.

O filho já sabia o que queria. Era Palmeiras. Mesmo sem saber o que era ser campeão. Não parecia que seria até aquela manhã de domingo, 24 de novembro de 1985. Quando o Corinthians perdeu em Ribeirão Preto para o Comercial. Zebra. Bastava então o Palmeiras vencer o XV de Jaú já sem chances. No Palestra, horas depois.

Eles mal almoçaram na Penha. Pegaram o Chevette marrom que parecia uma pulga e foram ao estádio. Só conseguiram estacionar além das chaminés da Matarazzo. Tentaram ingresso. Não tinha mais. A torcida invadira o Palestra. Ainda conseguiram dois com cambistas. Não precisava. Muita gente entrou sem ingresso. Não tinha cabimento para tanta gente. Oficialmemte foram 27.500. Mas tinham mais de 35 mil.

Não teve cabimento o Palmeiras levar a virada que virou. Um a zero gol de Barbosa. Empate bobo quatro minutos depois. Desempate besta na falha do Paulo Roberto. Ainda deu para empatar com o grande Bacharel. Mas não era o dia, eram os anos de chumbo, não seria a década. Até o promissor Gerson Caçapa bobeou. 3 a 2 para eles. Uma tormenta na cabeça. Uma tempestade no Palestra.

Palmeiras eliminado bisonhamente da semifinal do SP-85. Naquele dilúvio, oficialmente, o jejum passava a ser o maior da história do clube.

“Quando a gente vai ser campeão, pai?”

Não havia resposta na saída encharcada do Palestra cheio d’água e mágoa afundado nas trombetas e cornetas do apocalipse. O presidente Nelson Duque chorou no vestiário. O goleiro Leão disse que o Palmeiras errava demais. O treinador Vicente Arenari afirmou que o time era muito irregular e não merecia mesmo ser campeão.

FATO! Como a torcida não merecia mais uma decepção como aquela.

Seu João comprou uma camisa do Jorginho Putinatti. O primeiro ídolo dele. Um dos meus maiores. O que batia escanteio com os dois pés.

“Depois daquele jogo eu treinava no quintal com o pé esquerdo só pra tentar chutar com as duas como ele”.

Foi o melhor jogador do Palmeiras nos anos 80. O de pés calibrados que chamavam de “pé-frio”… Como?

João Paulo ainda não sabia. E jamais entendi. E o que ele e o pai não sabiam é que depois de tanta chuva na cabeça e a alma alagada pela eliminação, ainda tinham os ônibus para jogar cortina de água das poças no corpo empoçado que chegou enlameado ao Chevette. Ainda mais alagado pelo vidro quebrado só pra levar o Motorádio do carro.

João Paulo queria sentar na frente como ainda podia naqueles anos sem cinto e sem segurança infantil. Mas ele também queria usar a camisa nova para não se molhar ainda mais no banco encharcado. O pai não deixou.

“Senta atrás. Não suja a camisa nova”!

Não sujou. Nem chorou. O pai não deixou que ele saísse arrasado como o pequeno estava. Resolveu levantar a bola do filho e do Palmeiras. Já que não tinha mais rádio para ouvir o Fiori Gigliotti na Bandeirantes, o pai resolveu imitar o fim de jogo pelo rádio. E inventou um jogo na voz de Fiori. Inventou o empate por 2 a 2. “Anulou” o terceiro gol do XV. E ainda fez um terceiro. De falta. De Jorginho. De pé esquerdo.

Assim foram até a Penha. Inventando no rádio o que o Palmeiras não sabia mais criar em campo. Fazendo por Fiori o que o Verdão não mais cultivava e nem colhia nos campos.

Em 1986 eles também estavam no Morumbi contra a Inter de Limeira. Não teve jeito. Só choro.

Hoje, quando João Paulo vai ao Allianz Parque com o sobrinho Gian Lucca, não tem mais Jorginho para bater escanteio com os dois pés. Nem rádio para bolar uma outra história perdida.

Mas o sentimento segue o mesmo. Até as derrotas têm um sabor tamanho família no Palmeiras.

