Opinião

JG Falcade: 'O inquebrável Palmeiras de Abel Ferreira e o assassino do bom futebol'

É uma exemplo a ser seguido na rotina de cada um de nós. A nunca desistir, a ter foco, entrega, determinação e acreditar no 'vosso talento'

Corinthians e Palmeiras, em Itaquera (Foto: Vinicius Nunes/Agencia F8/Gazeta Press)
Corinthians e Palmeiras, em Itaquera (Foto: Vinicius Nunes/Agencia F8/Gazeta Press)

Em 1948, na Colômbia, um homem começava sua jornada no mundo. Ele será lembrado para sempre por ter sido um dos piores e mais cruéis criminosos de todos os tempos. Sem pudores, ele aniquilou mais de 300 vítimas. Sua grande glória foi ser um sujeito asqueroso e que merecia, na realidade, o frio do esquecimento. O demérito eterno.

Em 2022, há no futebol um grande exemplo do que se deve fazer nesse esporte. Humanizando a conduta dos atletas, mostrando que há um coração e suas inseguranças para além do super poder de um jogador. Criando paixão e amor em centenas de milhares de pessoas, ativando em todos nós os melhores sentimentos, a fé no trabalho, a confiança na melhora e o poder do caráter.

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Mas esse trabalho é pragmático, chato, feio. Lembrado por ser ‘só eficiente’, como tiver de ler antes de sentar para escrever este artigo. Esse trabalho que foi chamado de ‘assassino’ do futebol, no começo do ano. Esse mesmo trabalho que é colonizador, ou professoral demais. Que maldita auto-confiança tem esses sujeitos que usam o mesmo termo para definir um desgraçado qualquer e um profissional que pauta seus dias no amor e no caráter.

Como podem, ainda, não entender que Abel e o Palmeiras impõe luta e seriedade dentro de 4 linhas, que lutam sem parar, porque confiam e se cuidam como uma família. Porque direcionam seus esforços para um bem coletivo, que ensinam que para vencer é preciso respeitar o tempo, o trabalho alheio, que evidencia o esforço como parte fundamental da glória. Não é sobre matar o adversário, mas lutar dignamente contra eles.

O que é jogar bem?, perguntou Abel Ferreira ao repórter que o indagava após a vitória no Dérbi. Meu amigo Celso me perguntou na live: ‘Jotinha, o que é jogar bem?’. Respondi a ele que jogar bem era gerir um grupo de pessoas com tamanha sabedoria ao ponto de fazê-los ter concentração e amor à causa por tantos meses, e por tantos dias, e após tantos esforços. Jogar bem era sempre estar habilitado a lutar mais – sem sofrer por isso.

O Palmeiras de Abel é um assassino do futebol ganancioso. É assassino da prepotência, da arrogância e da preguiça. É o assassino do nome ao invés da entrega. É o assassino das frases-feitas a respeito do dinheiro e do sucesso comprado. É assassino da falsa ideia de que só se vence sendo o melhor. É vencendo os melhores. É se doando mais que todos, e no limite do que podemos. É dar o máximo e colher o bom recibo da vida.

Os português do Palmeiras ficam na história como um exemplo de como ser no futebol e também fora dele. Ganhando ou perdendo. Entendo que não limites para quem deseja vencer. E que se falhar tentando, venceu do mesmo jeito. Esse Palmeiras é sobre lição para a vida. É uma exemplo a ser seguido na rotina de cada um de nós. Sem quebrar. A nunca desistir, a ter foco, entrega, determinação e acreditar no ‘vosso talento’.

E não importa, nem hoje, nem nunca, o que digam.

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