O post Família Palmeiras: o jogo que João Paulo ganhou pelo rádio do pai apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>
https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/familia-palmeiras-o-jogo-que-joao-paulo-ganhou-pelo-radio/feed/ 0
Amarcord: Palmeiras 3 x 0 Novorizontino, SP-17 https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/amarcord-palmeiras-3-x-0-novorizontino-sp-17/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/amarcord-palmeiras-3-x-0-novorizontino-sp-17/#respond Sat, 17 Mar 2018 10:40:15 +0000 https://nossopalestra.com.br/2018/03/17/amarcord-palmeiras-3-x-0-novorizontino-sp-17/

O Novorizontino empatou com a Portuguesa no Canindé uma hora antes do final de Palmeiras x Ferroviária (já eliminada), no último jogo da fase semifinal do SP-90. O Verdão de Telê Santana só precisava vencer no Pacaembu para se classificar para a final que seria contra o Bragantino de Luxemburgo. RelacionadasVeja quem Palmeiras enfrenta pela […]

O post Amarcord: Palmeiras 3 x 0 Novorizontino, SP-17 apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>

O Novorizontino empatou com a Portuguesa no Canindé uma hora antes do final de Palmeiras x Ferroviária (já eliminada), no último jogo da fase semifinal do SP-90.

O Verdão de Telê Santana só precisava vencer no Pacaembu para se classificar para a final que seria contra o Bragantino de Luxemburgo.

Preciso dizer que não saiu do zero em 581 chances? E ainda perdeu um gol feito com o zagueiro Aguirregaray, lá pelos 947 minutos do segundo tempo, mandando a bola na trave de Narciso? Preciso lembrar que bestas do apocalipse verde ainda mancharam e depredaram a galeria de troféus no Palestra, logo depois?

Mas lembro que saí com amigos perdido ao final do jogo empatado no Pacaembu. Vi o nosso desespero na arquibancada em frente às numeradas. O jogo todo meio que achava que não sairia o gol. Meio que sabia que me perderia. Mais ou menos como estava debaixo do placar do portão municipal, deixando o estádio, e vendo outros idiotas querendo arrancar o alambrado com as próprias patas.

Quando vi uma camisa verde ainda pegando fogo. Corri até ela e apaguei com os pés a chama que já estava se apagando. Como o nosso Palmeiras. Não a nossa paixão.

Peguei aquela camisa que estava mais preta de esturricada que verde de Palmeiras. E a levei nas mãos como troféu de mais uma eliminação dolorida daquele Palmeiras tão pouco Palmeiras. O do XV-85, Inter-86, Bragantino-89, e, desde aquela noite dolorida, o combo Ferroviária e Novorizontino-90.

Já na rua, um espírito de porco como eu me chamou de corintiano. Imaginando que eu ateara fogo à nossa única pele. Nem retruquei como deveria. Como explicar a ele algo inexplicável? Como falar para quem queimou nosso manto que isso não se mata? Como zurrar para quem maculou nossa sala de troféus que só a nossa história sobrava então naqueles dias sem futuro?

Há um ano, no mesmo lindo Pacaembu de sempre, pelo SP-17, o Novorizontino perdeu por 3 a 0 para o Palmeiras que criou 16 chances. Willian fez o primeiro num chute errado do então sempre tão certo Tchê Tchê. Borja fez o segundo de canhota numa bomba de raiva como a minha em 1990. Dudu fez o terceiro coroando ótimo segundo tempo do melhor time e de melhor campanha em 2017.

Algo impensável em 1990. Ou mesmo 2014. Quando não quebraram salas de troféus por eles estarem guardados. Quando o time não caiu mais uma vez por esses sortilégios que existem no futebol.

Como quebrar troféu. Queimar camisa. E, em 1990, achar que Telê não era o treinador para o Palmeiras…

Jamais vou esquecer aquele ano. E só entendi em 12 de junho de 1993 como foi “bom” perder tanto para ganhar tudo aquilo desde então.

Mas isso é fácil olhando para o passado. Duro em 1990 era olhar o presente e não enxergar o futuro. Como em 2014.

Virou o jogo. Viramos. Voltamos.

Venha por tudo que ele pode fazer agora. Venha pelo nada que podíamos fazer então.

Aproveite e curta. E leve jogos como esse para sempre.

PALMEIRAS 3 X 0 NOVORIZONTINO SP-17 – QUARTAS DE FINAL, JOGO DE VOLTA Sexta-feira, 7 de abril de 2017

Pacaembu. 21h

Árbitro: Flávio Rodrigues de Souza (SP)

Assistentes:  Alex Ang Ribeiro (SP) e Eduardo Vequi Marciano (SP)

Público: 24.548 pagantes (29.145 total)

Renda: R$ 1.031.020,00

Palmeiras: Fernando Prass; Fabiano, Mina, Edu Dracena e Zé Roberto; Felipe Melo (Thiago Santos); Willian (Michel Bastos), Tchê Tchê, Guerra e Dudu; Borja (Alecsandro)

Técnico: Eduardo Baptista

Novorizontino: Michael; João Lucas, Diego Sacoman, Domingues e Moacir; Eder (Railan), Doriva, Henrique Roberto, Roberto (Alexandro) e Fernando Gabriel; Everaldo (Rodrigo)

Técnico: Silas

Gols: Willian, aos 32 minutos do primeiro tempo; Borja, aos 23, e Dudu, aos 43 minutos do segundo tempo

https://youtu.be/OXEFOLkIMw8

O post Amarcord: Palmeiras 3 x 0 Novorizontino, SP-17 apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>
https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/amarcord-palmeiras-3-x-0-novorizontino-sp-17/feed/ 0
Amarcord: Palmeiras x Ituano, SP-14 https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/amarcord-palmeiras-x-ituano-sp-14/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/amarcord-palmeiras-x-ituano-sp-14/#respond Sun, 11 Mar 2018 12:59:47 +0000 https://nossopalestra.com.br/2018/03/11/amarcord-palmeiras-x-ituano-sp-14/

Semifinal do SP-14. Jogo único. Palmeiras tinha melhor campanha. Até jogou melhor, no Pacaembu. Mas… RelacionadasEquipes Sub-15 e Sub-17 do Palmeiras vencem Flamengo-SP pelo PaulistãoVeja quem Palmeiras enfrenta pela terceira fase da Copa do BrasilPalmeiras vence Flamengo-SP na estreia do Paulistão Sub-20O texto que escrevi no meu blog, à época no LANCE! “Na Vila Belmiro, […]

O post Amarcord: Palmeiras x Ituano, SP-14 apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>

Semifinal do SP-14. Jogo único. Palmeiras tinha melhor campanha. Até jogou melhor, no Pacaembu. Mas…

O texto que escrevi no meu blog, à época no LANCE!

Na Vila Belmiro, de fato, não estão de volta os anos 80. Ou, talvez, esteja de volta a temporada 1984. 1983. Algo do tipo.

Embora, de fato, essa turma 96, 97, 95, esteja muito bem. Mantendo o DNA da multiplicação dos peixes e dos gols na Baixada. Peixinhos filhos de peixes graúdos. Santistas de berço e da base que trocam os nomes e mantêm os números. É Stefano Yuri. É Diego Cardoso. É um monte de garotos que chegam chegando no time de cima. Fazendo o Santos ainda mais favorito para a decisão do SP-14 contra o Ituano que eliminou o Palmeiras como se fosse um XV de Jaú de 1985. Uma Inter de Limeira de 1986. Um Bragantino em 1989. Um… zero a mais no débito palmeirense contra equipes do interior. E inferiores.

O Ituano se fechou no primeiro tempo. Quando viu que o Palmeiras sem Valdivia, Alan Kardec e Prass não era tão feio, foi pra cima. E ganhou. Fazendo o palmeirense que encheu o Pacaembu se sentir de volta aos anos 80. Parecia tocar só New Order no sistema de som. O busão azul e branco da CMTC parecia ser a única solução de saída. A camiseta da OP rasgada. As imprecações contra Darinta, Paulo Roberto, Mané, Ditinho, Otávio e Bandeira, os soluços de tantas tardes perdidas. De tantas noites só de sonhos. Sem sono.

Meu caçula se disse pé-frio. Eu disse a ele que todos somos quando perdemos. Todos somos quentes quando vencemos. Ele sabe disso. Embora tenha vezes que a gente parece não saber mais nada. Como o palmeirense de não mais de 8 anos que só chorava depois do gol do Ituano. Ele só chorou. Não entendi uma palavra. Ele não entendia nada daquilo. A boa campanha no Paulista perdida em um mau dia de azares.

Como tantas vezes nos anos 80 palmeirenses. Ou tantas nos anos 90 santistas. Anos 60 são-paulinos. Anos 60 e parte dos 70 corintianos. 70 e 80 botafoguenses.

As filas são todas iguais. Mudam os anos, as cores, não os credos e mantras:

– Agora vai!

E não foi.

Não é fila palmeirense. Mas é doída como tal. E, infelizmente, pareceu fila a derrota na semifinal paulista. Daquelas derrotas que os adultos não sabem explicar. Que os jovens só sabem chorar.

Mas que todos nós sabemos que é assim que se cresce. Que se aprende. Que se vive. Que se ama. Que se torce.

Muita gente deve ter prometido não voltar mais ao estádio.

Serão os muitos que lá estarão de volta quando a bola rolar.

É da vida. É do jogo.

Dói muito, meus caros. Eu sei. E senti tudo isso deixando o Pacaembu sem muita explicação e papo com meu caçula. Mas é nessa hora que lembro quantas vezes não deixei o Palestra assim, em 1985 contra o XV de Jaú. O Pacaembu assado, em 1990, contra a Ferroviária. O Morumbi frito, em 1978, contra o Guarani.

E sei que lá estava de volta no jogo seguinte do campeonato seguinte. Me perguntando de novo o porquê daquela derrota. O porquê de novo desafio.

Logo entendendo todas as respostas quando eu via 10 camisas verdes entrando em campo. Mal sabia os nomes daqueles caras que as vestiam. Mal querendo vê-los nem pintados de verde e branco. Mas sempre achando que...

agora, vai!

Pode até não ir.

Mas eu sei que você vai voltar ao estádio.

Eu vou. Minha família vai. Como o meu caçula foi para a escola hoje com a mesma camisa verde de ontem. A campeã da Copa do Brasil 2012. A mesma que caiu no final daquele ano. A mesma que amo mais a cada ano.

É assim que acreditamos. Até quando nem a fé parece acreditar.

É assim que torcemos. Palmeirenses e fiéis e infiéis de outros credos.

É essa a divina lição do futebol.

O post Amarcord: Palmeiras x Ituano, SP-14 apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>
https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/amarcord-palmeiras-x-ituano-sp-14/feed/ 0
O Palmeiras faz chover https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/o-palmeiras-faz-chover/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/o-palmeiras-faz-chover/#respond Wed, 07 Feb 2018 16:36:02 +0000 https://nossopalestra.com.br/2018/02/07/o-palmeiras-faz-chover/

Atire o primeiro Kichute encharcado quem não amava jogar bola na chuva. Tire da carteira sua carteirinha de sócio-torcedor quem não tem lindas e aguadas histórias de jogos sob tormenta para lembrar. Em 28 de janeiro de 1951, o Paulista do Ano Santo de 1950 foi conquistado no Pacaembu no célebre Jogo da Lama, em […]

O post O Palmeiras faz chover apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>

Atire o primeiro Kichute encharcado quem não amava jogar bola na chuva. Tire da carteira sua carteirinha de sócio-torcedor quem não tem lindas e aguadas histórias de jogos sob tormenta para lembrar.

Em 28 de janeiro de 1951, o Paulista do Ano Santo de 1950 foi conquistado no Pacaembu no célebre Jogo da Lama, em arrancada sensacional do Verdão em busca de título que parecia perdido. O Choque-Rei da foto do Jair Rosa Pinto pilhando o Palmeiras na conquista do estadual contra o São Paulo. Título que nos deu o direito de jogar e ganhar a Copa Rio de 1951. O gol de empate e do campeonato foi de Aquiles, em grande lance de Jair. Aos 15 do segundo tempo, Jajá driblou as poças do Pacaembu depois de receber de Rodrigues Tatu e bolou o lance que o goleiro Mário não conseguiu segurar. A bola ficou próxima a ele, parada na poça e na lama. Mas distante o suficiente para a flecha Achilles chegar primeiro e inundar a rede adversária. Gol da lama e de grama, gol da poça e do Palmeiras, da raça e da graça do Jair verde.

A chuva valeu caneco em 1951. E já vi virar jogo em 1983. Noite de sábado com 47 mil palmeirenses no Morumbi para ver a estreia de Batista com a camisa 5. Volante do Grêmio e do Brasil em 1978 e 1982. Primeiro tempo igual e sem gols contra o Bahia. Até um temporal fazer a arquibancada virar mar. E a torcida esquentar vibrando e cantando para fugir da água fria. Foram 15 minutos de “Palmeiras” pulando e pulsando. Suficientes para, em 19 minutos de segundo tempo, o Palmeiras de Rubens Minelli marcar quatro gols. O primeiro com o nosso maior zagueiro – Luís Pereira. O segundo com um craque sonado que acordou com o grito somado – Enéas. Mais dois de Seixas. Mas foram mesmo quatro pela torcida que esquentou o jogo amarrado pela tromba d’água no Morumbi.

(Os gols de 1983 você vê abaixo).

https://youtu.be/sTFlKzCPhOY

Chuva que nos deu goleada em 1983, chuva que nos atrapalhou na derrota para o XV de Jaú, em 1985. Era só ganhar no Palestra para se classificar para a semifinal do Paulista. O Corinthians perdera jogo imperdível na manhã daquele domingo contra o Comercial, em Ribeirão Prato. O Palmeiras desenganado passou a depender apenas dele, à tarde, no Palestra. Eu ainda consegui ingresso. Mais de 30 mil não precisaram dele. O estádio foi tomado por uma torcida que o invadiu sem tíquete em um dos maiores públicos da história. Não computado. Muito menos processado pela tempestade que caiu sobre nossas cabeças e sobre nosso time.

(Trecho do documentário 12 DE JUNHO DE 93 – O DIA DA PAIXÃO PALMEIRENSE, dirigido por Jaime Queiroz e Mauro Beting).

https://youtu.be/ae-sVmHKiZw

Perdemos de virada por 3 a 2. No apito final já com algum sol, oficialmente passamos a viver então a maior fila de títulos do clube (que perduraria até 1993). Ninguém processou o clube pela chuva, pelo time, pela derrota, pela fila, pelo ingresso não cobrado, pelo estádio invadido. Eu fiquei meia hora olhando o gol da piscina debaixo do placar eletrônico (atual Gol Norte). Na mesma pose em que o goleiro reserva Martorelli ficou no banco.

Olhávamos para o infinito. Ou pior: para o inferno.

Dizem que choveu. E não foi pouco. Mas juro. Debaixo do placar, não lembro ter ficado ensopado como fiquei. Não lembro como meus amigos voltaram para casa encharcados pela enxurrada que nos levou. Não lembro um pingo de chuva. Só as lágrimas secas da derrota absurda.

Lembro sempre como ganhamos na água e na marra o jogo do Bahia em 1983. Como a mágoa e o barro do XV de Jaú não seca depois de 32 anos.

E mesmo defendendo o direito do cliente ao lugar marcado e não molhado no Allianz, como já publiquei a respeito em texto anterior, ainda vou lembrar com mais gosto os desgostos do cimento por vezes amaldiçoado do velho Palestra. O cheiro da casca do amendoim molhado na imagem do amigo Rodrigo Barneschi na nossa casa. As galochas do Bindi, as chagas do Iamin, os chatos de galocha das arenas e dos Parques.

Não quero ficar molhado pagando tão caro. Mas não tem preço misturar as lágrimas de chuva com aquela rede estufada pelo Evair no Derby de 1992, levantando cortina de água quando beijou a rede lateral, no gol da vitória de falta.

(O gol de Evair no SP-93).

https://youtu.be/0Wy2i7fAw60.

Aquele gol da lama que nunca vimos e sempre ouvimos em 1951.

Todos aqueles jogos em que aprendemos como ser o que somos na chuva e no barro. Não nas barras e nos berros dos tribunais.

Deixa chover, Palmeiras.

O post O Palmeiras faz chover apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>
https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/o-palmeiras-faz-chover/feed/ 0